Os conceitos de espaço e planejamento em um cenário de insurgências e resistências urbanas serão discutidos por pesquisadores de todo o país e convidados estrangeiros em evento que começa nesta segunda-feira, 18, em Belo Horizonte, no Ouro Minas Palace Hotel. Nesta edição do Encontro Nacional da Associação de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Enanpur) são esperados cerca de dois mil participantes. A conferência de abertura, às 20h, será ministrada pelo professor James Holston, da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), que trabalha com os temas de cidadania e insurgência. Para o professor Rodrigo Simões, da Faculdade de Ciências Econômicas, é preciso reforçar a importância do planejamento quando se tem o desenvolvimento como alvo. “É preciso pensar no que queremos, tanto do ponto de vista da sociedade quanto do território. E quando se fala de território, trata-se da representação física da cultura e das relações sociais”, afirma Simões, que é vice-diretor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Urbano e Regional (Cedeplar). Ele defende que o planejamento deixe de lado antigas características, como a necessidade de dar conta de todas as dimensões e a submissão à lógica do mercado, para levar em consideração os desejos e as demandas da sociedade. “A sociedade é mais complexa do que as empresas. O planejamento do espaço deve se pautar pelas necessidades comuns aos países emergentes e incorporar a dimensão da insurgência”, diz Rodrigo Simões. Programas “Todos, de alguma forma, lidam com as questões urbanas, ambientais e culturais. O planejamento é um elemento que nos une”, pondera. “Não só o planejamento governamental, mas entendido também como planejamento ambiental, cultural, como formas de intervenção no espaço: nas cidades, nas regiões, inclusive nas áreas rurais, cada vez mais", detalha. O professor Geraldo Magela Costa, do Departamento de Geografia da UFMG, será agraciado com Menção Honrosa no 7º Prêmio Milton Santos de Artigos, com o trabalho Aproximação entre teoria e prática urbana: reflexões a partir do pensamento de Henri Lefebvre, publicado na Revista da UFMG, edição de janeiro a junho de 2013. Um painel sobre Planejamento e globalização Sul-Sul: circulação, deslocamentos e inovações encerra o evento no dia 22, reforçando a perspectiva de fortalecimento de conexões acadêmicas e políticas entre as sociedades e países do sul. Pela UFMG, colaboraram na organização do encontro o Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), o Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo e o Programa de Pós-graduação em Geografia. Também participam como instituições promotoras desta 16ª edição, os programas de pós-graduação em Ciências Sociais da PUC Minas e em Economia da Universidade Federal de Uberlândia. A coordenação geral do evento está a cargo do professor Rodrigo Simões, do Cedeplar, com subcoordenação da professora Heloisa Moura Costa, da Pós-graduação em Geografia.
“As ações que vêm da livre organização da sociedade, na forma de protestos e manifestações, sempre foram parte da temática do Enanpur, pois no bojo dessas questões eclode um conjunto de acontecimentos que pressionam a nossa reflexão”, comenta a professora Heloisa Moura Costa [na foto de Luiza Ananda/UFMG)], do Instituto de Geociências da UFMG, citando como exemplo a ideia de investir nas cidades, transformando-as, em função de eventos externos e não das necessidades e decisões de seus moradores.
Se grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas representam oportunidade de canalizar recursos de fontes diversas para obras muitas vezes necessárias, preocupa aos planejadores a existência de “um poder paralelo que coloca outra agenda que não é aquela pautada pela sociedade”, adverte a pesquisadora.
A programação contempla discussão científica em 12 mesas-redondas, 82 sessões temáticas e 78 sessões livres, sendo até 13 simultâneas. Com relação à temática geral do evento – Espaço, planejamento e insurgências: Alternativas contemporâneas para o desenvolvimento urbano e regional –, Heloisa Costa comenta que a Anpur é formada por 66 programas de pós-graduação, que incluem as áreas de planejamento, geografia, sociologia, economia, arquitetura e urbanismo, entre outras.
As mesas-redondas abrangem temas como natureza, urbanização e alternativas de desenvolvimento na Amazônia; redes internacionais de planejamento urbano e regional; urbanização brasileira contemporânea; conflitos socioambientais; perspectivas da metropolização brasileira; insurgências urbanísticas, políticas e sociais.
A programação contará também lançamento de 60 livros, exibição de vídeos e entrega de premiações de teses, dissertações, livros e artigos produzidos nos últimos dois anos, intervalo entre as edições do Enanpur.
A realização do evento contou com apoio de agências de fomento e outras instâncias: Capes, CNPq, Fapemig, Cemig, Governo de Minas, Banco do Nordeste, Ipea e Ministério da Integração Nacional.