Universidade Federal de Minas Gerais

Fitoterápico desenvolvido com extrato de folhas de mangabeira combate diabetes e hipertensão

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016, às 5h49

Tarciso Leão
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Constituintes químicos do extrato de folhas da planta Hancornia speciosa, conhecida popularmente como mangaba ou mangabeira, têm potente efeito anti-hipertensivo, além de combater diabetes e diminuir inflamações do leito vascular, comuns em hipertensos. A identificação dessas substâncias é fruto de pesquisa de professores da UFMG, iniciada há 15 anos, que gerou depósito de patente internacional para a produção de fitoterápico.

"Estamos negociando a transferência para a indústria farmacêutica. Concluímos todo o estudo pré-clínico com um derivado dessa planta, uma fração enriquecida em duas classes de substâncias: flavonoides e ciclitóis", informa o professor Fernão Castro Braga, do Departamento de Produtos Farmacêuticos da Faculdade de Farmácia, que coordena a pesquisa juntamente com Steyner Côrtes, professor do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).

A proporção ideal dessas substâncias, contidas no extrato da planta, para a atividade anti-hipertensiva foi definida, por meio de análise quimiométrica, em tese defendida no fim de janeiro, pela pesquisadora Ana Bárbara Dias Pereira, na Faculdade de Farmácia. "A tese demonstra que os flavonoides são os responsáveis pela atividade vasodilatadora, enquanto os ciclitóis têm outra ação, também relacionada com a atividade anti-hipertensiva, que é a inibição da enzima conversora de angiotensina. Desse modo, as substâncias se combinam e atuam em sinergia para a resposta biológica esperada", explica Fernão Braga.

Dados obtidos anteriormente em outras pesquisas do mesmo grupo – por meio de testes pré-clínicos que incluem estudos toxicológicos, farmacológicos e químicos – mostram a viabilidade de uso de uma fração padronizada da mangaba. "Sabemos exatamente qual o mecanismo de ação envolvido nessa resposta anti-hipertensiva e como ele funciona", ressalta Fernão Braga, destacando que a fração é ativa em uma dose muito baixa, de 0,1 mg/Kg em camundongos, o equivalente a sete miligramas por pessoa adulta. "É muito potente", enfatiza.

Segundo ele, também chamou atenção dos pesquisadores o fato de que, uma vez regularizada com a administração da fração, a pressão não decai. "Isso não é comum em casos de fármacos anti-hipertensivos, que costumam provocar oscilação de pressão", explica.

Benefício adicional observado com o uso dessas substâncias é sua atividade anti-inflamatória. "Indivíduos hipertensos têm dano na parede das artérias, por ação inflamatória, e a artéria vai perdendo a flexibilidade, o que costuma ocorrer também com o envelhecimento", diz o professor. A fração padronizada minimiza esse efeito, pois diminui a inflamação do leito vascular. O pedido de patente para o desenvolvimento de fitoterápico foi depositado na Comunidade Europeia, Estados Unidos, Canadá, Japão e China.

Diabetes
Com base em dados preliminares sobre o uso tradicional da planta para tratar diabetes, a equipe realizou a mesma análise quimiométrica, expandindo-a para outras substâncias, além dos marcadores químicos. Também foram realizados ensaios de inibição da enzima alfa-glicosidase in vitro e de tolerância à glicose in vivo, em modelo animal.

"Avaliamos dez componentes presentes na planta. Isolamos um éster de lupeol, realizamos a caracterização da estrutura química dessa substância e chegamos à conclusão de que os constituintes de menor polaridade, ou lipofílicos, têm atividade antidiabética", informa Fernão Braga, lembrando que Ana Bárbara Pereira, em sua tese, confirmou que os constituintes polares – flavonoides e ciclitóis – têm ação anti-hipertensiva, ao passo que os lipofílicos atuam na diabetes.

"Essa constatação nos levou a perceber que a ideia inicial de desenvolver uma fração para tratar tanto a hipertensão quanto a diabetes não era viável, devido à diferença de polaridade das substâncias. Por isso, temos que usar o extrato total da planta, em forma de fitoterápico", comenta o pesquisador. Ele explica, ainda, que as classes de substâncias que atuam nas duas doenças têm mecanismos de ação diferentes, daí a necessidade de usá-las misturadas, no extrato bruto, não com a fração. Como extrato, em forma de fitoterápico, a potência é menor do que seria em cada fração isolada, mas há vantagens em administrá-las juntas, uma vez que diabetes e hipertensão normalmente têm ocorrência simultânea.

Disponibilidade
Por se tratar de fruto muito usado na indústria culinária, sobretudo no Nordeste, para preparo de sorvetes, geleias e compotas, a mangaba é cultivada comercialmente, o que significa que há grande disponibilidade de folhas, matéria-prima para a produção do fitoterápico proposto. Ao investigar esse aspecto, a equipe de pesquisadores da UFMG observou que plantas de diferentes bases genéticas, assim como as coletadas em diferentes estações do ano, produzem teor satisfatório das substâncias propostas para o uso medicamentoso.

"Todas as amostras induziram à atividade anti-hipertensiva", reforça o professor da Faculdade de Farmácia. Além disso, ressalta, o extrato é obtido das folhas, que são renováveis, diferentemente da raiz ou das cascas, que, se utilizadas, poderiam matar a planta.

Foca Lisboa/UFMG
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Fernão Castro Braga: extrato total da planta combate as duas doenças

(Ana Rita Araújo/Boletim 1928)

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