Daniel Protzner / UFMG |
Cento e vinte pessoas na cerimônia de abertura, 180 na Gaymada, mais de 200 na festa de encerramento: ao todo, quase mil pessoas participaram das atividades do 11º Festival de Verão da UFMG, somando-se as palestras, as oficinas e os eventos culturais realizados nesta edição. As oficinas, por exemplo, que constituem a atividade mais tradicional do evento, atingiram 90% de ocupação: 141 vagas foram preenchidas. Além disso, um público não estimado ainda pôde conferir, da Praça da Liberdade, as quatro mostras fotográficas expostas na fachada digital do Espaço do Conhecimento. “Todas as atrações tiveram um bom público, e a percepção de quem trabalhou também nas edições anteriores é de que a participação cresceu. O Festival de Verão, que ainda é jovem, está se tornando mais conhecido: nesta edição, o evento se fez ver e fez as pessoas verem”, comemora Juarez Guimarães Dias, coordenador geral do evento. Foto: Daniel Protzner O espetáculo teatral #Cortiço [na foto abaixo] dá a medida dessa visibilidade: a peça teve lotação esgotada em suas duas apresentações. Ao todo, 140 pessoas assistiram, ou melhor, participaram do espetáculo, já que a peça – montada no âmbito do curso técnico em arte dramática do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado – é interativa, realizada em conjunto com a plateia. O miniauditório do Conservatório UFMG também esteve praticamente lotado na maior parte das palestras. Ao todo, 130 pessoas assistiram a esses eventos, que já se tornaram um cartão de visitas do Festival de Verão. Beleza e potência “É um tema inesgotável, instigante, que repercutiu muito bem entre os participantes do evento e propiciou atividades de muita diversidade”, avaliou Leda. “Os aspectos que mais me encantaram foram a beleza e a potência das atividades realizadas. No evento, os participantes puderam abordar temas delicados, como questões de gênero, étnicas, questões religiosas”, destacou a diretora. Realizado em equipamentos culturais que a Universidade mantém na região Centro-sul, a edição levou atividades para a periferia da cidade e até mesmo para fora de Belo Horizonte, como no caso da oficina Biodiversidade evanescente em Minas: epicentro de um terremoto ambiental, cujos participantes foram à Serra do Cipó investigar o desaparecimento da biodiversidade na região. Foto: Daniel Protzner O centro comunitário da Ocupação Rosa Leão, no bairro Zilah Spósito, na Zona Norte de Belo Horizonte, recebeu a oficina “Cruzinhar”: descobrindo uma forma viva de cozinhar – oficina de alimentação viva, em que os participantes puderam conhecer um modelo de nutrição ainda pouco conhecido no Brasil: a “alimentação viva”, que preconiza o uso de alimentos extraídos diretamente da terra, sem passar por processos como o congelamento ou o cozimento. Para Juarez, as atrações do evento conseguiram transitar com desenvoltura entre diversos públicos. Como exemplo, ele cita o Campeonato interdrag de gaymada, realizado no Parque Municipal em um dia de semana. “Assim, conseguimos alcançar o próprio público que frequenta o parque e não apenas quem já conhece o evento. As pessoas foram chegando aos poucos; no fim, o espetáculo performativo estava cheio”, comemora o coordenador. Foto: Daniel Protzner Para Juarez, tudo isso evidencia que a Universidade realmente conseguiu cumprir o seu papel social com o evento. “Conseguimos dar visibilidade a algumas coisas que julgávamos invisíveis. O evento gerou espaços de fala, de presença, de participação, e lançou alguma luz sobre grupos e questões que muitas vezes ficam invisibilizados. Isso foi muito emocionante”, comentou. “O tema foi realmente incorporado pelos palestrantes, artistas e professores das oficinas, assim como pelos participantes das atividades. Se pudéssemos mensurar, certamente veríamos que a palavra ‘invisibilidade’ foi a mais pronunciada durante os quatro dias de evento”, afirmou. Segundo Leda Maria Martins, daqui a algumas semanas a equipe de curadoria do evento vai se reunir para fazer uma avaliação formal da edição e começar a discutir o Festival de Verão de 2018. “Em princípio, já é possível adiantar que, tanto no Festival de Verão do ano que vem como no Festival de Inverno, a ser realizado no segundo semestre deste ano, queremos dar mais ênfase à questão da acessibilidade, que é essencial.” Para as próximas edições do Festival de Verão, Juarez Dias fala em investir na ideia de residência artística, experimentada com sucesso nesta edição. “Felipe Soares, que realizou a performance Invisibilidade social no último dia, participou de uma residência artística no Centro Cultural UFMG, em que ele passou a semana estudando a região em que ia trabalhar e realizando interlocuções e treinamentos com outros artistas. "Queremos ampliar esse modelo para as próximas edições", concluiu. Todas as informações relativas ao Festival de Verão da UFMG podem ser acessadas no hotsite do evento, onde também estão disponíveis fotografias das atividades realizadas.
Participante da oficina A visão dos invisíveis e fotógrafo do Festival se retratam simultaneamente durante a atividade. Fotos foram expostas na fachada do Espaço do Conhecimento
Para a professora Leda Maria Martins, diretora de Ação Cultural da UFMG, esse sucesso se deve de início à escolha do tema desta edição do Festival, Universos (in)visíveis. Por meio desse mote, as atividades do Festival propiciaram reflexões transversais sobre o binômio visibilidade/invisibilidade, chamando atenção para os aspectos da realidade que, mesmo ao alcance dos olhos, não são notados por grande parte das pessoas.
Participantes se reúnem com professor da oficina no Conservatório, antes de seguirem para a Serra do Cipó
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