Universidade Federal de Minas Gerais

Acervo André Baxter Barreto
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Wetland construído para tratar água no Rio Sena, nos arredores de Paris

Empresa incubada na Inova-UFMG desenvolve sistema que usa plantas para tratar esgotos

quarta-feira, 20 de maio de 2015, às 5h57

As andanças do biólogo André Baxter Barreto pelo exterior em busca de informações sobre a tecnologia wetlands construídos – em português, terras alagadas – podem contribuir para a popularização, no Brasil, de um sistema de tratamento de esgotos industriais e domésticos que reproduz, com o uso da vegetação, o ambiente filtrante dos pântanos, prescindindo de energia elétrica, produtos químicos e maquinários.

“Após experiência em uma empresa internacional como gerente de projetos para construção de wetlands, escrevi um plano de negócio, submetido em novembro do ano passado à Inova, incubadora de empresas da UFMG”, relata André Baxter.

Esse plano deu origem à empresa Wetlands Construídos, que tem o biólogo como gestor executivo e conta ainda com quatro profissionais das áreas de engenharia ambiental, engenharia de produção, arquitetura e urbanismo e química industrial. A meta é realizar a primeira venda ainda em 2015.

O pesquisador, que se especializou em Saneamento e Meio Ambiente pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, onde concluirá o doutorado em 2016, enumera a ausência de odor, lodos e ruído como vantagens dos wetlands em relação às estações convencionais.

A harmonia paisagística, no entanto, é o diferencial “mais interessante” do método, na avaliação de Baxter. “A incorporação de elementos de arte e paisagismo muda a visão da sociedade sobre saneamento ambiental, pois transforma aquela ETE desagradável em um ícone de marketing ambiental e sustentabilidade”, destaca o doutorando.

Desde 2006, André Baxter se dedica ao estudo dos wetlands, também conhecidos como Sistemas Alagados Construídos (SAC). Há dois anos, como atividade do seu doutorado-sanduíche, ele visitou o Centro Helmholtz para pesquisas ambientais (Alemanha) e a Universidade Boku (Áustria), onde estabeleceu contato com avançadas pesquisas sobre esses sistemas. Neste ano, também conheceu sistemas em escala real na França e na Inglaterra.

Engenharia
Segundo o empreendedor, os wetlands podem ser de escoamento horizontal, em que o líquido entra numa extremidade e sai na outra, ou vertical, em que o líquido se espalha na superfície e é drenado pelo fundo do tanque. As dimensões também variam conforme a demanda.

“Primeiramente, escava-se um tanque raso em terra. O interior dessa bacia é impermeabilizado e preenchido com o meio suporte, composto de britas ou seixos. A vegetação é plantada nas britas, e as plantas se enraízam até a zona de água. Ali se forma um emaranhado de raízes e pedras, onde se adere uma comunidade microbiológica, que reproduz o ambiente dos pântanos. O efluente é purificado por essa biomassa, que degrada a matéria orgânica e remove seus nutrientes”, detalha o pesquisador.

Entre as espécies de macrófitas mais empregadas em wetlands, estão a taboa (Typha latifolia), o junco (Juncus effusus) e a cana de jardim (Canna x generalis). Essas plantas, junto com microrganismos, conseguem remover de 80% a 99% da matéria orgânica e sólidos em suspensão e até 40% de nitrogênio presentes no esgoto.

Além dos efluentes domésticos e industriais, a tecnologia tem potencial para ser empregada no tratamento de chorume de aterros sanitários, no tratamento preliminar de águas para abastecimento e de águas de drenagem pluvial, entre outras aplicações.

A baixa necessidade de manutenção é outra vantagem do sistema wetland, já que depende apenas do serviço de jardinagem para podar as plantas, evitar a proliferação de pragas e ervas daninhas. “São também necessárias a limpeza rotineira da etapa de gradeamento, quando ocorre a remoção de sólidos grosseiros, e uma manutenção básica nas áreas de entorno”, diz André Baxter.

Segundo o biólogo, a tecnologia existe em alguns poucos lugares do Brasil, como em condomínios na região Sul, mas seu potencial de crescimento é grande. Além de empreendimentos imobiliários e industriais, ele lista, entre os principais mercados para os wetlands, a atividade agrícola, em que se pode aproveitar a biomassa, colher o vegetal cultivado e irrigar plantações com a água de reúso. “Mas existem outras possibilidades. No entorno de Paris, conheci wetlands que recebem lodos orgânicos, os desidratam e os transformam em composto orgânico após longos períodos de estabilização”, exemplifica.

Desvantagem
O pesquisador admite que a necessidade de áreas com dimensões relativamente elevadas – 1 a 2 metros quadrados/habitante – pode dificultar a instalação dos wetlands em comparação com as estações compactas. No caso de um condomínio residencial, projetado para 500 pessoas e com 100 lotes, André Baxter calcula que a construção de um wetland demandaria área equivalente a um lote.

“Em Belo Horizonte, por exemplo, não há espaço disponível para tratar o esgoto da cidade inteira. Embora não seja a solução definitiva para todas as situações, o sistema é alternativa econômica e sustentável, principalmente em um cenário de crise hídrica”, sustenta o doutorando.

(Matheus Espíndola/Boletim 1904)

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