A diversidade das práticas que envolvem a produção literária será abordada a partir desta quarta-feira, 2, na Faculdade de Letras (Fale), em seminário que reunirá pesquisadores nas áreas de leitura, tradução e edição. Entre os conferencistas, estão o brasileiro Mamede Jarouche, professor da USP, responsável por monumental tradução do Livro das mil e uma noites, publicada no Brasil em quatro volumes, e Jean Derive, emérito da Universidade de Savoie (França), cujo trabalho com contos de tradição oral e cantos da etnia diúla, na Costa do Marfim, destaca a necessidade de se construir uma nova teoria da literatura por meio da observação das literaturas orais. A conferência de Jean Derive, Transcrição e tradução de textos orais: cantos de amor do povo diúla (Costa do Marfim) encerrará o seminário nesta sexta, às 11h30, no auditório 1007 da Faculdade. Canções africanas
Além das atividades acadêmicas, haverá apresentações artísticas, exposições na feira Mercadores de livros, que funcionará como ponto de encontro durante todo o evento, e performances, como a costura manual do livro Oralização da literatura, literarização da oralidade, que será lançado no dia 4, às 13h30, logo após a conferência de encerramento, no hall do auditório 1007 da Fale.
Produção artesanal dos integrantes do Laboratório de Edição da Fale [assista ao vídeo acima], o livro reúne artigos de Jean Derive, traduzidos por alunos da Faculdade, sob a coordenação da professora Sônia Queiroz. “Nessa obra, Jean Derive discute dois processos: a incorporação que a literatura – sobretudo a africana da segunda metade do século 20 – faz das literaturas de tradição oral e todo o trabalho de transposição das literaturas de tradição oral para o livro como meio que utiliza o grafismo, a língua escrita”, resume a professora.
Segundo ela, Derive traz para o Programa de Pós-graduação em Estudos Literários (Pós-Lit) um aporte teórico de grande importância conceitual e teórica, por sustentar que a teoria literária desenvolvida até hoje não abarca uma série de aspectos, como a performance, que inclui o corpo, o olhar e a própria plateia. “Essa literatura se dá, sobretudo, em presença do público, mas começamos a entrever a possibilidade de editá-la, usando o vídeo como mídia”, observa Sonia Queiroz.
A programação inclui a exibição de vídeos em que alunos da UFMG, oriundos de países africanos de língua francesa, apresentam cantos e contos em línguas nacionais.
Vários estudantes africanos da Universidade participarão do evento. Para homenagear a memória musical do continente, o professor Ângelo Nonato, da Escola de Música, selecionou cinco canções tradicionais africanas: Nubian song from Egypt (Hans Hickman/ Charles Gregor), Ejengi Ceremony (Ba Benjellè Pygmies), Ntete (Ntshamboo Thole), Pistatuna (Thierry David) e Music of Eritrea (Vários artistas - Rashaidas da Eritrea). Todas, nesta ordem, podem ser ouvidas nos arquivos abaixo.