Universidade Federal de Minas Gerais

Silvia Dalben/Divulgação
tereza.barbosa.jpg
Tereza Barbosa acredita que o teatro deve seguir a tradição grega de ocupar as ruas

O teatro é do povo e precisa voltar para o povo, defende professora da Fale

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015, às 16h11

Um dos maiores legados dos gregos para a humanidade, o teatro era originalmente encenado em praças públicas, diante de multidões que se reuniam para assistir a tragédias clássicas, como Édipo Rei e Prometeu. Com o passar dos séculos, no entanto, a arte da representação se afastou da tradição e deixou de frequentar as ruas.

Professora da Faculdade de Letras, Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa, acredita que o teatro deve voltar para as praças. Em palestra no Conservatório UFMG nesta quinta-feira, 12 de fevereiro, ela defendeu a tradição do teatro e falou sobre a importância das tragédias gregas para a vida das pessoas.

“O teatro foi ficando relegado a um espaço e público restritos, mas ele é do povo”, afirma Tereza, no início de sua conferência. Ela explica que as tragédias gregas despertam as massas porque mexem com o imaginário e as emoções das pessoas: "As peças mostram histórias complexas, que fazem o público se colocar no lugar das personagens e sentir compaixão e horror por elas - tudo ao mesmo tempo”.

Para a professora, o misto de sensações provocado pelo ficcional pode ser muito mais envolvente que a própria vivência real do problema. “Ver a encenação de uma personagem morrendo, por exemplo, pode comover muito mais do que a morte de um conhecido”, afirma.

De acordo com Tereza Barbosa, isso acontece porque o ser humano busca distanciar-se do sofrimento dos outros. “Quanto mais próximo somos de alguém, mais difícil é assimilar e presenciar suas dores. É por isso que nos comovemos com a história de velhinhos solitários, mas colocamos nossos pais no asilo", compara a professora.

A capacidade do teatro em envolver o público é vista pela professora como seu ponto mais forte, que pode proporcionar uma verdadeira experiência de socialização. “A função do teatro é aproximar pessoas. Quando você lê um jornal e se comove, aquilo é uma emoção efêmera; basta virar as costas e acabou o sofrimento. Já no teatro você vivencia a dor do outro e sofre junto, ela se torna sua. Por isso, é uma experiência coletiva”, completa.

Catarse real
Além de entreter e emocionar, Tereza Barbosa afirma que o teatro pode fazer as pessoas recobrarem uma habilidade cada vez mais rara nos dias de hoje: a de lidar com o efêmero. “Hoje é tudo muito disponível. As notícias e imagens estão sempre à espera das pessoas, completamente traduzidas e mastigadas. No teatro, se você se distrair por um momento, perderá as cenas e não conseguirá interpretar aquela experiência. Ela simplesmente vai passar. Isso traz de volta a consciência da passagem do tempo, de que as coisas escapam se você não estiver atento”, explica.

Essa reflexão sobre a passagem do tempo é apenas uma das catarses provocadas pelo teatro, na avaliação de Tereza Barbosa. Para ela, assistir a uma tragédia grega é ótima oportunidade de exercitar mente e corpo. “Passar pelo sofrimento ensina, e as tragédias simulam essa vivência. Mesmo sendo falsa a dor, a catarse é real e o aprendizado, também”.

A professora da Faculdade de Letras da UFMG lembra ainda que, diferentemente do que preconiza o senso comum, as tragédias não são feitas para causar tristeza, mas para fazer pensar e sentir. “O riso não está fora da tragédia, como não está fora da vida. Shakespeare mesmo dizia que uma boa tragédia deve fazer rir e chorar ao mesmo tempo”.

Assim como o amor impossível narrado pelo autor inglês em Romeu e Julieta lembra a história de vários casais espalhados mundo afora, Tereza argumenta que várias situações das tragédias gregas podem ser facilmente comparadas à vida real. “Os casos Richthofen e Nardoni, por exemplo, guardam muitas semelhanças com a tragédia de Medeia, que mata o irmão para fugir com o namorado e, depois de traída pelo amado, assassina os filhos para se vingar dele", compara.

