Universidade Federal de Minas Gerais

Fotos: Foca Lisboa / UFMG
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Rosalind Hackett, John Crowley, Sandra Goulart Almeida, Jaime Ramírez, Evaldo Vilela, Paula de Miranda Ribeiro e Luiz Oosterbeek

Humanidades podem ajudar a libertar a sociedade de algum lugar onde a ciência pura já não alcança, defende vice-reitora, na abertura do evento

terça-feira, 4 de outubro de 2016, às 14h40

O reitor Jaime Ramírez defendeu, na manhã desta terça-feira, dia 4, maior envolvimento das humanidades na busca de “respostas mais articuladas para os problemas e desafios do nosso mundo" e lamentou a tendência, nas últimas décadas, de se direcionar investimentos e esforços políticos mais expressivos para outros campos do conhecimento.

A análise foi feita na abertura da Conferência internacional sul-americana: territorialidades e humanidades, realizada no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas. O evento está sendo realizado nesta semana em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e com a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).

_MG_5255.jpg “Em tempos mais recentes”, demarcou o reitor, “temos observado nas nossas sociedades um apoio muito grande – midiático e financeiro – para as tecnologias, sobretudo as engenharias, as ciências exatas, as ciências agrárias. Não há dúvida de que esses campos de conhecimento são importantíssimos para o desenvolvimento de nossa sociedade. Contudo, grande parte das questões que enfrentamos hoje, seja individualmente ou da sociedade, como um todo compete ao campo das humanidades”, cravou.

Para Ramírez, que é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia, não será uma só disciplina, mas o conjunto das disciplinas das humanidades que trará respostas para os impasses que atravessam as relações sociais contemporâneas. "Somado à linguística, às letras, às artes e a parte das ciências sociais aplicadas, o campo das humanidades responde por aproximadamente um terço da UFMG. Não seríamos a UFMG que somos se não fosse esse terço tão representativo – e não apenas no aspecto estritamente quantitativo, mas no aspecto da formação de recursos humanos e da produção de conhecimento”, afirmou.

Após as boas-vindas oferecidas pelo reitor aos participantes e conferencistas brasileiros e estrangeiros – de Argentina, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Peru, Portugal e Uruguai – que participam do evento, a vice-reitora Sandra Goulart Almeida reiterou a satisfação da UFMG em realizar o evento. “É de fato uma honra sediar uma conferência que se propõe não apenas a pensar o lugar das humanidades no cenário contemporâneo, mas principalmente refletir sobre a dimensão transdisciplinar da pesquisa atual diante dos impasses que se apresentam no século 21”, demarcou.

_MG_5266.jpg A vice-reitora – que é presidente do Comitê Científico da conferência – sintetizou o seu pensamento em fala do pesquisador estadunidense Donald Drakeman, que no livro Why we need the humanities expõe a necessidade de encontrar “mais espaço para as humanidades no contexto do ensino superior, na esperança de que não fiquemos presos em algum lugar no qual a ciência pura não possa nos ajudar”, citou.

Ainda participaram da mesa de abertura John Crowley, líder de equipe da Unesco para a temática “mudança ambiental global”, Luiz Oosterbeek, secretário-geral do CIPSH e membro do comitê científico do evento, Paula de Miranda Ribeiro, diretora da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), e Evaldo Vilela, presidente da Fapemig – que, entre outras coisas, destacou o plano da entidade de estabelecer uma espécie de “Ciência sem Fronteiras” para as humanidades em Minas Gerais.

Rosalind Hackett, vice-presidente do Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (CIPSH) da Unesco, também participou do evento. Em sua exposição, Hackett lembrou um artigo publicado recentemente no periódico especializado The Chronicle of Higher Education. No texto, relatou Hackett, um professor da Califórnia, EUA, contou como se assustou ao interagir com seus alunos e perceber que eles entendiam que questões importantes do âmbito das humanidades, como as políticas antirracistas, situavam-se não no campo científico, mas, sim, no âmbito do gosto e das livres escolhas individuais. A professora se valeu do exemplo para ilustrar a forma como as reflexões do campo das humanidades são muitas vezes sub-compreendidas mesmo no âmbito acadêmico.

A Conferência Internacional Sul-Americana: Territorialidades e Humanidades integra as comemorações dos 90 anos da UFMG. A programação pode ser consultada no site do evento.

_MG_5290.jpg Meta é política
Para John Crowley – que fará a conferência de encerramento na sexta-feira, 7 – “é bastante óbvio que estamos em um momento de mudança do pensamento global”, haja vista a conjuntura ter se tornado propícia para a realização da conferência interamericana na UFMG e das demais que estão programadas para outros continentes nos próximos meses, todas preparatórias para a Conferência Mundial das Humanidades, que ocorrerá em Liège, na Bélgica, em 2017.

Em sua fala, Crowley explicou que a Unesco realiza assembleias semestrais para discutir os direcionamentos da entidade e que há dez anos os estados-membros já haviam iniciado uma discussão sobre a necessidade de revalorizar as humanidades. “De lá para cá ocorreram mudanças reais no mundo [que tornaram clara e urgente essa necessidade], e agora estamos em um momento-chave para a humanidade, muito importante para estabelecermos uma agenda mundial. Essas mudanças deixaram claro que atualmente damos ênfase apenas à forma como as coisas funcionam e que, se não buscarmos entender os seus reais significados, não conseguiremos alcançar os nossos objetivos.”

O dirigente da Unesco sustentou que a entidade tem interesse em que o evento não se limite aos tópicos das comunicações, mas se transforme em palco de uma prolífica exposição de ideias sobre o que as ciências humanas precisam fazer para superar os desafios do contemporâneo, “que, em parte, surgem no próprio âmbito das humanidades e em parte surgem fora dele”, afirmou.

“Esperamos que os resultados obtidos aqui possam ser compartilhados com os demais países da América Latina e do Caribe, para que a seguir essa mensagem seja enviada para Liège”, disse. Antes de encerrar, o pesquisador fez questão de salientar o caráter diplomático-político da atuação da Unesco – particularmente, o do seu Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (CIPSH). “Esta é uma pauta também política, e o desejo de fomentar essa pauta é uma mensagem que enviamos ao mundo, a mensagem de que, sem o investimento nas humanidades, não será possível alcançar o mundo sustentável que esperamos e planejamos para 2030.”

Na sequência, a professora Susanna Hecht, da Universidade Califórnia (Ucla), abordou, em sua conferência, os resultados das pesquisas que realiza sobre a Amazônia, no âmbito da ecologia política.

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