"A UFMG quer se tornar ainda mais diversa”, afirma pró-reitor de Graduação

Ao abrir as portas a estudantes de todo o país, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a UFMG pretende estimular a formação de ambiente capaz de ampliar as experiências de seu corpo discente. “Para isso, é fundamental que tenhamos aqui representada essa diversidade geográfica, com pessoas do Brasil inteiro”, afirma o pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi.

Em entrevista ao Portal UFMG, Takahashi comenta que o curso de graduação é um dos poucos momentos na vida em que se tem a oportunidade de conviver com um grande número de pessoas com origens, sotaques e interesses muito diferentes. “Essa passagem de quatro a seis anos consolida muitas coisas para o resto da vida. Aos 90 anos, a pessoa ainda será fortemente influenciada por esse período que passou em alguma universidade”, assegura.

O pró-reitor cita as tradicionais políticas de acolhimento e de permanência de alunos mantidas pela UFMG. "Os estudantes que conseguirem demonstrar esse mérito passando no processo seletivo Enem/Sisu podem vir tranquilos. A UFMG estuda a situação de cada aluno que pede assistência estudantil, procurando viabilizar as condições para que aqui possam ingressar”.

Takashashi destaca que neste ano o processo de avaliação das condições socioeconômicas dos estudantes que pedirem essa assistência será mais ágil. “No mesmo dia do registro acadêmico, eles apresentam a documentação comprobatória da sua situação e já saem sabendo a que tipo de auxílio fazem jus”, explica.

Foto: Luiza Ananda

O que a UFMG ganha com a ampliação da diversidade em seu corpo discente?
Ganha muito. Quanto mais “melhores” estudantes de todo lugar procurarem a UFMG – e aqui faço referência não apenas aos primeiros lugares de cada curso, mas aos 35 mil alunos que estão aqui, a todos os que demonstrarem mérito passando no processo seletivo Enem/Sisu –, a instituição ganha academicamente e de todas as formas possíveis. É muito diferente uma universidade em que estão apenas os mesmos colegas de bairro e de escola, de outra com gente de todo lugar, que fala diferentes dialetos do português, que viveu na Amazônia, nos pampas gaúchos... Para criar um ambiente capaz de oferecer essa diversidade de experiências é fundamental que tenhamos gente de todos os lugares possíveis.

O curso de graduação é um dos poucos momentos na vida da pessoa em que ela vai ter essa oportunidade de encontrar uma diversidade enorme de gente, conviver com pessoas de classes sociais diferentes, de origens diferentes, com sotaques e interesses muito diferentes. Essa passagem de quatro a seis, sete anos consolida muitas coisas para o resto da vida. E aos 90 anos, a pessoa ainda será fortemente influenciada por esse período que passou em alguma universidade.

Que atrativos a Universidade oferece a alunos de outros estados?
O primeiro ponto é a qualidade do ensino da instituição, as oportunidades que vão se abrir para esses estudantes a partir do momento em que estiverem formados. Certamente, a UFMG é uma das melhores no Brasil, com políticas acadêmicas bem planejadas. Temos hoje cursos de excelência, reconhecidos no mercado de trabalho, com visibilidade nacional, que geram uma formação sólida e uma diferenciação profissional. Essa é uma exigência que a UFMG cumpre em um grau que poucas outras no Brasil conseguem. Articuladas com a excelência da formação, há ainda muitas outras oportunidades para o estudante, como participar de projetos de pesquisa ainda na graduação, envolver-se com atividades de extensão e poder dispor de um programa de bolsas acadêmicas diversificadas. Tudo isso contribui para uma formação diferenciada.

Que outros aspectos distinguem a UFMG?
Somos uma das primeiras a desenvolver um programa próprio de intercâmbio internacional bastante robusto, estruturado desde o final dos anos 1990, com parcerias com centenas de universidades estrangeiras que se comprometeram a receber nossos estudantes. Criado pela UFMG há mais de 15 anos, o programa Minas Mundi tem sido muito bem explorado por nossos alunos e possibilitou que uma proporção enorme de estudantes passem uma temporada em outros países, cursando disciplinas em cursos de excelência.

De 2011 para cá, as bolsas do programa federal Ciência sem Fronteiras aumentaram quantitativamente essas oportunidades. Mas, independentemente da disponibilidade de recursos federais, a UFMG vai manter essa política de parcerias estrangeiras, procurando encontrar os locais em que os alunos de cada curso nosso se beneficiariam mais no exterior, para direcionar essa oportunidade de intercâmbio. Claro que a disponibilidade de recursos faz diferença, mas mesmo em um cenário em que não havia muitos recursos, a UFMG já tinha esse programa e usava recursos próprios, possibilitando que estudantes de baixa renda também participassem de intercâmbios internacionais, ainda que número muito menor do que veio a ser disponibilizado depois pelo governo federal. O estudante pode vir para cá com a segurança de que a UFMG tem programa consolidado de intercâmbio internacional, com a garantia de parcerias com instituições estrangeiras, com a garantia de número de vagas acordadas entre os nossos cursos e outras instituições, com correspondências curriculares acertadas previamente.

