Andreza Coutinho |
O 9º Festival de Verão da UFMG tem início na noite de hoje (segunda, 9), no Centro Cultural UFMG, que fica na Av. Santos Dumont, 174, centro de Belo Horizonte. A solenidade de abertura terá início às 19h. Às 19h30, serão inauguradas duas exposições: BooM, de Ramanery, e Bonecos, de Cecília Gália Costin. Em BooM, Ramanery trabalha com aquarelas (confira o vídeo), desenhos, fotografias, vídeos e objetos do universo infantil, de forma a sugerir reflexões sobre temas como política, gênero, instituições. Dualidades como masculino/feminino, infância/maturidade são temas da mostra. Em seu trabalho, Ramanery também procura incentivar as ocupações artísticas. “Essa coleção é composta de objetos utilizados em performances ou criados com base nelas. Nesse sentido, a mostra é uma espécie de documentário de performance”, explica o artista. Em Bonecos, Cecília Galia Costin utiliza recortes de papel como referência para a construção de formas humanas. Na exposição (Foto: Cecília Galia Costin), o ser humano, como corpo, surge fragmentado e recortado, “mostrando os vazios que existem dentro de cada um”, sugere a artista. A exposição BooM estará montada no 1º andar do Centro Cultural, no espaço das galerias; Bonecos, por sua vez, ocupará a sala Ana Horta, no segundo andar do edifício. As mostras poderão ser visitadas de 10 a 14 de fevereiro, das 9h às 21h. A entrada é gratuita. Festa corporal Às 20h, o Centro Cultural UFMG vai receber o espetáculo-festa ¡No soy un maricón!, do grupo Toda Deseo, de Belo Horizonte. A peça instiga a discussão sobre as confusões de classificação de gênero próprias à contemporaneidade. “O espetáculo é composto de quatro pocket-shows que contam a história de quatro travestis em busca da fama. São vidas que passam do anonimato à fama, e da fama à decadência”, conta David Maurity, um dos atores da trupe. A montagem aborda questões caras à contemporaneidade, como as transformações do corpo, a multiplicidade de experiências de gênero, o respeito à alteridade, a representação política, a efetividade da democracia e dos direitos humanos, enumera o ator. “Construímos um espetáculo em formato de show, em vez de nos valermos dos palcos usuais. Isso possibilita que o público não apenas esteja fisicamente próximo ao lugar da encenação, mas de fato vivencie a ‘festa’ que ali acontece”, sugere Maurity. A peça tem duração de duas horas e classificação etária de 18 anos. Paralelamente, entre 19h e 23h, a fachada digital do Espaço do Conhecimento UFMG vai se revezar entre duas exposições fotográficas. Na exposição O corpo é uma festa! serão exibidas performances e imagens de obras de Ramanery e Thereza Portes. Já em A língua do corpo, o público entrará em contato com fotos produzidas por surdos sobre a comunicação corporal. O Espaço do Conhecimento UFMG fica na Praça da Liberdade, 700, Funcionários. As exposições permanecem até sexta-feira, 13, sempre das 19h às 23h.
“Meus bonecos são inspirados no teatro de sombras. Contudo, eles são translúcidos, definidos mais por suas linhas de recorte. Essa é uma questão conceitual que eu abordo com os bonecos: a ideia é lidar com o vazio do próprio ser humano.”
A temática desta edição do Festival de Verão – O corpo é uma festa – tem inspiração numa máxima do escritor uruguaio Eduardo Galeano: “O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa”. Já em seu primeiro espetáculo teatral, a programação do Festival demonstra as possibilidades de exploração do aforismo.