As ações anticiência e antipolíticas climáticas do governo Trump ampliam as dificuldades para o alcance da meta de contenção do aquecimento global em menos de 2°C, avalia o climatologista Carlos Nobre, que fará conferência sobre o assunto no campus Pampulha, a partir das 19h desta quarta-feira, 17. Aberto ao público, o evento é parte do ciclo UFMG, 90 – desafios contemporâneos, que comemora as nove décadas de fundação da Universidade e será realizado no auditório nobre do Centro de Atividades Didáticas de Ciências Naturais (CAD 1). Na conferência Mudanças climáticas, Acordo de Paris e o governo Trump, o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas analisará o Acordo de Paris da Convenção Climática, firmado por 195 países no fim de 2015 e que entrou em efeito em outubro de 2016. Em sua opinião, o Acordo “representa à perfeição o consenso global sobre os riscos das mudanças climáticas para o planeta e para a humanidade, consenso que foi fortemente apoiado pela comunicação da ciência à política pública.” Contudo, o compromisso “ética e moralmente imperativo” estabelecido pelo documento ainda é de difícil implementação, pondera o pesquisador, que participou como autor de vários relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) – em particular, do Quarto Relatório de Avaliação. O IPCC foi agraciado em 2007 com o Prêmio Nobel da Paz, juntamente com Al Gore. Carlos Nobre, que há 20 anos formulou a hipótese da "savanização" da Amazônia em resposta a desmatamentos e vem estudando como o aquecimento global pode influenciar a floresta tropical, afirma que as atividades humanas, principalmente as emissões de gases de efeito estufa, já modificaram o clima global de maneira evidente e com impactos cada vez mais perceptíveis em todos os setores socioeconômicos e sobre ecossistemas, inclusive no Brasil. Ele lembra que, embora a ciência tenha avançado na capacidade de determinar o potencial de adaptação humana às mudanças climáticas, “há limites absolutos a essa adaptação, a exemplo dos limites fisiológicos para o ser humano em altas temperaturas e umidade. O risco de extinção de milhões de espécies é real”. Desafios contemporâneos Neste mês, além de Carlos Nobre, o campus Pampulha abrigará conferências de Michael Heinrich – A atualidade de 'O capital': a propósito dos 150 anos de sua publicação (dia 26) – e Richard Stallman – A free digital society: what makes digital inclusion good or bad, no dia 29. Nos próximos meses, o ciclo trará à UFMG o pesquisador Jacques Godfroid, da Universidade de Tromsø (Noruega), Eske Willerslev, da Universidade de Copenhague (Dinamarca), Peter Burke, da Universidade de Cambridge (Inglaterra), Maria Lúcia Palhares-Burke (USP), Lyle Campbell, da Universidade do Havaí (EUA), Humberto Pereira (Embraer), Eduardo Viveiros de Castro (UFRJ) e Lilia Schwarcz (USP).
Aberto em março deste ano, o ciclo de conferências UFMG, 90: desafios contemporâneos promove a discussão de temas atuais por personalidades brasileiras e estrangeiras.