Universidade Federal de Minas Gerais

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Daniele e Fabrício: identificação de mecanismos que levem o cérebro a inibir ataques de pânico

Canabinoides contra o pânico: em busca de terapias para combater transtornos psiquiátricos, grupo da UFMG investiga sistemas de neurotransmissores

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016, às 5h57

Substâncias produzidas pelo próprio cérebro humano podem auxiliar no combate a doenças como pânico, ansiedade, epilepsia e dependência química. Com base nessa constatação, pesquisadores do Laboratório de Neuropsicofarmacologia da UFMG buscam entender esses transtornos, com o objetivo de desenvolver novos medicamentos.

"Nenhum pesquisador conhece, ainda, as causas desses transtornos", comenta a professora Daniele Cristina de Aguiar, que coordena, com o professor Fabrício Moreira, o Laboratório de Neuropsicofarmacologia, no Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas.

Entre as centenas de tipos de neurotransmissores existentes no cérebro, a equipe do Laboratório de Neuropsicofarmacologia estuda principalmente o sistema endocanabinoide, que recebe esse nome por ser o sistema onde atua o THC, substância ativa da maconha (Cannabis sativa). O THC se liga a um alvo específico, o chamado receptor canabinoide. O cérebro também produz substâncias parecidas com o THC, os endocanabinoides, que se ligam ao mesmo receptor.

De acordo com os professores, diferentemente de outros receptores como os de dopamina e de glutamato, descobertos nas décadas de 1960 e 70, o sistema endocanabinoide, que inclui um dos receptores mais expressos no cérebro, só começou a ser pesquisado há cerca de 20 anos. Uma novidade nos estudos desenvolvidos na UFMG é a proposta de modulação de um endocanabinoide, o 2-Aracnodonoil glicerol (2AG), nas respostas do organismo a ataques de pânico.

"Durante uma situação aversiva, há um recrutamento desse sistema. Nossa proposta é identificar um mecanismo que faça o cérebro produzir esse endocanabinoide em quantidade suficiente para inibir um ataque de pânico", explica Daniele Aguiar. Segundo ela, enquanto neurotransmissores como dopamina e serotonina são armazenados em vesículas e liberados em caso de necessidade, os endocanabinoides são sintetizados sob demanda.

A hipótese é a de que pessoas que passam por ataques de pânico produzam menor quantidade dessa substância. "Mas isso não foi medido, pela dificuldade técnica de fazê-lo. Estamos ainda na fase de estudos com modelos animais", explica Fabrício Moreira. Segundo ele, no experimento, quando esse sistema é reduzido, o animal fica mais sujeito a sofrer uma crise equivalente ao pânico que se manifesta em humanos. Contudo, não bastaria aumentar a produção do endocanabinoide específico. "O desafio é fazer o ajuste fino e aumentar na medida certa, porque esse sistema é dual; se aumentar muito, vai favorecer o pânico e a ansiedade."

Fabrício Moreira explica que, além de propor novos alvos farmacológicos, sua equipe também tem como foco detectar a interação do sistema endocanabinoide com outros neurotransmissores clássicos, a fim de esclarecer a neurobiologia do transtorno e, assim, entender a doença no ser humano.

Epilepsia
Como o endocanabinoide é um sistema protetor do cérebro, recrutado sempre que há uma ameaça ao organismo, os pesquisadores da UFMG estenderam o estudo, em colaboração com o Núcleo de Neurociências do ICB, para o tratamento das crises convulsivas que ocorrem na epilepsia.

"Acreditamos que um dos sistemas que ‘desligam’ a crise convulsiva, protegendo o cérebro, é exatamente o endocanabinoide. Assim, um medicamento que eleve a atividade desse sistema pode reduzir a probabilidade de convulsão, configurando-se como um tratamento para a epilepsia", informa Moreira.

O grupo também pesquisa a substância CBD (canabidiol), extraída da maconha e que tem apenas uso empírico, sem embasamento científico. "O motivo de estudarmos o CBD na epilepsia é que, embora já se saiba que ele funciona, ainda não compreendemos como ele alivia as crises convulsivas", destaca o professor.

Moreira também comenta que drogas de abuso causam alterações no cérebro similares, em alguns aspectos, à epilepsia. Segundo ele, a crise epiléptica provoca uma descarga elétrica muito intensa, tóxica para o cérebro, assim como os efeitos de algumas drogas de abuso, usadas cronicamente, que também matam neurônios.

"Estamos pesquisando como o canabidiol pode proteger o cérebro do efeito dessas drogas de abuso. Assim como ele protege contra epilepsia, queremos observar até que ponto exerce essa ação protetora em uma pessoa que tem overdose de cocaína, por exemplo", explica.

As pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Neuropsicofarmacologia têm suporte financeiro das fundações de Amparo à Pesquisa dos estados de Minas Gerais e São Paulo – Fapemig e Fapesp – e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

(Ana Rita Araújo/Boletim 1.928)

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