Entre a realidade e o delírio, a arte se impõe como espaço de expressão e encontro com a subjetividade. É por meio dela que pessoas com sofrimento mental encontram recursos para ultrapassar as barreiras do estigma e do preconceito. As palavras vão dando sentido ao caos, as pinceladas conferem cores e formas aos sentimentos, e os movimentos do corpo impulsionam novas possibilidades de existência no mundo. Com esse mote, a edição deste sábado do Café Controverso, do Espaço do Conhecimento UFMG, discute O que é, o que não é arte? no contexto da semana de luta antimanicomial. Lucia Castelo Branco, escritora, psicanalista e professora da Faculdade de Letras da UFMG, e Wesley Simões, artista visual, ator e diretor teatral, são os convidados do evento, que será realizado a partir das 11h, na Cafeteria do Espaço do Conhecimento UFMG. As expressões artísticas dos chamados loucos, além de tensionarem os limites do que pode ou não ser considerado arte, também cumprem papel importante na conquista pelo tratamento em liberdade. O foco deixa de ser o diagnóstico e passa a ser a possibilidade de convívio e inserção social dos portadores de sofrimento mental. No entanto, não se trata de perspectiva curativa, como esclarece a psicanalista e professora Lúcia Castello Branco. “O curar não é no sentido de erradicar o sofrimento, mas, sim, de direcioná-lo para algum objeto, conferindo dignidade à pessoa”, explica. Há 26 anos, a pesquisadora está à frente de projeto que deu origem às oficinas Práticas da Letra, desenvolvidas em hospitais e clínicas psiquiátricas de Belo Horizonte. Parte do trabalho foi registrada no livro Coisa de louco, publicado em 1998. Atualmente, Lúcia Castello Branco está finalizando a segunda parte da obra, que sistematiza a produção dos últimos 25 anos. Wesley Simões trabalhou na promoção de oficinas de arte durante duas décadas no projeto de saúde mental da Prefeitura de Belo Horizonte. Ele conta que a experiência foi renovadora na sua formação de artista e cidadão. “É uma forma de tratar não só artística, mas também politicamente, as pessoas portadoras de sofrimento mental. Trata-se de entender as diferenças, valorizando o potencial criativo de cada indivíduo e reconhecendo sua capacidade de gerir a própria vida”, explica Simões. O Espaço do Conhecimento UFMG fica na Praça da Liberdade, 700, Funcionários. (Com Assessoria de Comunicação do Espaço do Conhecimento UFMG).