Universidade Federal de Minas Gerais

Acervo Projeto Elsa
elsa.jpg
Amostragem de voluntários oferece grande variabilidade étnica, de escolaridade e local de residência

Estudo de longa duração propõe indicadores nacionais de saúde para a população brasileira

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015, às 16h13

Importante indicador de aterosclerose, a espessura da camada média-intimal da artéria carótida não é a mesma em brasileiros e em norte-americanos. Apesar disso, por falta de medidas específicas, o Brasil adota dados importados para definição de valores normal e alterado neste e em praticamente todos os exames clínicos e laboratoriais. Tal prática está prestes a mudar graças ao pioneiro Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa), que leva em conta o perfil da população brasileira, com sua diversidade étnica e cultural.

Indicadores nacionais estão sendo obtidos com base no acompanhamento de 15.105 voluntários, com idade de 35 a 74 anos, em seis centros de investigação – Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Vitória. “Já produzimos uma série de estudos que têm contribuição importante na definição de parâmetros para a nossa população”, anuncia a coordenadora do Elsa em Minas Gerais, Sandhi Maria Barreto, professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina. Só a equipe da UFMG acompanha três mil voluntários.

Segundo ela, diversas medidas por idade e sexo obtidas pelo Elsa-Brasil vão incorporar novos dados e abordagens à prática médica, em áreas como hipertensão arterial, diabetes, enxaqueca, aterosclerose e osteoartrite. Sandhi Barreto esclarece que os escores de risco usados rotineiramente para estimar a probabilidade de desenvolvimento futuro de uma dada doença – como a coronariana – foram gerados por estudos da população norte-americana ou de outros países desenvolvidos, que têm menor miscigenação, composição étnico-social e hábitos alimentares muito distintos.

“As equações de predição de risco importadas eram o melhor que dispúnhamos, mas agora temos condição de verificar a sua adequação para a nossa população e fazer ajustes necessários”, diz Sandhi Barreto. Como exemplos, ela cita parâmetros biológicos como espessura da camada média-intimal da artéria carótida; duração das ondas e intervalos registrados no eletrocardiograma; referências laboratoriais, incluindo hemograma; exames que avaliam a função renal e enzimas produzidas no fígado. Todos podem variar entre grupos populacionais.

“O Elsa pretende contribuir para gerar referências mais adequadas à nossa população”, explica a professora, lembrando que a maior parte do conhecimento nessa área resulta de estudos de grande porte e longo prazo, desenvolvidos em países como Inglaterra e Estados Unidos. Desde 2008, quando iniciou suas atividades, o Elsa-Brasil contabiliza 50 trabalhos publicados – a maioria em revistas internacionais – e o depósito de uma patente de dispositivo que ajuda no estudo e no tratamento da osteoartrite, doença inflamatória e degenerativa das articulações. O dispositivo é fruto do subprojeto Elsa-Musculoesquelético (Elsa-Me), desenvolvido em Minas Gerais por pesquisadores da UFMG [leia na página ao lado].

Ineditismo
O Elsa é o primeiro levantamento epidemiológico longitudinal no país, com população adulta em atividade nos grandes centros e perspectiva de duração de 15 a 20 anos. “É uma pesquisa cara, de longo prazo, que só é possível porque conta com o apoio do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Quanto mais longo for esse seguimento, maior o benefício, pois maior será o conhecimento que esse esforço vai trazer para a saúde como um todo”, ressalta Sandhi Barreto, lembrando que, apesar de bancado com recursos do Ministério, o projeto precisa, a cada etapa, renovar a garantia de financiamento para a fase seguinte. Segundo ela, estudos longitudinais possibilitam acumular uma série de informações, até mesmo aquelas que não parecem ter significado clínico, mas que podem ser importantes do ponto de vista de predição e de risco para alguma doença.

A coordenadora do estudo na UFMG explica que a amostragem oferece variabilidade suficientemente grande em termos de composição étnica, escolaridade e lugar de residência, de modo que as várias diferenças existentes no país estão representadas no estudo. Do ponto de vista acadêmico, além de gerar teses e dissertações, o Elsa tem estabelecido importantes colaborações internacionais.

“Temos apresentado o projeto em congressos e eventos e já recebemos aqui em Minas pesquisadores de países como Estados Unidos e Holanda interessados em comparar seus dados com os nossos e verificar as diferenças entre populações”, diz a professora.

Com o compromisso social de gerar conhecimento inovador e contribuir para o avanço da saúde pública no país, o Elsa-Brasil busca identificar fatores que influenciam mudanças no estado de saúde, em especial na condição cardiovascular e metabólica. Os artigos já publicados ou em andamento analisam a grande base de dados do programa e oferecem informações para que novas abordagens sejam incorporadas à prática médica.

É o caso da medida do espessamento das artérias carótidas no pescoço, usada para determinar o grau da doença cardiovascular aterosclerótica em sua fase subclínica, isto é, quando ainda não produz sintomas. Artigo publicado na revista Atherosclerosis revela a informação inédita da distribuição dessa medida na população brasileira. De acordo com os autores do trabalho, com essas informações, os exames realizados na prática clínica utilizarão o padrão nacional, e não mais o americano.

Quatro artigos produzidos no âmbito do Elsa-Brasil tiveram como objetivo entender melhor fatores associados à enxaqueca, problema que atinge 15% das mulheres e 7% dos homens. Outros estudos revelaram que o brasileiro controla muito mais a hipertensão do que se supunha. “Mas há diferenças na população, precisamos ainda analisar por que alguns têm mais dificuldade nesse controle e quais as características de cada grupo”, esclarece a coordenadora.

