Pacientes que se submetem à radioterapia para combater o câncer na região da cabeça e do pescoço sofrem com alterações no funcionamento das glândulas salivares, o que provoca inflamações da mucosa, úlceras e infecções. Protocolo inédito para prevenção de lesões será discutido na primeira edição do Fórum sobre cuidados odontológicos para paciente irradiado em cabeça e pescoço, programado para 16 de dezembro, na Faculdade de Odontologia, no campus Pampulha. Marina Gontijo / UFMG As inscrições para participação de estudantes e profissionais da saúde no fórum podem ser feitas neste link. Programação do evento e mais informações estão disponíveis no site da Faculdade de Odontologia. Boca seca e própolis Desenvolvido na Faculdade de Odontologia, o protocolo presta assistência antes, durante e após o tratamento com radiação. O paciente diagnosticado com câncer na região da cabeça e do pescoço é encaminhado pelo oncologista para a equipe coordenada pelo professor Vagner Rodrigues e passa por uma primeira avaliação de saúde bucal, momento em que é preenchida ficha clínica e realizados os procedimentos de extração, remoção de cáries, tratamentos de canal, entre outros necessários para a prevenção de futuros problemas advindos da radioterapia. Após essa etapa, é prescrito ao paciente o uso do gel de própolis, desenvolvido com base em estudos que atestaram as propriedades anti-inflamatórias, antifúngicas e antibacterianas da própolis verde. “Com ele, evitamos o uso de até quatro medicamentos diferentes. A equipe de atendimento observou que todos aqueles que utilizaram o gel de própolis antes e durante a radioterapia não desenvolveram inflamação da mucosa”, afirma o professor. Quando chega à clínica já com inflações e úlceras graves decorrentes da irradiação, o paciente é submetido a um tratamento agressivo com o gel associado a outros medicamentos, com o objetivo de reabilitar a fala. Substância barata e acessível, o gel de própolis sintetizado em laboratório apresentou resultados satisfatórios em testes contra o fungo causador da candidíase oral, o popular sapinho. Segundo o professor Vagner Rodrigues, parceria com a empresa Pharma Nectar proporciona a produção de um gel com 5% de própolis certificado mundialmente pela International Organization for Standardization (ISO 9001) e pela Good Manufacturing Practices (GMP). “Trata-se de um tratamento viável economicamente que poderia ser utilizado pelo Sistema Único de Saúde”, afirma o professor da Faculdade de Odontologia. (Natiele Lopes)
A iniciativa abrigará apresentação do pioneiro protocolo de cuidados odontológicos para pacientes irradiados desenvolvido no Brasil, sob a coordenação do professor Vagner Rodrigues [em foto ao lado], e a demonstração do tratamento mais conhecido para esse tipo de paciente, utilizado na Argentina. De acordo Rodrigues, ainda não existe um protocolo de cuidados odontológicos reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (ONU). “Nossa intenção é unificar um protocolo e trabalhar para que ele seja aceito no mundo inteiro”, explica o professor, responsável pela organização do fórum.
O protocolo de cuidados odontológicos para pacientes que necessitam se submeter à radioterapia foi desenvolvido em razão das alterações que ocorrem na boca das pessoas que passam por esse tratamento de câncer. A perda de função das glândulas salivares provoca a chamada “boca seca”, tornando a mucosa suscetível à ação danosa de bactérias e fungos. “Um paciente não cuidado durante a radioterapia pode apresentar úlceras que o impedirão de comer e até de falar”, adverte Vagner Rodrigues.