Abordagens sobre rios – nas perspectivas científica e mitológica – e valorização da cultura indígena compõem o eixo da programação deste sábado, dia 3, e domingo, 4, do Espaço do Conhecimento UFMG. Setecentos quilômetros de rios, córregos e nascentes de Belo Horizonte estão canalizados em estruturas pouco adequadas e em situação de intensa poluição e degradação sob as ruas e avenidas da capital. Discutir os impactos que a ação humana tem provocado sobre os recursos hídricos é a proposta do Café Controverso deste sábado, 3 de junho, a partir das 11h, na cafeteria do Espaço do Conhecimento. A entrada é gratuita. Participam da conversa, que tem como tema Canalização: por que (des)cobrir rios?, a arquiteta, urbanista e doutora em recursos hídricos pela UFMG Adriana Sales e o engenheiro e professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e de Recursos Hídricos da UFMG Márcio Baptista. O debate é aberto ao público, que poderá fazer perguntas e observações. Possibilidades e desafios “É preciso alcançar um equilíbrio, porque, em alguns casos, a questão já é irreversível. Como podemos pensar, por exemplo, em descanalizar o Rio Arrudas, localizado em uma área tão central da cidade? Há também o esgoto, que precisa de uma coleta adequada”, argumenta o professor. Para a arquiteta e urbanista Adriana Sales, apesar do alto custo, projetos de descanalização podem ensejar boas oportunidades de revitalização fluvial. "Em termos tecnológicos, tudo é possível. Poderíamos abrir o Arrudas inteiro. Mas é preciso avaliar todos os impactos envolvidos, e a participação popular, que é ainda incipiente, tem grande importância”. O papel da comunidade nesse tipo de projeto foi abordado na pesquisa de doutorado de Adriana Sales. Seu estudo propôs alternativas para a revitalização do córrego Engenho Nogueira, que corre no campus Pampulha da UFMG, e uma delas foi justamente a descanalização de trechos do curso de água. “Foi surpreendente, porque, mesmo com o problema de estacionamento da Universidade, a maioria das pessoas que ouvimos mostraram-se favoráveis à abertura de trechos do córrego”, explica. Folclore das águas A participação é gratuita e aberta a todas as faixas etárias. É preciso retirar senha na recepção do museu com uma hora de antecedência. Narrativas indígenas O Espaço do Conhecimento fica na Praça da Liberdade, 700. Mais informações podem ser encontradas no site do museu ou na página do Facebook.
Márcio Baptista avalia como inegáveis as vantagens ambientais e sociais da não canalização dos rios, mas também destaca as contrapartidas, como a necessidade de expansão do sistema viário e a habitação nas áreas urbanas.
Os rios brasileiros também são tema de outra atividade no Espaço do Conhecimento. Neste sábado, às 15h, será realizada a contação de histórias Causos d’Água. A atividade promoverá um resgate de personagens famosos da cultura popular como o boto cor-de-rosa, que se transforma em homem e seduz jovens solteiras para engravidá-las; Iara, que atrai os pescadores; Curupira, que engana os caçadores e os assusta com seus assobios para manter as florestas e nascentes protegidas; Caboclo d'água, que assombra navegantes em defesa do Rio São Francisco; e o orixá Oxum, que reina sobre a água doce dos rios.
No domingo, 4 de junho, o Espaço do Conhecimento vai promover a valorização das narrativas tradicionais dos povos indígenas brasileiros na atividade História das aldeias, que começa às 15h. Serão resgatadas histórias de algumas comunidades, como a dos Guarani-Mbyá, que acreditam no deus Nnhamandu e em seu esforço para formação do mundo. Os Apinajés, habitantes da região central do Brasil, creem na Mulher Estrela, que desceu do céu para ensinar os indígenas a se alimentarem de produtos da terra. A classificação indicativa é livre, e a entrada também está condicionada à retirada de senha na recepção do museu.