Outros aspectos também cumprem papel importante na passagem do estudante pela UFMG, como o campus Pampulha, que é agradável e muito bem estruturado. Isso influencia o lado acadêmico, sobretudo para alguém que vai viver aqui quatro, seis anos, pois além de ser fisicamente bem estruturado e atrativo, reúne atividades culturais e de interação que suprem o lado extra-acadêmico que, não devemos subestimar, é de importância central para a formação daqueles que passam por aqui. Além da Pampulha, ainda temos os campi Saúde, de Montes Claros e de Cultura, em Tiradentes, os hospitais universitários, os equipamentos culturais, como o Conservatório e o Museu de História Natural e Jardim Botânico.

Para quem vem morar aqui, nunca é demais lembrar que a cidade de Belo Horizonte, embora não seja turística, é atrativa, tem uma vida cultural e diversidade de oportunidades para fazer coisas interessantes que cidades menores não têm, ao mesmo tempo em que os problemas urbanos típicos das metrópoles maiores e mais complexas são vividos aqui em menor escala.

O estudante que vem de fora pode contar com algum suporte econômico?
O estudante pode se candidatar à assistência estudantil, que supre, pelo menos em parte, as necessidades de recursos enquanto ele estiver na graduação. A UFMG é uma das pioneiras no país na prática da assistência estudantil. A Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) foi criada no início dos anos 1930, partindo do princípio de que a UFMG deveria estar aberta para receber as pessoas que demonstrassem mérito, independentemente de sua condição socioeconômica. A lógica é a de que se a pessoa tem mérito deve ter a possibilidade de cursar a UFMG, e a instituição vai buscar os meios para que isso se viabilize.

A Fump possui um programa assistencial que analisa caso a caso o que cada estudante precisa. Se é de cidade fora da Região Metropolitana de Belo Horizonte, deseja estudar na UFMG e a família não tem condições de sustentar, esse estudante pode se candidatar a uma bolsa auxílio-moradia, que possibilita pagar uma vaga numa república, e pode concorrer também a uma vaga na moradia universitária. Se ele se enquadra na categoria de quem pode receber o auxílio, vai receber um dos dois.

Há recursos, mesmo que a demanda seja bastante ampliada?
Sim. Nos últimos anos, temos recebido do governo federal a verba do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que tem sido suficiente para prover esse tipo de auxílio. Lembro que até 2008 a UFMG não tinha essa verba e arrecadava internamente recursos para possibilitar a manutenção desses programas. Com a chegada de verbas federais, os programas que a UFMG já mantinha internamente foram ampliados.

Está aberta para todos os estudantes de baixa renda a possibilidade de subsídio à alimentação nos restaurantes da UFMG, bolsa de manutenção, que visa suprir outras despesas além de moradia e alimentação, e diversas outras formas de assistência, que podem ser consultadas na página da Fump. Em resumo: a UFMG consegue conceder o auxílio analisando a situação de cada estudante.

O recado que deixamos para os estudantes que pretendem optar pela UFMG - e puderem demonstrar esse mérito passando no processo seletivo Enem/Sisu - é que podem vir tranquilos. A UFMG estuda a situação de cada aluno que pede assistência estudantil, procurando viabilizar as condições para que possa aqui ingressar e permanecer.

Ainda há tempo para o estudante se candidatar a esses benefícios?
Sim, ele somente terá de se candidatar aos benefícios a partir do momento em que fizer o registro acadêmico. Estamos inovando neste ano: pela primeira vez, vamos efetuar, no próprio processo de registro inicial dos calouros, a análise dos pedidos de auxílio. Ou seja, o estudante faz o registro e, na sequência, entrega a documentação comprovando a condição de renda, e já sai sabendo qual auxílio vai receber caso atenda às condições dos programas. Os benefícios começam a valer no início do semestre. Estamos tentando viabilizar as condições iniciais para os calouros se instalarem em Belo Horizonte, independentemente de sua origem geográfica. Caso o estudante faça jus ao auxílio moradia, por exemplo, vai recebê-lo bem no princípio das aulas, seja em forma de bolsa, que será depositada em sua conta, ou terá vaga na Moradia Universitária.

(Ana Rita Araújo)