O professor Jan Tytgat, da Universidade Católica de Leuven, da Bélgica, apresenta, nesta sexta-feira, 19, a partir das 14h, no ICB, algumas aplicações de seus estudos relacionados a canais iônicos e veneno de escorpião. A apresentação será na sala 254 do Bloco F, no segundo andar do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB). (Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do ICB)
Target-driven positive selection at hot spots of scorpion toxins uncovers their potential in the design of insecticides ("Seleção positiva dirigida a alvos em pontos críticos de toxinas do escorpião revela potencial na concepção de inseticidas", em tradução livre) é o título do seminário, que será ministrado em inglês, sem tradução. A promoção é do programa de Pós-graduação em Bioquímica e Imunologia.
Jan TyTgat é professor sênior e pesquisador do Laboratório de Toxicologia e Farmacologia da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, onde também atua na área forense.
Segundo a organizadora do evento, professora Maria Elena de Lima Perez Garcia, seu convidado e parceiro científico é um dos mais respeitados especialistas no mundo no estudo de canais iônicos, alvos preferenciais de várias toxinas de artrópodes, como escorpiões e aranhas.
Fios condutores
Formados por proteínas integrais, os canais iônicos são uma espécie de caminhos ou fios condutores, presentes, na sua maioria, nas membranas plasmáticas das células. Estão envolvidos no transporte de íons, como sódio, potássio, cálcio e cloreto, de dentro para fora e de fora para dentro das células. Por conta dessa atuação, influencia praticamente todas as funções do organismo.
A professora Maria Elena explica que existem diferentes tipos de canais iônicos (sódio, potássio, cálcio, etc), com vários subtipos. “Os canais para sódio, por exemplo, são sensíveis à tensão elétrica ou à voltagem. Também denominados de Nav, são 9 subtipos. E são eles os principais alvos das toxinas de peçonhas de escorpião e de aranhas”, indica.
Na área da pesquisa de novos e mais potentes analgésicos, cientistas de várias partes do mundo investigam drogas capazes de bloquear os canais iônicos conhecidos como Nav1.7, envolvidos no processo de dor.
Nos venenos de aranhas e de escorpiões, estudados por Jan TyTgat, são encontrados vários peptídeos (moléculas formadas por dois ou mais aminoácidos) que bloqueiam os Nav1.7, também alvo de estudo de vários cientistas do ICB.
“Além disso, inúmeras outras doenças estão relacionadas a alterações em diferentes tipos de canais, chamadas canalopatias. As toxinas de artrópodes são ferramentas fundamentais para o estudo dessas doenças. Algumas constituem novos modelos de fármacos”, afirma a pesquisadora.