Apesar de tantas semelhanças com o teatro, Tereza alerta que a ficção não deve ser sobreposta ao real em alguns ambientes, caso das redes sociais. Para a professora, as pessoas estão ficcionalizando a vida e construindo papéis em vez de viver a realidade. “O teatro é uma ficção que eu sei que é ficção. Já na internet as pessoas criam novas vidas. Como é muito melhor viver virtualmente, estamos perdendo a mais básica das experiências humanas, que é a vivência do real”, argumenta a professora.

05/set, 13h24 - Coral da OAP se apresenta no Conservatório, nesta quarta

05/set, 13h12 - Grupo de 'drag queens' evoca universo LGBT em show amanhã, na Praça de Serviços

05/set, 12h48 - 'Domingo no campus': décima edição em galeria de fotos

05/set, 9h24 - Faculdade de Medicina promove semana de prevenção ao suicídio

05/set, 9h18 - Pesquisador francês fará conferência sobre processos criativos na próxima semana

05/set, 9h01 - Encontro reunirá pesquisadores da memória e da história da UFMG

05/set, 8h17 - Sessões do CineCentro em setembro têm musical, comédia e ficção científica

05/set, 8h10 - Concerto 'Jovens e apaixonados' reúne obras de Mozart nesta noite, no Conservatório

04/set, 11h40 - Adriana Bogliolo toma posse como vice-diretora da Ciência da Informação

04/set, 8h45 - Nova edição do Boletim é dedicada aos 90 anos da UFMG

04/set, 8h34 - Pesquisador francês aborda diagnóstico de pressão intracraniana por meio de teste audiológico em palestra na Medicina

04/set, 8h30 - Acesso à justiça e direito infantojuvenil reúnem especialistas na UFMG neste mês

04/set, 7h18 - No mês de seu aniversário, Rádio UFMG Educativa tem programação especial

04/set, 7h11 - UFMG seleciona candidatos para cursos semipresenciais em gestão pública

04/set, 7h04 - Ensino e inclusão de pessoas com deficiência no meio educacional serão discutidos em congresso

Classificar por categorias (30 textos mais recentes de cada):
Artigos
Calouradas
Conferência das Humanidades
Destaques
Domingo no Campus
Eleições Reitoria
Encontro da AULP
Entrevistas
Eschwege 50 anos
Estudante
Eventos
Festival de Inverno
Festival de Verão
Gripe Suína
Jornada Africana
Libras
Matrícula
Mostra das Profissões
Mostra das Profissões 2009
Mostra das Profissões e UFMG Jovem
Mostra Virtual das Profissões
Notas à Comunidade
Notícias
O dia no Campus
Participa UFMG
Pesquisa
Pesquisa e Inovação
Residência Artística Internacional
Reuni
Reunião da SBPC
Semana de Saúde Mental
Semana do Conhecimento
Semana do Servidor
Seminário de Diamantina
Sisu
Sisu e Vestibular
Sisu e Vestibular 2016
UFMG 85 Anos
UFMG 90 anos
UFMG, meu lugar
Vestibular
Volta às aulas

Arquivos mensais:
outubro de 2017 (1)
setembro de 2017 (33)
agosto de 2017 (206)
julho de 2017 (127)
junho de 2017 (171)
maio de 2017 (192)
abril de 2017 (133)
março de 2017 (205)
fevereiro de 2017 (142)
janeiro de 2017 (109)
dezembro de 2016 (108)
novembro de 2016 (141)
outubro de 2016 (229)
setembro de 2016 (219)
agosto de 2016 (188)
julho de 2016 (176)
junho de 2016 (213)
maio de 2016 (208)
abril de 2016 (177)
março de 2016 (236)
fevereiro de 2016 (138)
janeiro de 2016 (131)
dezembro de 2015 (148)
novembro de 2015 (214)
outubro de 2015 (256)
setembro de 2015 (195)
agosto de 2015 (209)
julho de 2015 (184)
junho de 2015 (225)
maio de 2015 (248)
abril de 2015 (215)
março de 2015 (224)
fevereiro de 2015 (170)

Expediente