Lucas Braga / UFMG |
A política de ações afirmativas da UFMG e seus desafios serão tema de mesa-redonda nesta terça-feira, 18, a partir das 19h, no auditório do Centro de Atividades Didáticas de Ciências Humanas (CAD 2), campus Pampulha. A mesa é parte do diálogo que a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) tem mantido com setores da UFMG e fóruns da sociedade civil, para identificar demandas e políticas já existentes na Universidade. Nesta 25ª Semana do Conhecimento, a Prae também promove a apresentação de 34 banners referentes aos trabalhos aprovados em duas chamadas para estudantes, nas áreas de ações afirmativas e apoio a projetos acadêmicos. De acordo com o pró-reitor Tarcísio Mauro Vago, as chamadas têm como princípio oferecer aos estudantes a possibilidade de realizar eventos com financiamento institucional sem a tutela permanente de professores. “Ficamos felizes porque recebemos propostas de todas as grandes áreas do conhecimento e dos três campi. Esperamos que, com a visibilidade maior que as chamadas terão na Semana, possamos receber um número ainda maior numa próxima chamada”, pondera. Ele esclarece que, mesmo dez anos depois da implementação das primeiras modalidades de ações afirmativas, a exemplo da Lei de Cotas, existe dentro e fora da Universidade muito desconhecimento sobre o que seriam ações afirmativas. Assim, além de discutir as possíveis políticas para serem implementadas nos diferentes espaços da UFMG, “a proposta é também abordar o que vem a ser política de ações afirmativas e o que não o é”, diz Ednilson. Em sua opinião, essa política deve ter amplitude e buscar a democratização da produção e da fruição do conhecimento, ou seja, deve envolver a redistribuição de espaços, de recursos e do próprio conhecimento, para a construção de uma sociedade mais democrática e horizontal. Tarcísio Vago caracteriza a mesa como um momento de reflexão para a UFMG pensar sua política de afirmação, discutir e fortalecer a igualdade de condições e de direitos. “Há necessidade de criar políticas para que os jovens consigam entrar na Universidade, permanecer e sair em condições favoráveis”, afirma. A Pró-reitoria de Extensão também participa da organização da mesa-redonda já que, como lembra Vago, existe um número expressivo de ações de extensão na Universidade que trabalham com ações afirmativas. Segundo Claudia Mayorga, pró-reitora adjunta de Extensão, esse será um momento propício para discutir com a comunidade acadêmica e outros setores da sociedade a política de ações afirmativas em construção na UFMG. O professor Rodrigo Ednilson também chama a atenção para a questão da Lei de Cotas, criada em 2012, responsável por corrigir as desigualdades históricas, fazendo “o corpo discente da Universidade mudar consideravelmente”. A partir daquele ano, 50% dos estudantes que entraram na UFMG são cotistas, índice que aumentou gradualmente nos últimos anos. “O Rendimento Semestral Global (RSG) dos alunos que entraram na Universidade pelas cotas é maior ou igual aos estudantes não cotistas, em 74 dos 75 cursos de graduação”, ressalta Tarcísio Vago. Na UFMG, o Programa de Ações Afirmativas, criado em 2002 na Faculdade de Educação (FaE), congrega docentes e discentes de diferentes unidades acadêmicas e distintas áreas do conhecimento e implementa políticas e práticas de permanência na Universidade. Foi formado com o objetivo de oferecer a estudantes negros, sobretudo os de baixa renda, possibilidades de continuidade na graduação e, simultaneamente, a ampliação da compreensão da questão racial na sociedade brasileira, a partir de uma proposta pedagógica voltada para a valorização da cultura negra. Também coordenador do Programa, Rodrigo Ednilson afirma que é propósito do Ações Afirmativas “investir na entrada e na permanência de estudantes também na pós-graduação, e na construção de espaço para pesquisa e produção acadêmica sobre relações sociais no Brasil”. (Com Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão)
Academia inclusiva
“Tanto a mostra de trabalhos quanto a mesa têm tudo a ver com a questão da produção do conhecimento e da articulação entre ciência e sociedade, presentes no tema da Semana”, afirma o pró-reitor adjunto de Assuntos Estudantis, Rodrigo Ednilson.
“A participação da comunidade é preciosa. Queremos construir uma política não apenas para determinadas pessoas, mas com as pessoas”, enfatiza o pró-reitor adjunto. Segundo ele, trazer representantes da gestão, do Núcleo de Ações Afirmativas na UFMG e do Fórum de Juventudes da Região Metropolitana, “é uma tentativa de estabelecer esse diálogo entre a Universidade e a sociedade, para construir uma política que possa incluir as diferenças nesse espaço que certamente precisa dar retorno à sociedade”.