Em 27 de setembro de 1974, circulava a primeira edição do BOLETIM, informativo oficial da Universidade criado com o objetivo de veicular atos da Reitoria e "notícias das unidades e outras informações de interesse da comunidade universitária", segundo informava o texto da ordem de serviço 270/74, de 18 de setembro daquele ano, assinada pelo então reitor Eduardo Osório Cisalpino. Um ano antes do surgimento da publicação, um médico e futuro colaborador do veículo começa a publicar desenhos, sem desconfiar que seus cartuns fariam sucesso e ganhariam visibilidade no futuro. Natural de Jesuânia (MG), Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues, que assinaria seus trabalhos artísticos com as iniciais LOR, começou sua carreira de chargista ainda como estudante de Medicina na UFMG – ele se formaria em 1972. À época, LOR já se equilibrava entre suas personalidades cética (a do cartunista) e ordenadora (a do médico). "O médico precisa organizar, construir uma perspectiva de futuro. Já o cartunista é desconfiado: ‘Isso não vai dar certo’. Essas duas personalidades estão sempre em confronto", analisa o médico-cartunista, em depoimento gravado em vídeo e publicado no site comemorativo dos 90 anos da UFMG. Ao mesmo tempo que desenhava e conquistava premiações nacionais e internacionais no campo do humor em tiras, LOR cursou mestrado e doutorado, atuou como professor na área de fisiologia do exercício da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG e como médico e pesquisador do Centro de Referência em Neurofibromatoses do Hospital das Clínicas da Universidade. A trajetória do cartunista se cruzaria com a do Boletim em 1988, quando o criador do veículo, o jornalista Manoel Marcos Guimarães, convidou LOR para colaborar com sua equipe. Eram tempos de mudança editorial, e o BOLETIM buscava ampliar e qualificar sua abordagem sobre temas da Universidade, do país e do mundo. De 1988 a 1997, LOR publicou charges no veículo, trabalho que lhe valeu, por exemplo, o primeiro lugar no Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Galeria Geraldo Perpétuo escolheu trabalhos publicados em 1988, 1989, 1990, 1991 e 1992, anos marcados pela promulgação da "Constituição Cidadã", pela primeira eleição direta para presidente pós-ditadura militar e pelo atribulado governo Collor, abreviado por um processo de impeachment. Por fim, LOR desenhou uma charge inédita [ao lado] para o site dos 90 anos da UFMG, na qual relaciona o momento de celebração com as dificuldades por que passa a universidade brasileira. Aposentado na UFMG, LOR é voluntário no Centro de Referência em Neurofibromatoses e continua produzindo e publicando charges em seu blog. A galeria das imagens do cartunista compiladas por Geraldo Perpétuo e o vídeo com seu depoimento podem ser acessados no site dos 90 anos. (Gabriel Araújo / Boletim 1978)
O programador visual Geraldo Perpétuo, do Centro de Comunicação da UFMG (Cedecom), resgatou algumas charges do artista. Guiado pelo que chama de "atualidade histórica", Gegê, como é conhecido entre os colegas, selecionou desenhos que, mesmo retratando fatos de décadas passadas, ajustam-se aos tempos atuais. O trabalho resultou em galerias virtuais postadas no site comemorativo.