Na noite desta terça, 9, representantes da UFMG participam de reunião especial da Comissão da Verdade em Minas Gerais (Covemg) em que será apresentado relatório de atividades com os resultados das pesquisas e depoimentos realizados até o momento. Esta será a primeira reunião de apresentação dos trabalhos da comissão em Minas Gerais, instituída em setembro de 2013, por iniciativa do governo do estado, para buscar e examinar casos de violações de direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988 em Minas ou envolvendo seus cidadãos. Os integrantes da comissão destacam que a sua instituição tem colaborado para “esclarecer os fatos, reconstruir a história, celebrar a memória e a verdade e recomendar a adoção de medidas para que tais violações nunca mais aconteçam”. O relatório que ora vem à tona trará informações sobre sete temas: atentados terroristas praticados pela extrema-direita, mortes confirmadas no chamado “Massacre de Ipatinga”, centros de tortura de presos políticos, casos exemplares de repressão no campo, cassação de representantes políticos, aposentadorias e demissões de servidores públicos e o caso do desaparecimento de Nestor Vera. Parceria com a Universidade A Universidade tem oferecido à Comissão informações orais e documentais e aproximado dela projetos e pesquisas de diversas áreas. Um deles é o Projeto República, que tem repassado à comissão informações sobre assuntos como a participação de camponeses na resistência. A UFMG viveu intensamente a resistência à ditadura instaurada pelos militares em 1964. Nesse sentido, o professor Rodrigo Patto Sá Motta, da Fafich, também pôs à disposição da Comissão o conteúdo de sua pesquisa, que investiga a ação da ditadura no ambiente acadêmico, envolvendo alunos, professores e servidores. Uma das contribuições mais esperadas pelos membros da Comissão da Verdade está relacionada aos dados sobre estudantes atingidos pelo decreto-lei 477, publicado pouco depois do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Ele autorizava processos sumários de expulsão de estudantes universitários e ainda os proibia de ingressar em qualquer outra instituição por três anos.
A UFMG está colaborando com a Covemg no esclarecimento dessas e de outras situações de violação de direitos humanos durante períodos autoritários no Brasil. Um protocolo de intenções, que estabelece as linhas gerais da parceria, foi assinado em setembro deste ano.