Escrita para clarinet em si bemol, violino, violoncelo e piano, a composição camerística Quatuor pour la fin du temps ou Quarteto para o fim dos tempos, do francês Olivier Messiaen, será executada integralmente por Iura de Rezende, Rommel Fernandes, Elise Pittenger e Guida Borghoff (respectivamente nos instrumentos citados). A apresentação da obra, de 1941, será realizada hoje, 25, às 20h, no projeto Conexões Musicais do Conservatório UFMG, com entrada gratuita. A história da obra começa em setembro de 1939. A França entrava na Segunda Guerra Mundial, e Messiaen foi chamado para exército, sendo, poucos meses depois, em maio de 1940, capturado durante uma ofensiva alemã. Junto com outros prisioneiros, o francês sobreviveu durante um ano no campo de concentração Stalag VIII A, em Görlitz (Polônia). Sua sorte mudou quando o oficial nazista responsável pelo Stalag e amante de música soube das competências de Messiaen (como de outros três prisioneiros músicos) e deixou que o compositor trabalhasse a fim de fazer um concerto no campo de concentração. Messiaen escreveu para musicistas não profissionais conhecidos na prisão (um violoncelista, um violinista e um clarinetista) e, posteriormente, acrescentou uma parte para piano, que foi tocado pelo próprio compositor. Quatuor pour la fin du temps foi executada no dia 15 de janeiro de 1941, sob a neve e em condições muito difíceis, diante de todos os prisioneiros do Stalag VIII A, reunidos em um pátio gelado. Após a composição, Messiaen foi indicado para vaga de docência em harmonia no Conservatório de Paris, posto que ocuparia até sua aposentadoria, em 1978. Os músicos Arquivo pessoal Foca Lisboa / UFMG O Conservatório UFMG fica na Avenida Afonso Pena, 1534, no centro de Belo Horizonte.
Arquivo pessoal
Clarinetista natural de Belo Horizonte, Iura de Rezende formou-se na Escola de Música da UFMG e posteriormente obteve diploma de solista pela Academia de Música da Basileia (Musikakademie der Stadt Basel), na Suíça, e especialização na Universidade das Artes (Hochschule der Künste), em Berlim, Alemanha. Como camerista, atuou na Europa e Brasil ao lado de importantes nomes do cenário erudito nacional como Antonio Meneses, Washington Barella e Fabio Cury.
Foca Lisboa / UFMG
Rommel Fernandes é o spalla (primeiro violinista) associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e mantém intensa atividade como solista, recitalista e músico de câmara. Mestre e doutor em Música pela Northwestern University (EUA), frequentou importantes instituições ligadas à musica moderna, como o Lucerne Festival Academy (Suíça) e o Tanglewood Music Center (EUA). O violinista atuou como convidado das orquestras sinfônicas de Boston e Chicago, fez parte do corpo docente da North Park University e foi membro da Chicago Civic Orchestra.
A violoncelista Elise Pittenger, natural de Baltimore nos EUA, mudou-se para o Brasil em 2010 para integrar a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, na qual exerceu o cargo de chefe do naipe de violoncelos de 2011 a julho de 2015, e atuou como solista em 2012 e 2013. Professora da UFMG, a musicista possui doutorado em performance musical pela McGill University (Canadá).
Atual diretora do Conservatório UFMG, Guida Borghoff é pianista, recitalista e camerista. Em Freiburg e Karlsruhe, ambas na Alemanha, completou, respectivamente, seu mestrado em Música de Câmara e o doutorado em Interpretação. Desde 1997, atua na graduação e pós-graduação da Escola de Música da UFMG como professora de piano e música de câmara. Lançou, em 2008, o disco Canções de F. Liszt , com o tenor Reginaldo Pinheiro, e, em 2009, a Obra para piano e violino de Guerra-Peixe, com a violinista Eliane Tokeshi.