Fotos de Foca Lisboa/UFMG |
Apoio urgente para as mães estudantes da UFMG, garantia de permanência com qualidade na Universidade, acesso à informação e efetivação de propostas dos alunos pela instituição foram algumas das demandas expostas por alunos no primeiro encontro sobre a criação do Observatório de Políticas Estudantis. A reunião foi realizada na manhã de hoje, na arena da Praça de Serviços do campus Pampulha. O pró-reitor adjunto de Assuntos Estudantis, professor Rodrigo Ednílson de Jesus, explicou que a proposta de implantação do Observatório busca a ampliação da diversidade de representação dos estudantes, sem desconsiderar espaços institucionalizados como o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Conselho Universitário. “É importante aproveitar a experiência dos coletivos organizados, mas também ouvir estudantes sem vinculação a grupos. Não temos modelo pronto para o Observatório, a ideia é construirmos juntos esse novo espaço”, disse, antes que o microfone fosse aberto às manifestações. O aluno de Ciências Sociais Mauricio Sousa Matos revelou “inquietação” sobre as consequências do corte no orçamento das universidades federais sobre as políticas estudantis e também a respeito da própria existência do Observatório. “Queremos saber aonde poderão levar essas conversas, se elas serão transformadas em ações”, disse. Ione Gonzaga, doutoranda em Educação e servidora da UFMG, alertou para a dificuldade de acesso a informações e de aceitação das propostas dos alunos pela administração central. Outras estudantes mães, algumas com os filhos no colo, protestaram contra a licença-maternidade de três meses, que consideram insuficiente, e contra a dificuldade de recuperar o conteúdo das aulas perdidas. Após consultar os estudantes, o pró-reitor de Assuntos Estudantis Tarcísio Vago disse que as demandas das mães serão discutidas já na próxima reunião do Conselho de Assuntos Estudantis, no dia 26 deste mês. Produção de conhecimento Thales Monteiro, que cursa Ciências do Estado, lembrou que a criação da Prae e de espaços como Observatório é pauta histórica do movimento estudantil, que reivindicava acesso mais democrático à instituição. Ele citou a necessidade de transporte para os alunos entre os campi. Aline Neves, mestranda em Educação, disse esperar que as novas instâncias “abarquem não só a multiplicidade do perfil dos estudantes, mas também as dificuldades de permanecer na Universidade”. O estudante de Engenharia Aeroespacial Marco Gabaldo, que é italiano, aproveitou a ocasião para reclamar maior facilidade para matrícula de estrangeiros, que, segundo ele, não deveriam ter de se submeter ao Enem. Ao final do encontro, ficou decidido, com a participação dos presentes, que o Observatório de Políticas Estudantis terá novo encontro em cerca de um mês, em local a ser definido – os estudantes sugeriram que as reuniões aconteçam em diferentes espaços da UFMG. Também ficou acertada a formação de grupos de trabalho sobre temas específicos.
Ana Gabriela Chaves Ferreira, aluna de Ciências Sociais e mãe, ressaltou a urgência de medidas que garantam a permanência das estudantes mães, desde a instalação de fraldários até a prioridade para elas no processo seletivo da Umei, unidade de educação infantil localizada no campus Pampulha. “São medidas burocráticas e econômicas como direito à refeição para as crianças e moradia para mães que não têm famílias em Belo Horizonte”, enumerou Ana Gabriela, que defendeu também o combate ao racismo e ao sexismo e aperfeiçoamento do acesso dos estudantes africanos à assistência estudantil. Franz Galvão, da Letras [foto], também chamou a atenção para a situação dos africanos, que, segundo ele, encontram dificuldades relacionadas à habitação e à participação política.
O professor da FaE Juarez Dayrell, que coordena o Observatório da Juventude, disse que considera “alvissareira a perspectiva de atuação” do novo Observatório e propôs que ele se transforme em mais uma instância de “produção de conhecimento sobre a realidade dos alunos, que ainda não conhecemos”. Ele defendeu também que todos estejam atentos às demandas dos novos estudantes. “O perfil dos alunos da UFMG mudou nos últimos anos, mas eles chegam aqui e encontram o mesmo currículo”, alertou.
Contatos com a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis podem ser feitos pelo telefone (31) 3409-4567.