Universidade Federal de Minas Gerais

Laboratório da Paisagem, sobre mapa cadastral de Ouro Preto
laboratorio%20da%20paisagem.jpg
Mapa do período inicial da análise: oito arraiais

Em livro, pesquisadoras da Arquitetura oferecem panorama dos principais métodos de análise da formação e transformação da paisagem urbana

sexta-feira, 6 de maio de 2016, às 10h34

Não é sempre que uma obra que tem a finalidade precípua de ser didática consegue, ainda que por vias tortas, contar histórias interessantes de caminhos de vida e de produção intelectual. Um geógrafo alemão radicado na Inglaterra e um arquiteto italiano, ambos perseguidos por regimes totalitários pré-Segunda Guerra, são personagens centrais do livro Fundamentos de morfologia urbana (editora C/Arte), da professora Staël Alvarenga e da pesquisadora Manoela Netto, ambas vinculadas ao Laboratório da Paisagem da Escola de Arquitetura.

De forma inédita no Brasil, a obra esmiúça as ideias de M.R.G. Conzen e Saverio Muratori, que elaboraram as metodologias mais completas e aceitas para a compreensão de uma cidade. "A morfologia urbana oferece abordagem que junta forma, função e desenvolvimento do tecido urbano", afirma Staël Alvarenga, que é doutora pela USP. O objetivo é entender o processo de formação e transformação de uma paisagem urbana, mirando as formas concretas e levando em conta fatores sociais, culturais e ambientais.

Conceitos e instrumentos descritos em texto publicado por Conzen, em 2004, foram aplicados e interpretados em Ouro Preto (MG), por pesquisadores do Laboratório da Paisagem. O método relaciona períodos históricos às inovações nas cidades.

"A escolha da antiga Vila Rica se deveu à abundância de mapas e dados cadastrais desde o século 18, que foram sobrepostos a bases digitais atualizadas, e à equivalência de dimensões com a cidade de Alnwick, na Inglaterra, estudada de forma consistente pelo geógrafo alemão", comenta Manoela Netto, que cursou graduação e mestrado na Escola de Arquitetura. Ela acrescenta que foi possível perceber distorções – de proporção e localização, por exemplo – nos documentos antigos, o que exigiu ajustes com base em dados georreferenciados.

Sete períodos
A análise de Ouro Preto reproduzida no livro considera sete períodos morfológicos, que vão desde o tempo da descoberta do ouro (1698-1710), quando havia oito arraiais, até o pós-tombamento pela Unesco (de 1980 aos dias atuais). Nesse intervalo, Staël Alvarenga e Manoela Netto definiram as seguintes fases: Criação da Vila Rica (1711-1740), marcada por núcleos ocupados por portugueses e paulistas; Consolidação da Vila Rica (1741-1824), em que os dois povoados se unem; A cidade de Ouro Preto (1825-1896), época de investimentos em infraestrutura urbana de acordo com a ideologia imperialista; Estagnação econômica (1897-1937), após a mudança da capital para Belo Horizonte, fase marcada pela permanência das formas; Tombamento e expansão urbana, quando o então recém-criado Iphan declara a cidade patrimônio nacional. "Nessa etapa, florescem atividades econômicas e surge a Universidade Federal de Ouro Preto", afirma Manoela Netto.

No último período, iniciado com a decisão da Unesco, o incremento do turismo coincide com o surgimento de ocupações espontâneas em encostas e outros fenômenos que afetam o caráter de patrimônio histórico da cidade. As pesquisadoras ressaltam que a clara percepção das transformações espaciais ao longo do tempo possibilita intervir de maneira mais consciente com determinados objetivos como o da preservação ambiental e cultural.

Rota matriz
O método de Saverio Muratori, divulgado em publicações de seus discípulos, uma vez que o professor se limitava a expor suas ideias em aulas e conferências, também foi aplicado em Ouro Preto. Os elementos-chave da metodologia são as casas (tipo básico), as ruas (séries tipológicas), os quarteirões (tecido urbano) e o território (organismo urbano).

"A formação da cidade é explicada sobre a noção de eixos que vão se unindo. O caminho-tronco ou rota matriz – que no caso de Ouro Preto é o trecho da Estrada Real – forma os quarteirões com uma rota paralela chamada conexão", explica Manoela Netto. Ela lembra que Muratori era filósofo e privilegiava a preservação da história, um dos motivos pelos quais incomodava o regime fascista. O italiano, que lecionou na Universidade de Roma, investigou por quase duas décadas a evolução de Veneza e de Roma.

