Coleção pessoal constituída de 35.250 exemplares de 1.052 espécies de libélulas, reunidas ao longo de 65 anos pelo professor Angelo Machado, foi doada oficialmente à UFMG na manhã desta terça-feira, 30. “Agradeço, em nome da Universidade, mais esse gesto bonito, entre tantos que o senhor já fez para a nossa Instituição”, disse o reitor Jaime Ramírez, ao assinar o termo de doação. “Sabemos que esse material lhe é muito caro, uma coleção de referência para a ciência, construída desde o início da sua vida e que será de grande proveito para as gerações futuras. Com esse ato, no qual certamente muitos vão se inspirar, o senhor dá mais um exemplo para todos nós”, completou. A diretora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Andrea Mara Macedo, relatou que recebeu “com incontida satisfação” a intenção do professor Angelo Machado de doar para o Instituto seu acervo de mais de 35 mil libélulas. A professora explica que se trata da mais importante coleção desses insetos (Odonata) da América do Sul, com espécies das regiões neotropical, afrotropical, oriental, neártica, paleártica e australiana. Segundo ela, a doação chega em excelente momento, quando o ICB está terminando de elaborar o projeto de seu novo anexo “que irá abrigar valiosíssimas coleções taxonômicas”. Preservação Sobre a importância científica das libélulas, Angelo Machado disse que poderia citar muitas, mas que “a maior delas é fazer um velho feliz”. Embora esteja aberta a pesquisadores, a coleção permanece na casa do professor e somente após sua morte será transferida para o prédio de coleções taxonômicas que será construído no campus Pampulha. O termo de posse foi assinado pelo reitor Jaime Ramírez e pelo doador, tendo como testemunhas a diretora do ICB, Andrea Mara Macedo, e a pró-reitora de Pesquisa, Adelina Martha dos Reis. Também participaram da reunião os professores Carlos Rosa, vice-diretor do ICB, Rodrigo Duarte, pró-reitor de Pós-graduação, Hugo da Gama Cerqueira, pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Rodrigo Ednilson, pró-reitor adjunto de Assuntos Estudantis, Fernando Amaral, chefe do Departamento de Zoologia, Marcos Borato Viana, assessor do reitor, Elizabeth Ribeiro da Silva, chefe de gabinete, e Maria Elizabeth de Carvalho Duarte, subchefe de gabinete.
Professor emérito da UFMG, ainda exercendo atividades no Departamento de Zoologia, Angelo Machado disse que iniciou a coleção aos 16 anos. “Tem toda a minha vida aí, um trabalho que fiz com muito carinho, que entrego para uma instituição muito importante na minha vida.” Ele informou que ainda está orientando uma dissertação sobre libélulas na Mata Atlântica e que é uma satisfação ser professor de pós-graduação na sua idade.
Ciência que lida com a descrição, a identificação e a classificação dos organismos, a taxonomia “está na base de tudo”, enfatizou Angelo Machado. "O grande desafio é saber quais espécies existem no mundo antes que elas acabem, porque a velocidade de extinção está maior do que a de conhecimento. Por isso, estamos tentando documentar as espécies onde elas estão, o que é a base também para proteção”, ressaltou.