Fotos: Foca Lisboa / UFMG |
As narrativas construídas e disseminadas pela mídia e pela academia não representam a mulher negra e refletem uma imposição do processo de embranquecimento cultural. A crítica foi feita pela ativista Maria Rita Casagrande, do movimento Mulheres Negras, em sua exposição na mesa-redonda Materialidades e representações, realizada na manhã de hoje. “Existe um padrão e, por mais que digam que não existe racismo, sabemos que existe sim”, afirmou a blogueira. A penúltima mesa-redonda da Conferência internacional sul-americana: territorialidades e humanidades foi coordenada pelo professor Luiz Carlos Villalta, do Departamento de História da Fafich, e também contou com as participações de Aldrin Moura Figueiredo, da Universidade Federal do Pará (UFPA), Leonel Cabrera, da Universidad de La Republica (Udelar), no Uruguai, e César Lorenzano, da Universidad Nacional de Tres de Febrero, na Argentina. Arte e patrimônio Aldrin Moura Figueiredo mostrou exemplos de representações artísticas do estado do Pará, destacando como a cultura do estado evoluiu de acordo com a construção de seus prédios históricos e a criação de obras de arte. Leonel Cabrera, por sua vez, destacou o modo como o patrimônio cultural é capaz de preservar as memórias de um povo, exibindo fotos de monumentos uruguaios que contam a história do país. Na visão de Maria Rita Casagrande, as narrativas difundidas são incapazes de representar a mulher negra. “Se os índios têm direito a uma narrativa própria, que é reconhecida por todos, por que esse direito não é dado aos negros? A população negra é mais vulnerável, mas precisamos reafirmar que ela não é incapaz”, concluiu.
Os outros participantes da mesa-redonda abordaram o tema da representatividade na arte. César Lorenzano falou sobre a presença do corpo humano nas obras de arte. Para o pesquisador, os artistas não expressam, nas pinturas, aquilo que veem, mas uma imagem interna do que sentem pelo objeto retratado.