A reunião em associação permanente e a intensificação do processo de internacionalização foram algumas das decisões tomadas durante o 3º Fórum dos Institutos de Estudos Avançados, que terminou na tarde de hoje (12), na UFMG. Desde ontem, dirigentes de seis institutos consolidados e representantes de três universidades que ainda estruturam suas instâncias discutiram também formas de cooperação e de captação de recursos, entre outros temas. Além do Instituto de Estudos Avançados e Transdisciplinares da UFMG (Ieat), participaram do encontro órgãos similares da USP, Unicamp, UFRJ, UFRGS e Universidade Federal da Integração Latino-americana (Unila). As federais de Pernambuco, Bahia e Ceará, que têm planos de criar seus institutos, estiveram representadas. Entre as instituições que contam com órgãos estruturados, a UnB foi a única ausente. Os convidados foram recebidos pelo reitor da UFMG, Jaime Ramírez. “Ainda são poucos os institutos avançados, e eles vivem realidades distintas no que se refere a aspectos como inserção institucional e disponibilidade de recursos. Alguns ainda procuram seu lugar”, comentou o diretor do Ieat, professor Estevam Las Casas. Os participantes decidiram criar associação permanente de institutos avançados, que será coordenada pelo professor José Vicente Tavares dos Santos, diretor do Instituto Latino-americano de Estudos Avançados, da UFRGS. Estevam Las Casas será o coordenador adjunto. O novo fórum deverá contar em breve com um website, que será produzido com apoio do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Apoio de agências Os dirigentes conversaram ainda sobre a necessidade de maior participação dos institutos brasileiros em entidades que reúnem órgãos do gênero de diversos países. A internacionalização estimula iniciativas como encontros de pequenos grupos de estudantes para cursos ministrados por acadêmicos estrangeiros. De acordo com o diretor do Ieat, o grupo manifestou disposição de incentivar a criação de novos institutos no Brasil, o que deve incrementar a influência nas discussões sobre ciência e tecnologia no país. “Nossa perspectiva é a da criatividade aliada à interdisciplinaridade”, disse Las Casas. “Prontos para transcender barreiras postas pela estrutura formal da academia, os institutos têm muito a contribuir para o debate mais amplo acerca do futuro da universidade.” Fronteiras do conhecimento “Embora não contem com corpos docentes e programas específicos de pós-graduação, os institutos avançados são extremamente relevantes na medida em que desenvolvem pesquisas nas fronteiras do conhecimento”, disse Sá Barreto. Ele sugeriu que se elaborem documentos de referência sobre temas acerca dos quais as universidades não têm muita oportunidade de refletir mais profundamente. E anunciou que já está em contato com a Universidade Federal do Ceará para oferecer apoio da Funcap à consolidação e às atividades de um instituto avançado na instituição.
Os institutos pretendem criar as chamadas cátedras abertas, em que pesquisadores estrangeiros podem se candidatar sem necessidade de indicação de um colega brasileiro. “A ideia é estabelecer um programa nacional para o qual buscaríamos apoio das agências de fomento. A interação dos institutos viabilizaria a visita dos pesquisadores a mais de uma universidade, otimizando recursos”, explicou Estevam Las Casas.
A seção de debates sobre mecanismos de cooperação contou com a participação de Francisco César de Sá Barreto, reitor da UFMG na gestão 1998-2002 e atual presidente da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). Ele considerou o encontro “muito satisfatório” e destacou a importância de um fórum permanente para, entre outras iniciativas, promover articulação com as fundações estaduais de amparo à pesquisa e agências como Capes e CNPq.