Em sequência às negociações – que devem gerar convênios de cooperação –, o professor Marcos Pinotti (foto de Foca Lisboa), do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia, visitou nesta semana a empresa aeroespacial Saturn e as universidades de Kazan e de Samara, todas em território russo. De acordo com Pinotti, os representantes do complexo de produção científica Saturn e das universidades reiteraram o desejo de fortalecer e criar novas parcerias em projetos de inovação com o Brasil, nas áreas de medicina, engenharia aerospacial, ciências da computação, bioengenharia, biomimética, economia e direito internacional. "Vi muitas possibilidades de cooperação com a Saturn, tanto em termos de iniciativas educacionais e intercâmbio de estudantes como para o uso de tecnologias elaboradas pela empresa que ajudariam no desenvolvimento de diversos ramos de produção no Brasil e até na abertura de novos negócios", relata Pinotti. Segundo ele, se a Rússia quer aprender com universidades brasileiras a fazer de forma ágil a transferência de tecnologia para empresas, por outro lado, o país também pode trazer ensinamentos em vários campos. Ele cita o exemplo bem-sucedido dos clusters, concentração de empresas com características semelhantes. “Eles estão investindo no conhecimento do mecanismo de funcionamento de clusters e têm como foco a inovação, para que essas empresas residentes tornem-se globalmente competitivas”, explica. Nessa linha de conhecimento, foi possível perceber, em uma determinada região, que brinquedo tem nicho de mercado com grande margem de lucro, por utilizar a infraestrutura já instalada em empresas aeroespaciais. “As horas vagas das empresas de alta tecnologia são dedicadas a fazer peças de brinquedos. Por incrível que pareça, eles têm maior valor agregado e são vendidos com um preço mais alto do que as peças da indústria automobilística, em que a grande competição leva a pequena margem de lucro”, diz Pinotti, lembrando que esse tipo de sinergia pode ser transposto para o Brasil, em outros tipos de interação. Nos próximos meses, anuncia o professor, haverá duas outras iniciativas conjuntas com a Rússia: o 5º Workshop Innovation and Clusters, que será realizado de 10 a 12 de maio, na Escola de Engenharia, campus Pampulha, e encontro de startups dos dois países com grandes empresas e investidores.
O ritmo de inovação alcançado nos últimos anos pelas universidades brasileiras e o sucesso que elas têm obtido na transferência de tecnologias para o mercado atraíram o olhar de pesquisadores, investidores e gestores públicos da Rússia, que visitaram a UFMG no final do ano passado.
“Já organizamos quatro workshops na UFMG com a filosofia inovation in clusters, em parceria com uma das empresas cujos representantes vieram ao Brasil. A intenção é estudarmos os nossos clusters, com a experiência da Rússia, para entender como podemos reproduzir ideias", comenta.