Detector de artrose
Criado pela equipe do Elsa em Minas Gerais, o subprojeto Elsa-Musculoesquelético investiga a osteoartrite – também conhecida como artrose – de joelhos e mãos e a dor musculoesquelética em três mil participantes. O trabalho já rendeu depósito de patente e está investindo no desenvolvimento de software, a fim de estabelecer parâmetros, correlações e atlas de medidas para a população brasileira que terão amplo uso na clínica médica.

“Trata-se de suporte de acrílico utilizado para retificar a posição e permitir que se faça a medida mais correta do joelho e, com isso, facilitar a percepção sobre a possível existência de osteoartrite”, explica a professora Sandhi Barreto, uma das autoras do estudo que resultou na patente. O dispositivo patenteado substitui o modelo norte-americano, usado apenas em pessoas com estatura superior a 1,60m.

Nas entrevistas com os voluntários, são coletadas informações sobre presença de dor em diversos locais do corpo, enquanto um teste conhecido como “levanta-senta-levanta” avalia a força nas pernas. O exame radiográfico das mãos e joelhos identifica a presença de alterações compatíveis com osteoartrite.

“A dor ósseo-muscular e a osteoartrite estão entre os problemas mais sérios de saúde, porque reduzem muito a qualidade de vida dos indivíduos. Além de serem de alta prevalência, em geral vão se agravando com a idade”, relata a professora. O projeto obteve financiamento da Inova-Incubadora da UFMG, pois, apesar de simples, continha potencial de inovação e de utilidade.

O software que o grupo está desenvolvendo vai ajudar a padronizar a leitura dos dados obtidos pelo dispositivo. O programa deve identificar o tamanho do espaço articular dos joelhos, que diminui com o agravamento da doença. De acordo com a pesquisadora, o software possibilitará uma medição semiautomatizada desse espaço, até então verificado manualmente. O novo processo tende a diminuir o tempo de mensuração e o risco de ocorrência de erros.

(Ana Rita Araújo/Boletim 1891)

05/set, 13h24 - Coral da OAP se apresenta no Conservatório, nesta quarta

05/set, 13h12 - Grupo de 'drag queens' evoca universo LGBT em show amanhã, na Praça de Serviços

05/set, 12h48 - 'Domingo no campus': décima edição em galeria de fotos

05/set, 9h24 - Faculdade de Medicina promove semana de prevenção ao suicídio

05/set, 9h18 - Pesquisador francês fará conferência sobre processos criativos na próxima semana

05/set, 9h01 - Encontro reunirá pesquisadores da memória e da história da UFMG

05/set, 8h17 - Sessões do CineCentro em setembro têm musical, comédia e ficção científica

05/set, 8h10 - Concerto 'Jovens e apaixonados' reúne obras de Mozart nesta noite, no Conservatório

04/set, 11h40 - Adriana Bogliolo toma posse como vice-diretora da Ciência da Informação

04/set, 8h45 - Nova edição do Boletim é dedicada aos 90 anos da UFMG

04/set, 8h34 - Pesquisador francês aborda diagnóstico de pressão intracraniana por meio de teste audiológico em palestra na Medicina

04/set, 8h30 - Acesso à justiça e direito infantojuvenil reúnem especialistas na UFMG neste mês

04/set, 7h18 - No mês de seu aniversário, Rádio UFMG Educativa tem programação especial

04/set, 7h11 - UFMG seleciona candidatos para cursos semipresenciais em gestão pública

04/set, 7h04 - Ensino e inclusão de pessoas com deficiência no meio educacional serão discutidos em congresso

Classificar por categorias (30 textos mais recentes de cada):
Artigos
Calouradas
Conferência das Humanidades
Destaques
Domingo no Campus
Eleições Reitoria
Encontro da AULP
Entrevistas
Eschwege 50 anos
Estudante
Eventos
Festival de Inverno
Festival de Verão
Gripe Suína
Jornada Africana
Libras
Matrícula
Mostra das Profissões
Mostra das Profissões 2009
Mostra das Profissões e UFMG Jovem
Mostra Virtual das Profissões
Notas à Comunidade
Notícias
O dia no Campus
Participa UFMG
Pesquisa
Pesquisa e Inovação
Residência Artística Internacional
Reuni
Reunião da SBPC
Semana de Saúde Mental
Semana do Conhecimento
Semana do Servidor
Seminário de Diamantina
Sisu
Sisu e Vestibular
Sisu e Vestibular 2016
UFMG 85 Anos
UFMG 90 anos
UFMG, meu lugar
Vestibular
Volta às aulas

Arquivos mensais:
outubro de 2017 (1)
setembro de 2017 (33)
agosto de 2017 (206)
julho de 2017 (127)
junho de 2017 (171)
maio de 2017 (192)
abril de 2017 (133)
março de 2017 (205)
fevereiro de 2017 (142)
janeiro de 2017 (109)
dezembro de 2016 (108)
novembro de 2016 (141)
outubro de 2016 (229)
setembro de 2016 (219)
agosto de 2016 (188)
julho de 2016 (176)
junho de 2016 (213)
maio de 2016 (208)
abril de 2016 (177)
março de 2016 (236)
fevereiro de 2016 (138)
janeiro de 2016 (131)
dezembro de 2015 (148)
novembro de 2015 (214)
outubro de 2015 (256)
setembro de 2015 (195)
agosto de 2015 (209)
julho de 2015 (184)
junho de 2015 (225)
maio de 2015 (248)
abril de 2015 (215)
março de 2015 (224)
fevereiro de 2015 (170)

Expediente