Universidade Federal de Minas Gerais

Carol Prado / UFMG
iara%20souto%20-%20carol%20prado.jpg
Iara Souto pesquisou narrativas que se contrapõem à "mitologia da resistência"

Memórias sobre a UFMG durante a ditadura militar são analisadas em dissertação

sexta-feira, 5 de maio de 2017, às 6h30

Em muitas entrevistas que realizou e a que teve acesso ao longo de sua pesquisa de mestrado, no Programa de Pós-graduação em História, Iara Souto Ribeiro Silva encontrou passagens em que os entrevistados – membros da comunidade acadêmica, sobretudo ex-dirigentes – enfatizam ações individuais e institucionais que denotam atitude de resistência da UFMG à ditadura militar. Da mesma forma, textos e discursos de publicações, homenagens e efemérides concentram sua retórica em lembranças que favorecem a imagem de uma universidade que preservou sua autonomia naquele período.

Ela lembra, porém, que houve episódios de acomodação e até de colaboração por parte de pessoas e da instituição que têm sido omitidos. "Está longe de ser desprezível o conjunto de ações que significaram resistência ao regime, mas evita-se falar no papel da Universidade nas situações de professores cassados, centros acadêmicos invadidos, censura a paraninfos e oradores de cerimônias de formatura", afirma a historiadora graduada na UFMG e técnica em Assuntos Educacionais lotada na Pró-reitoria de Recursos Humanos.

Para Iara Souto, a UFMG contou com grupo de dirigentes que conseguiu manter coesão e articulação sobre temas como a reforma universitária de 1968. Em diversas ocasiões, eles souberam negociar com os militares "para evitar danos maiores", protegendo estudantes e professores. "Os reitores sofriam pressão cotidiana, já que instituições como a UFMG mereciam atenção especial do regime, que as via como redutos da esquerda intelectualizada. A Universidade, particularmente, abrigava movimento estudantil muito ativo. Sofreu menos ataques que a UnB e a USP, mas foi também muito vigiada e reprimida", diz a pesquisadora.

Ênfases e esquecimentos
Em sua dissertação, Iara Souto discute a questão da memória, com base em autores como Paul Ricœur e Beatriz Sarlo. Para ela, precisamente por valorizar o que é subjetivo, a memória pode ser fonte muito interessante de análise. A primeira parte do trabalho trata das entrevistas – como as do projeto Memória Oral da Ciência, realizado para comemorar os 80 anos da UFMG, em 2007 –, monumentos e discursos, como os de homenagem aos professores aposentados compulsoriamente nos anos de ditadura.

"Essas memórias são marcadas por esquecimentos sobre a vigilância constante e o ambiente de medo e pela ênfase na união da comunidade e nas estratégias para minimizar o impacto das ações repressivas", conta Iara Souto.

A pesquisadora se dedica também a detalhar a reforma universitária, destinada a qualificar jovens e a estimular a produção científica, e que resultou em aspectos da organização da vida acadêmica que sobrevivem nos dias de hoje, como a divisão por departamentos, o sistema de créditos e a dedicação exclusiva de docentes. "A reforma proporcionou mais recursos às universidades e teve também a intenção de aplacar a rebeldia dos estudantes, embora não se tenha, por exemplo, criado mais espaço para eles nos colegiados."

A última parte da dissertação contém narrativas contrárias à "mitologia da resistência". Nos arquivos da Assessoria Especial de Segurança e Informação (Aesi), sobressaem histórias como a do servidor Irany Campos, demitido enquanto estava preso por razões políticas e reintegrado anos depois, e a de João Batista dos Mares Guia, que teve sua contratação como professor abortada por ordens de Brasília. "Eles nunca tiveram suas situações reconhecidas pela Universidade, sendo mantidos fora da narrativa oficial, que exalta a preservação da autonomia", destaca Iara Souto.

A pesquisadora acrescenta que a UFMG mantém silenciamentos, por meio de ações ou omissões ao longo das últimas décadas. A propósito, ela cita o fato de a instituição ter alegado não dispor de dados quando a Comissão Nacional da Verdade solicitou, em 2012, subsídios para capítulo de seu relatório final dedicado a violações de direitos humanos nas universidades. Segundo Iara, a UFMG também foi uma das poucas que não criou sua própria comissão da verdade.

