Fotos de Vitor Amaro/Espaço do Conhecimento UFMG |
O Espaço do Conhecimento UFMG abre hoje, 3, a exposição O legado de Martim Afonso de Sousa e Dona Ana Pimentel na formação do Brasil. A mostra, que ocupa o segundo andar do museu, suscita questões sobre o papel do militar e explorador português, a importância histórica atribuída à sua passagem pelo Brasil e a administração da colônia feita pelo casal, instigando a reflexão sobre as construções sociais e mitos que o envolvem. O grande destaque da mostra é o testamento do casal, datado de 1533 e doado ao Acervo de Obras Raras da UFMG em 1971. O documento, um dos poucos exemplares manuscritos da coleção da Galeria Brasiliana, trata das disposições finais de um dos primeiros capitães donatários do Brasil – ele fundou a vila de São Vicente, a primeira do Brasil – e de Dona Ana Pimentel, que também participou da colonização do país depois que seu marido foi transferido para a Índia, para ocupar o cargo de vice-rei. A análise do testamento gerou também o livro O testamento de Martim Afonso de Sousa e de Dona Ana Pimentel, organizado por Júnia Ferreira Furtado, com textos de René Lommez Gomes, André Chaves, Diná Marques, Márcia Almada e Raquel Pereira. A publicação é da Editora UFMG. As visitas podem ser feitas de terça a domingo, das 10h às 17h, e às quintas-feiras, das 10h às 21h, até 14 de fevereiro. A entrada é gratuita. O museu fica na Praça da Liberdade, 700, em Belo Horizonte. (Com Assessoria de Comunicação do Espaço do Conhecimento da UFMG)
Com base no testamento, diferentes eixos temáticos serão analisados com os visitantes. O coordenador do núcleo de expografia do museu, René Lommez Gomes, explica que o legado deixado pelo casal pode ser compreendido por vários vieses. “Trabalhamos com o testamento do casal e com os frutos gerados por ele, as releituras feitas ao longo do tempo. Esse testamento foi a primeira peça comprada por Assis Chateaubriand para montar a Galeria Brasiliana – galeria que deveria inaugurar um museu de arte e história, similar ao Masp, em Minas, e que acabou desencadeando a campanha nacional dos museus regionais. Entretanto, assim que a coleção foi montada, as empresas de Chateaubriand entraram em colapso e não foi possível finalizar o projeto".
Materialidade e ressignificação
O primeiro módulo da exposição aborda a materialidade do aspecto documental do conteúdo do testamento. O segundo trata da importância histórica do casal e de sua contribuição para a colonização do país, no século 16. O terceiro, que adentra o século 19, propõe a ressignificação dos documentos deixados por Martim, transformando-o em uma figura mítica. Por fim, já com referência a meados do século 20, a história de Martim e Ana Pimentel é revisitada com base na formação do acervo da Coleção Brasiliana e, posteriormente, por meio do Acervo de Obras Raras da UFMG.