Fotos: Foca Lisboa/UFMG |
O pesquisador Júlio Furtado, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), proferiu, na manhã desta quinta-feira, 15, a conferência Mediação da aprendizagem no ensino superior: desafios e possibilidades, no 1º Congresso de Inovação e Metodologias no Ensino Superior, que termina amanhã. O evento integra a Semana do Conhecimento UFMG 2015. Em sua conferência, Furtado falou sobre os sentidos que atribui às ideias de “mediação da aprendizagem” e de “aprendizagem significativa”, e quais seriam, em sua visão, os caminhos para uma mediação da aprendizagem no ensino superior que se faça realmente significativa. Para Júlio Furtado, a mediação da aprendizagem se divide em três vertentes: a didática, que diz respeito à definição, à contextualização e à exposição do conhecimento; a cognitiva, relacionada com a organização, tradução, memorização e aplicação do conhecimento; e a relacional, que trata do apoio que o docente oferece ao aluno em seu processo de aprendizado. Para Furtado, mediar a aprendizagem é pôr em perspectiva todas essas vertentes e estimular o aluno a movimentar o seu pensamento. “É colocar-se intencionalmente entre o objeto de conhecimento e o aprendiz, modificando, alterando, organizando, enfatizando, transformando os estímulos que vêm do objeto, para que então o aluno possa tirar suas próprias conclusões.” O pesquisador esquematizou as sete etapas pelas quais, em seu entendimento, passa a construção do conhecimento. Para ele, ao tomar conhecimento de tais etapas, o professor refina sua posição de mediador do conhecimento. São elas: “construção de sentido contextual” (o estabelecimento de um sentido pessoal no contexto do repertório que já se tem); “percepção de especificidades” (a percepção das características que distinguem particularmente aquilo de que se toma conhecimento); “compreensão” (a configuração de uma primeira ideia própria sobre o assunto); “definição traduzida” (a reelaboração, nas próprias palavras, daquilo de que se tomou conhecimento); "argumentação" (capacidade de discorrer sobre o assunto); "discussão" (capacidade de discutir aquele conteúdo); e "aplicação" (capacidade de aplicar o conhecimento). “No cotidiano, contudo, essas etapas não são sequenciadas, o que ocasiona um processo dinâmico de ‘ebulição cognitiva’ que só se estabiliza quando todas as fases são cumpridas mentalmente pelo sujeito que aprende”, diz Furtado. Aprendizagem significativa No decorrer do dia de hoje, ainda serão realizadas duas mesas-redondas no contexto do 1º Congresso de Inovação e Metodologias no Ensino Superior. Nelas, serão debatidos os temas A juventude e a escolha de cursos e profissões antes da entrada no ensino superior e Ações afirmativas: a substituição do bônus pelas cotas. A programação desta quinta-feira pode ser acompanhada pela internet. As atividades de sexta-feira, 16, poderão ser acompanhadas por outro link. Toda a programação do congresso está disponível no site do evento. Sobre o conferencista
O pesquisador argumentou ainda que, para estabelecer um diálogo cognitivo com o aluno, é preciso que, primeiramente, o professor estabeleça uma interação cultural e um diálogo emocional. Nesse contexto, Júlio Furtado apresentou uma definição para o que denomina aprendizagem significativa: “É aquela que ocorre do surgimento de um sentido pessoal por parte de quem aprende. Isso desencadeia uma atitude pró-ativa no sentido de compreender o significado, ampliando a habilidade de aprender.”
Júlio Furtado é doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Havana, Cuba, e mestre em Educação pela UFRJ. É graduado em Geografia (Uerj), Pedagogia e Psicologia (UFRJ) e diplomado em Psicopedagogia pela Universidade de Havana. Tem pós-graduação em Orientação Educacional, Gestalt-terapia e Dinâmica de Grupo.