Universidade Federal de Minas Gerais

Produção: Fred Lamêgo, Luana Macieira e Marcos Becho

Parceria entre universidades latino-americanas busca soro capaz de tratar picadas de várias espécies de escorpiões

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015, às 5h59

Todos os anos, mais de 80 pessoas morrem no Brasil em decorrência de acidentes com escorpiões. O índice é considerado alto, considerando que a maioria dos casos não é notificada. Com o objetivo de gerar um produto mais eficaz para tratar as vítimas, um grupo de pesquisadores de universidades latino-americanas estuda o desenvolvimento de um soro capaz de combater venenos de espécies distintas de escorpiões.

O projeto, intitulado Imunoquímica de toxinas naturais: inovações biotecnológicas aplicadas ao desenvolvimento e produção de antivenenos e métodos de diagnóstico, é financiado pela Capes e tem previsão de durar dois anos.

"A imensa diversidade de escorpiões faz o soro produzido contra o veneno de uma espécie só ter efeito em picadas da mesma espécie ou de outras correlatas em matéria de morfologia e de composição de venenos. Como não funciona com espécies muito distantes, buscamos um produto com espectro de reatividade maior", explica o professor Adolfo Borges Strauss, da Universidade Central da Venezuela e um dos participantes do projeto.

O soro tradicional é produzido com base no veneno de escorpião, que é desidratado e injetado, em cavalos, em doses subletais. Depois que os animais produzem os anticorpos contra o veneno, eles são extraídos e purificados para serem usados no tratamento de picadas em humanos. No caso de um soro capaz de tratar venenos de escorpiões de espécies diferentes, a primeira etapa consiste em um trabalho de biologia molecular, em que os pesquisadores investigam quais toxinas são compartilhadas e quais estão restritas a algumas espécies.

Além de esbarrar na grande diversidade de veneno, o método de produção tradicional é demorado e custoso, dada a dificuldade de se criar escorpiões em cativeiro. Daí a importância de uma pesquisa que encontre alternativas biotecnológicas para a criação de nova geração de soros.

"Estamos desenvolvendo tecnologia para fabricar uma molécula parecida com a produzida pelo escorpião, mas que não seja tóxica e que conserve as regiões reconhecidas de anticorpos. Dessa forma, seremos capazes de produzir um soro mais eficiente no trato de venenos de várias espécies", explica Borges Strauss.

O pesquisadores já trabalham em grupo há 12 anos. O projeto é coordenado pelo professor Carlos Delfin Chávez Olórtegui, do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas, e participam dele pesquisadores de vários países da América Latina, como Venezuela, Colômbia, Peru, Argentina, Equador, Panamá, Costa Rica e México. A intenção é que cada país forneça sua toxina e as análises sobre as espécies predominantes em seu território.

O projeto é dividido em três etapas. A primeira, em andamento, prevê a avaliação epidemiológica dos casos de acidentes com escorpiões na América Latina. Serão investigadas as espécies de maior incidência em cada país, com concentração nas que são responsáveis pelos acidentes severos ou fatais.

Em um segundo momento, o grupo vai estudar a composição dos venenos perigosos para o ser humano. A última etapa prevê a identificação das toxinas compartilhadas pelas espécies e as regiões potencialmente reconhecidas pelos anticorpos. Com essas informações, serão desenvolvidos os novos soros. "A América Latina tem muitos óbitos decorrentes de picadas de escorpião, e precisamos de uma soberania farmacêutica real, com novos medicamentos efetivos para tratar esses casos", afirma o professor venezuelano.

Veneno letal
O meio rural e a região da Amazônia são os locais com maior incidência de acidentes fatais por picada de escorpião no Brasil. A elevada mortalidade ocorre porque as moléculas responsáveis pela letalidade do veneno são muito pequenas, o que favorece sua imediata distribuição pelo organismo após a picada. Isso exige que o socorro médico seja prestado rapidamente.

"Como os acidentes ocorrem a uma distância considerável dos centros hospitalares, muitas pessoas morrem. Além disso, os anticorpos são pouco eficientes porque são produzidos para tratar venenos de poucas espécies", informa o pesquisador Evanguedes Kalapothakis, integrante da equipe e professor do Departamento de Biologia Geral do ICB.

O professor destaca que, apesar de haver quase 200 espécies de escorpiões, existem apenas três tipos de soros disponíveis para o tratamento das picadas: um no Brasil (contra Tityus serrulatus), preparado por três instituições, um na Argentina (contra Tityus trivitattus) e um na Venezuela (contra Tityus discrepans).

"O Brasil apresenta mais de 160 mil acidentes com animais peçonhentos todos os anos, metade deles com escorpiões. O escorpionismo é um problema de saúde pública severo na América Latina", conclui Kalapothakis.

Casos de escorpionismo na América Latina*

México: 230
Argentina: 23
Colômbia: 6
Panamá: 52
Brasil: 20
Venezuela: 29

(*por 100 mil habitantes)

(Luana Macieira/Boletim 1923)

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