Universidade Federal de Minas Gerais

UFMG e universidade francesa vão pesquisar papel do cálcio na regeneração de células hepáticas

quarta-feira, 17 de junho de 2015, às 8h35

Luiza Bongir/UFMG
maria%20de%20f%E1tima%20leite%20-%20luiza%20bongir.JPG Na mitologia grega, o fogo era considerado um elemento exclusivo dos deuses e quem se atrevesse a dominá-lo sofreria punições severas. Foi o que aconteceu com Prometeu, que roubou o fogo dos deuses e o deu aos homens, a fim de garantir a superioridade humana sobre os outros animais. Como castigo, Zeus o condenou: ele seria acorrentado no alto do monte Cáucaso onde, todos os dias, um corvo dilaceraria um pedaço do seu fígado. O castigo seria eterno, uma vez que o fígado é o órgão com maior poder de regeneração do corpo humano. Todo pedaço que o corvo arrancasse estaria regenerado no dia seguinte.

O mito de Prometeu é uma das grandes inspirações da ciência, que continua buscando compreender os mecanismos responsáveis pelo grande poder de regeneração do fígado. Uma das linhas de investigação na UFMG é liderada pela professora Maria de Fátima Leite [foto], coordenadora do projeto de pesquisa Liver regeneration – intracellular mechanisms involved in liver regeneration, em parceria com a Universidade de Lille, na França.

O projeto, que acaba de ser aprovado em edital de cooperação entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e a Nord-Pas de Calais (NDPC), na França, receberá recursos de aproximadamente 200 mil euros.

“O processo de regeneração do fígado é impressionante. Se removemos 70% do fígado de um camundongo, ele consegue se regenerar por completo em até três dias. Enquanto não recupera as capacidades fisiológicas normais, o órgão não para de crescer”, explica a professora.

O objetivo do estudo é entender o mecanismo que ocorre dentro das células hepáticas envolvidas no processo de divisão e multiplicação. A pesquisa terá duas etapas: inicialmente, tentará comprovar os fatores de crescimento associados à proliferação da célula hepática. Depois, buscará entender por que a regeneração fica comprometida em razão de algumas doenças, como esteatose hepática e alcoolismo hepático.

“Queremos estudar o funcionamento do fígado saudável e também o doente, para entender qual parte da célula fica comprometida nesse último caso. Na esteatose hepática não alcoólica, doença que afeta um terço da população adulta que não consome álcool, compreender o que acontece no fígado é importante para fins preventivos”, afirma a pesquisadora.

Cálcio é o segredo
A pesquisa não parte do zero. Há mais de uma década, uma equipe de pesquisadores liderada pela professora Maria de Fátima Leite descreveu uma nova organela celular, o retículo nucleoplasmático. Essa organela, que se localiza no núcleo da célula, é constituída por tubos que armazenam cálcio, mineral diretamente ligado a diversas atividades celulares.

“Ela é muito parecida com o retículo endoplasmático, que fica no citoplasma celular e também armazena cálcio, íon que exerce várias funções no corpo, como contração celular e secreção de hormônios. Percebemos que o cálcio encontrado no citoplasma da célula tem função diferente do cálcio nuclear. Este age diretamente na proliferação da célula hepática, ou seja, na sua regeneração”, explica.

As descobertas sobre o retículo nucleoplasmático representaram o passo inicial da pesquisa que começa neste ano. “Elas surgiram de testes com células hepáticas. Constatamos que um fígado com problema de regeneração tem danificada a sua maquinaria de cálcio celular [componentes que desencadeiam a liberação intracelular do íon e culminam com proliferação celular]. É essa hipótese que queremos comprovar”, aponta.

A pesquisadora espera que o estudo, que se inscreve no campo da pesquisa básica, amplie a compreensão dos processos envolvidos na regeneração das células hepáticas, resultando mais tarde em terapias capazes de melhorar a qualidade de vida de pessoas que apresentam quadros patológicos hepáticos e de aumentar os índices de órgãos disponíveis para transplante.

“Ao descrever o que está errado na liberação de cálcio nas células de uma pessoa com doença hepática, podemos tratar esse paciente para que tenha mais qualidade de vida. Além disso, como o fígado portador de esteatose hepática ou de alcoolismo hepático não pode ser doado, mais fígados estarão disponíveis para transplantes no futuro caso a ciência encontre a cura dessas doenças”, analisa.

Sinal dos tempos
A pesquisadora acrescenta que pesquisas focadas em células hepáticas são importantes porque o aumento da incidência de doenças no fígado é reflexo dos costumes da sociedade moderna.

“As pessoas cultivam hábitos que afetam esse órgão. Elas comem mal, bebem muito e tomam anabolizantes e medicamentos cada vez mais fortes. São hábitos que lesionam o fígado. Precisamos melhorar sua capacidade de regeneração caso esteja comprometido por alguma patologia”, conclui Maria de Fátima Leite.

(Luana Macieira)

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