Dissertação: Memórias sobre a UFMG: modernização e repressão durante a ditadura militar
Autora: Iara Souto Ribeiro Silva
Orientador: Rodrigo Patto Sá Motta
Defesa em abril de 2017, no Programa de Pós-graduação em História

(Itamar Rigueira Jr. / Boletim 1975)

05/set, 13h24 - Coral da OAP se apresenta no Conservatório, nesta quarta

05/set, 13h12 - Grupo de 'drag queens' evoca universo LGBT em show amanhã, na Praça de Serviços

05/set, 12h48 - 'Domingo no campus': décima edição em galeria de fotos

05/set, 9h24 - Faculdade de Medicina promove semana de prevenção ao suicídio

05/set, 9h18 - Pesquisador francês fará conferência sobre processos criativos na próxima semana

05/set, 9h01 - Encontro reunirá pesquisadores da memória e da história da UFMG

05/set, 8h17 - Sessões do CineCentro em setembro têm musical, comédia e ficção científica

05/set, 8h10 - Concerto 'Jovens e apaixonados' reúne obras de Mozart nesta noite, no Conservatório

04/set, 11h40 - Adriana Bogliolo toma posse como vice-diretora da Ciência da Informação

04/set, 8h45 - Nova edição do Boletim é dedicada aos 90 anos da UFMG

04/set, 8h34 - Pesquisador francês aborda diagnóstico de pressão intracraniana por meio de teste audiológico em palestra na Medicina

04/set, 8h30 - Acesso à justiça e direito infantojuvenil reúnem especialistas na UFMG neste mês

04/set, 7h18 - No mês de seu aniversário, Rádio UFMG Educativa tem programação especial

04/set, 7h11 - UFMG seleciona candidatos para cursos semipresenciais em gestão pública

04/set, 7h04 - Ensino e inclusão de pessoas com deficiência no meio educacional serão discutidos em congresso

Classificar por categorias (30 textos mais recentes de cada):
Artigos
Calouradas
Conferência das Humanidades
Destaques
Domingo no Campus
Eleições Reitoria
Encontro da AULP
Entrevistas
Eschwege 50 anos
Estudante
Eventos
Festival de Inverno
Festival de Verão
Gripe Suína
Jornada Africana
Libras
Matrícula
Mostra das Profissões
Mostra das Profissões 2009
Mostra das Profissões e UFMG Jovem
Mostra Virtual das Profissões
Notas à Comunidade
Notícias
O dia no Campus
Participa UFMG
Pesquisa
Pesquisa e Inovação
Residência Artística Internacional
Reuni
Reunião da SBPC
Semana de Saúde Mental
Semana do Conhecimento
Semana do Servidor
Seminário de Diamantina
Sisu
Sisu e Vestibular
Sisu e Vestibular 2016
UFMG 85 Anos
UFMG 90 anos
UFMG, meu lugar
Vestibular
Volta às aulas

Arquivos mensais:
outubro de 2017 (1)
setembro de 2017 (33)
agosto de 2017 (206)
julho de 2017 (127)
junho de 2017 (171)
maio de 2017 (192)
abril de 2017 (133)
março de 2017 (205)
fevereiro de 2017 (142)
janeiro de 2017 (109)
dezembro de 2016 (108)
novembro de 2016 (141)
outubro de 2016 (229)
setembro de 2016 (219)
agosto de 2016 (188)
julho de 2016 (176)
junho de 2016 (213)
maio de 2016 (208)
abril de 2016 (177)
março de 2016 (236)
fevereiro de 2016 (138)
janeiro de 2016 (131)
dezembro de 2015 (148)
novembro de 2015 (214)
outubro de 2015 (256)
setembro de 2015 (195)
agosto de 2015 (209)
julho de 2015 (184)
junho de 2015 (225)
maio de 2015 (248)
abril de 2015 (215)
março de 2015 (224)
fevereiro de 2015 (170)

Expediente