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Na próxima segunda-feira, 10, o Auditório 1007 da Faculdade de Letras abrigará, a partir das 14h, aula inaugural do primeiro semestre de 2017 do Programa de Pós-graduação em Estudos Literários da UFMG. Na ocasião, o professor Newton Bignotto, do Departamento de Filosofia da Fafich, falará sobre o jornalista e escritor russo Vassilli Grossman e sua literatura de testemunho sobre a Segunda Guerra Mundial. A aula será focalizada no livro O inferno de Treblinka, escrito em 1944, com base nas entrevistas que o autor realizou com prisioneiros que fugiram depois da rebelião que ficou conhecida como a "Revolta do Campo", em agosto de 1943, e com camponeses e moradores dos arredores do campo de concentração de Treblinka, pequena cidade localizada na Polônia. Segundo o Museu Americano sobre o Holocausto, a rebelião no campo polonês – onde estima-se que mais de 800 mil pessoas tenham sido assassinadas – foi um entre os quatro eventos similares ocorridos entre 1943 e 1945. Após as últimas deportações de judeus para Treblinka, cerca de mil prisioneiros, cientes de que seriam executados, muniram-se de pás, picaretas e algumas armas roubadas, atearam fogo em uma área do campo e romperam a cerca de arame farpado. Cerca de 300 pessoas conseguiram escapar. Em artigo sobre o livro, Newton Bignotto analisa o papel do escritor diante daquele episódio. Para ele, não se trata de reproduzir o sofrimento das vítimas nem de sumarizar os fatos ocorridos naquele campo de concentração. "O lugar do escritor não é nem o do testemunho, direto ou indireto, nem o do estudioso que procura por meio de fatos e números abordar a questão do Holocausto. Trata-se de forjar um olhar que transmita a experiência vivida nas fronteiras do horror e que a traga para o centro da condição humana", escreve o filósofo no resumo de sua comunicação. Tolstói da Segunda Guerra O filósofo
Nascido em 1905, em Berdychiv, território hoje pertencente à Ucrânia, o jornalista e escritor russo Vassilli Grossman ficou conhecido como o Tolstói da Segunda Guerra, após o lançamento, em 1959, de seu romance Vida e destino, considerado uma das maiores obras literárias do século 20 e comparada a Guerra e paz. Somente em 2014, o livro ganhou uma edição brasileira pela editora Alfaguara. Como jornalista, foi um dos primeiros a relatar os horrores de Treblinka.
Doutor em Filosofia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, na França, Newton Bignotto é professor do Departamento de Filosofia da UFMG. Tem experiência em História da Filosofia, dedicando-se principalmente aos temas republicanismo, Maquiavel e liberdade. É autor, entre outros, dos livros Origens do republicanismo moderno (2001), Maquiavel (2003) e As aventuras da virtude (2010).