Entre certezas e dúvidas, Mostra das Profissões exerce papel decisivo em momento crucial da vida dos jovens

Enquanto se dirigiam ao Centro de Atividades Didáticas de Ciências Humanas (CAD2), em busca de informações sobre o curso de Direito, as amigas Giovanna, Isabella e Paloma, de 14 anos, alunas da Escola Estadual João Rodrigues da Silva, em Prudente de Morais, a 65 quilômetros de Belo Horizonte, discorreram sobre a área que escolheram. Apesar de ainda lhes restarem dois terços do ensino médio para cursar, demonstravam uma segurança que nem sempre se vê em pessoas da mesma faixa etária.

“Gosto de tudo muito correto”, justificou Giovanna, uma forma simples de dizer que tinha um senso aguçado de justiça. A amiga Paloma também apresentou uma explicação para o fascínio pela área. “Gosto da capacidade de argumentação demonstrada pelas pessoas do Direito”, afirmou.

Juliana Braga/UFMG

Isabella, Paloma e Giovanna: segurança

Se as três jovens pareciam certas, milhares de outros alunos de escolas de Belo Horizonte e do interior que participaram da Mostra das Profissões, neste sábado, no campus Pampulha, não compartilhavam a mesma segurança. E o evento busca exatamente oferecer informações sobre as 75 opções de curso mantidas pela UFMG para subsidiar uma das mais importantes escolhas da vida de uma pessoa.

Segundo o pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi, a Mostra das Profissões é o evento organizado pela UFMG de maior impacto na sociedade. “Ele é extremamente importante dentro desse processo de mudanças no acesso ao ensino superior no Brasil, em que jovens de vários lugares, incluindo os mais remotos, podem se candidatar a uma vaga na UFMG. A Mostra ajuda esses jovens a buscarem respostas e a fazerem escolhas mais acertadas”, disse o pró-reitor de Graduação.

Em sua visão, o próprio formato do evento, baseado nas salas interativas, facilita o contato com os jovens que chegam ao campus, pois são conduzidas por estudantes de cursos de graduação, geralmente da mesma faixa etária. “A comunicação é direta, pois falam a mesma língua”, argumentou Takahashi.

A possibilidade de se estabelecer um canal direto de comunicação estimula a Escola Estadual Pedro Leopoldo, no município do mesmo nome, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a fretar ônibus e trazer ao campus, todos os anos, um grupo de alunos do ensino médio. Nesta edição, 40 jovens participam da Mostra.

O diretor Ailton Gonçalves da Cunha celebrou a volta da mostra presencial no ano passado. “Fez muita falta”, disse ele, referindo-se ao período em que esteve circunscrita ao ambiente virtual. Para a vice-diretora Solange Lemos Bastos, o evento ajuda o aluno a se decidir. “Muitos chegam aqui com uma ideia e acabam descobrindo outro caminho”, afirmou.

Juliana Braga/UFMG

Ailton e Solange: descobertas

Compromisso
O reitor Jaime Ramírez, que acompanhou parte de uma das palestras gerais realizadas no auditório da Reitoria e algumas atividades interativas na Escola de Engenharia, lembrou que a Mostra resulta do compromisso da UFMG de acolher estudantes de todas as escolas e municípios de Minas Gerais e do país.

“Estamos abertos a ouvir sugestões das escolas para o aperfeiçoamento contínuo do evento”, garantiu o reitor, que citou, ainda, a comodidade de se acompanhar a mostra pelo aplicativo desenvolvido pela Pró-reitoria de Graduação, o Mostra UFMG 2015, compatível com os sistemas operacionais Android e IOS.

Ramírez também agradeceu o esforço de coordenadores de cursos, professores, estudantes de graduação e servidores técnico-administrativos envolvidos na organização da empreitada. “É um evento extremamente complexo”, definiu.

Foca Lisboa/UFMG

Jaime Ramírez em sala interativa na Escola de Engenharia: compromisso de acolher

Um desses graduandos, Vinícius Gabriel, do segundo período do curso de Filosofia da Fafich, mantinha, no CAD 2, uma conversa que ia além das informações formais sobre o curso, como currículo e campo de atuação. Para uma plateia pequena, mas atenta, Gabriel falou sobre a relação entre filosofia e religião, esclareceu que Friedrich Nietzsche não era nazista e lembrou o quanto Immanuel Kant é querido entre os filósofos da UFMG. “Há até um busto dele na Fafich”, ilustrou. E aproveitou para sugerir leituras obrigatórias de Kant, como Crítica da faculdade do juízo. “A ideia é fazer um debate bem livre”, disse, ao justificar a dinâmica de sua exposição.

De jogador a criador
Nas imediações do prédio da Escola de Engenharia, onde se concentravam as salas interativas de todos os cursos da área, o estudante Mozart Junio Alves de Souza, 16 anos, do segundo ano da Escola Estadual Professor Pinheiro Campos, em Oliveira (150 km de BH), revelava que seu sonho é trabalhar como designer de games. Por isso, buscou informações sobre o curso de Cinema de Animação e Artes Digitais, da Escola de Belas-Artes. A outra opção que teria na capital mineira é o curso de Design de Jogos, na Fumec. “Gosto muito de jogar e me vejo um dia desenvolvendo games para as outras pessoas se divertirem”, relatou o jovem.

Seu amigo, Marcelo Teixeira Alves, da Escola Estadual Professora Maria Muzzi Guastaferro, localizada em Venda Nova, Zona Norte da capital mineira, se dizia interessado por tudo o “que envolve tecnologia”. Depois de acompanhar as apresentações do curso de cinema de animação, ele pretendia se informar sobre as possibilidades das engenharias. “Minha intenção é ver como a engenharia se encaixa com a animação”, revelou.

Juliana Braga/UFMG

Marcelo e Mozart: do cinema de animação à engenharia

Camila Cristina de Moura Abreu, 17 anos, e Dhenifer Cristiane Baumgartner, 16, que moram e estudam em Lagoa da Prata, a 211 quilômetros de BH, saíram da apresentação dos cursos da área de saúde, no Centro de Atividades Didáticas de Ciências Naturais (CAD1), com humores opostos. Camila parecia decidida. “Medicina é a minha primeira opção”, disse ela, mesmo sabendo da concorrência acirrada. Revelou, ainda, que a UFMG é o seu plano A "e talvez o B também".

Dhenifer não compartilhava a mesma animação. “Acho que saí mais confusa. Toda semana mudo de opção”, comentou, sem esconder a preocupação. “O que sei é que terei de pesquisar muito”, revelou. Como ainda cursa a segunda série do ensino médio, Dhenifer ainda tem muito tempo – e pelo menos mais uma edição da Mostra das Profissões – para decidir.

Juliana Braga/UFMG

Dhenifer: tempo para decidir

No domingo
A Mostra das Profissões prossegue neste domingo, 15, das 9h às 13h, nos mesmos locais onde foi realizada no dia de hoje: auditório da Reitoria (com palestras de interesse geral sobre o Sisu e o acesso à UFMG), CAD1, CAD2, Escola de Engenharia, Face, Icex, EBA e Escola de Música. Confira a programação.