Imagens de caixas de correio coletadas desde 1995 pela professora Tânia Araújo, da Escola de Belas Artes, compõem a exposição Anônimas, em cartaz desde o início do mês, no Centro Cultural Correios, no Centro de São Paulo. A mostra foi estruturada com base em acervo de mais de 400 fotos. O trabalho se desdobrou em videoinstalação, plotagens, objetos, gravuras e cartões-postais. As imagens foram apresentadas, originalmente, em exposição que integrou a tese de doutorado da professora, intitulada Caixa de correio – lugar de entrada, de passagem e de acúmulo de memórias, defendida no ano passado na EBA. "Essa exposição pretende levantar questões relacionadas ao universo da arte, da política, da escrita, do feminino e das novas mídias, provocadas a partir da descoberta das caixas de correio na arquitetura urbana de Belo Horizonte. Mostrar e resgatar a memória de como a caixa de correio, um objeto antigo, ainda está presente na contemporaneidade, enfrentando o tempo e as novas tecnologias, é uma metáfora da espera do que pode acontecer", teoriza Tânia Araújo. Legado provocativo A mostra pode ser visitada até 3 de setembro. O Centro Cultural Correios está localizado na Avenida São João, s/nº, Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista.
O professor Marcos Hill, da Escola de Belas Artes, classifica de “legado provocativo” o ensaio fotográfico de Tânia Araújo. “Ao fotografar caixas de correio ainda existentes pela cidade, além de revitalizar um dispositivo que muito participou da troca humana de informação, a artista nos avisa sobre o risco de não nos lembrarmos mais das correspondências epistolares, que, durante séculos, animaram e decidiram momentos importantes da vida individual e coletiva das pessoas”, afirma Hill.