Se Conzen e Muratori divergem nos métodos, eles têm objetivos muito próximos, que se caracterizam, de acordo com as autoras de Fundamentos de morfologia urbana, pela relevância de se compreender a relação entre transformação e permanência. "A escola inglesa da morfologia urbana, fundada por Conzen, e a escola italiana, que se construiu sobre as ideias de Muratori, compõem exemplo típico da sincronicidade de necessidades criadas por um tempo de crise e que levam à elaboração de teorias convergentes na sua essência", afirma Staël Alvarenga.

Livro: Fundamentos de morfologia urbana
Autoras: Staël de Alvarenga Pereira Costa e Maria Manoela Gimmler Netto
Editora: C/Arte
Apoio: Fapemig
234 páginas / R$ 59 (preço de capa)

(Itamar Rigueira Jr/Boletim 1938)

05/set, 13h24 - Coral da OAP se apresenta no Conservatório, nesta quarta

05/set, 13h12 - Grupo de 'drag queens' evoca universo LGBT em show amanhã, na Praça de Serviços

05/set, 12h48 - 'Domingo no campus': décima edição em galeria de fotos

05/set, 9h24 - Faculdade de Medicina promove semana de prevenção ao suicídio

05/set, 9h18 - Pesquisador francês fará conferência sobre processos criativos na próxima semana

05/set, 9h01 - Encontro reunirá pesquisadores da memória e da história da UFMG

05/set, 8h17 - Sessões do CineCentro em setembro têm musical, comédia e ficção científica

05/set, 8h10 - Concerto 'Jovens e apaixonados' reúne obras de Mozart nesta noite, no Conservatório

04/set, 11h40 - Adriana Bogliolo toma posse como vice-diretora da Ciência da Informação

04/set, 8h45 - Nova edição do Boletim é dedicada aos 90 anos da UFMG

04/set, 8h34 - Pesquisador francês aborda diagnóstico de pressão intracraniana por meio de teste audiológico em palestra na Medicina

04/set, 8h30 - Acesso à justiça e direito infantojuvenil reúnem especialistas na UFMG neste mês

04/set, 7h18 - No mês de seu aniversário, Rádio UFMG Educativa tem programação especial

04/set, 7h11 - UFMG seleciona candidatos para cursos semipresenciais em gestão pública

04/set, 7h04 - Ensino e inclusão de pessoas com deficiência no meio educacional serão discutidos em congresso

Classificar por categorias (30 textos mais recentes de cada):
Artigos
Calouradas
Conferência das Humanidades
Destaques
Domingo no Campus
Eleições Reitoria
Encontro da AULP
Entrevistas
Eschwege 50 anos
Estudante
Eventos
Festival de Inverno
Festival de Verão
Gripe Suína
Jornada Africana
Libras
Matrícula
Mostra das Profissões
Mostra das Profissões 2009
Mostra das Profissões e UFMG Jovem
Mostra Virtual das Profissões
Notas à Comunidade
Notícias
O dia no Campus
Participa UFMG
Pesquisa
Pesquisa e Inovação
Residência Artística Internacional
Reuni
Reunião da SBPC
Semana de Saúde Mental
Semana do Conhecimento
Semana do Servidor
Seminário de Diamantina
Sisu
Sisu e Vestibular
Sisu e Vestibular 2016
UFMG 85 Anos
UFMG 90 anos
UFMG, meu lugar
Vestibular
Volta às aulas

Arquivos mensais:
outubro de 2017 (1)
setembro de 2017 (33)
agosto de 2017 (206)
julho de 2017 (127)
junho de 2017 (171)
maio de 2017 (192)
abril de 2017 (133)
março de 2017 (205)
fevereiro de 2017 (142)
janeiro de 2017 (109)
dezembro de 2016 (108)
novembro de 2016 (141)
outubro de 2016 (229)
setembro de 2016 (219)
agosto de 2016 (188)
julho de 2016 (176)
junho de 2016 (213)
maio de 2016 (208)
abril de 2016 (177)
março de 2016 (236)
fevereiro de 2016 (138)
janeiro de 2016 (131)
dezembro de 2015 (148)
novembro de 2015 (214)
outubro de 2015 (256)
setembro de 2015 (195)
agosto de 2015 (209)
julho de 2015 (184)
junho de 2015 (225)
maio de 2015 (248)
abril de 2015 (215)
março de 2015 (224)
fevereiro de 2015 (170)

Expediente