Universidade Federal de Minas Gerais

Seminário de Economia Mineira da UFMG reúne mais de 700 participantes em Diamantina a partir de amanhã

29 de agosto de 2016

Diamantina recebe de amanhã até sexta-feira, 2 de setembro a nova edição do Seminário de Economia Mineira, que há 34 anos reúne pesquisadores e estudantes para tratar de economia, demografia, história e políticas públicas. Em 2016, o evento tem uma motivação diferente, porque marca o início das comemorações dos 50 anos do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), que serão completados no ano que vem. Uma exposição conta a história da instituição vinculada à Faculdade de Ciências Econômicas (Face UFMG).

No âmbito externo, o seminário é marcado, neste ano, pela crise econômica, como observa o professor João Antonio de Paula, coordenador do evento. Ele lembra que o seminário surgiu em meio a uma outra crise, em 1982. “Na época foi uma das motivações para a iniciativa. Mas a crise atual é a mais grave e profunda pelo menos desde 1964. Mais de três décadas depois da primeira edição, foram registrados avanços, mas há lista longa de temas não resolvidos, que nos assombram há gerações. E isso também será discutido em Diamantina”, comenta João Antonio de Paula.

Os impasses da política brasileira serão abordados em uma das três grandes conferências do evento, a cargo do historiador José Murilo de Carvalho. Ele informa que pretende examinar a situação atual em perspectiva histórica e sociológica. “O problema central da minha abordagem é o da nossa aparente incapacidade de manter trajetória persistente de crescimento e inclusão, sem os avanços e retrocessos que têm marcado nossa história pós-1930”, diz.

O também historiador Fernando Novais vai abordar “os embaraços do homem cordial”, à luz dos efeitos da forte polarização recente que inspirou a menção ao ódio entre parcelas da população divergentes. E o professor da Faculdade de Letras da UFMG Sergio Alcides vai celebrar os 400 anos da morte de William Shakespeare ao falar de A tempestade, última peça do bardo inglês, considerada seu testamento literário.

Seis mesas-redondas, sempre no início e ao final de cada dia, vão pôr em debate assuntos como a crise capitalista mundial – com participação do americano Fred Mosley e do francês Pascal Petit, relações entre cultura, política e desenvolvimento e os aniversários de três obras fundamentais: A riqueza das nações, de Adam Smith (240 anos), O capital, de Karl Marx (150 anos), e A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, de John Keynes (80 anos). Outras doze “mesas especiais” vão tratar de natureza e urbanização, inserção externa brasileira, universidade e planejamento metropolitano, crise econômica, migração internacional e saúde, entre outros temas.

O evento conta também com cursos sobre História de Minas e economia solidária, ambos com reserva de vagas para a comunidade local, e sessões temáticas e de comunicações e pôsteres em que serão apresentados 194 trabalhos escolhidos entre cerca de 400 submetidos. O professor Gustavo Britto, que coordenou a seleção dos trabalhos, ressalta que o Seminário de Diamantina abre espaço para pesquisadores de instituições de diversos portes e regiões e sempre foi a porta de entrada para pesquisadores que mais tarde se tornariam referência.

A edição deste ano não nega a tradição de oferecer atividades culturais e artísticas. Um concerto da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais na Praça do Mercado confirma a intenção dos organizadores de abrir o evento à cidade, promovendo atividades gratuitas, em praça pública. Um show vai homenagear o compositor Fernando Brant, morto em 2015, que tinha forte ligação com o Seminário de Diamantina. Na primeira edição do evento, ele participou de mesa-redonda com nomes como Antonio Cândido e Affonso Romano de Sant’Anna. O tema foi Minas não há mais?, que imprimia caráter interrogativo à afirmação em verso de Drummond. Depois, Brant voltaria ao seminário algumas vezes como músico.

Originalmente capaz de reunir pouco mais de cem pessoas para discussão de temas exclusivamente mineiros, o Seminário de Diamantina envolve na edição deste ano mais de 700 participantes. “O evento cresceu porque a demanda por novas abordagens e espaço para apresentação de trabalhos é cada vez maior. O seminário reflete a ampliação do escopo intelectual e de interesses e horizontes das atividades do Cedeplar”, afirma o professor João Antonio de Paula. Ele ressalta que as comunicações e debates envolvem temas atuais e que suscitam ligações interdisciplinares, o que “é a cara do Cedeplar”. “O Seminário é mais plural que a média dos congêneres, porque está de acordo com a maneira que entendemos economia, sempre em diálogo com as outras disciplinas.”

Apelo ao afeto

Uma exposição que combina documentos e obras de arte também marca, em Diamantina, o início das comemorações de meio século de existência do Cedeplar. Ofícios relacionados à criação do Centro, pesquisas e publicações são dispostos em vitrines, e numa “sala de estar” monitores fazem o papel de mesas de centro e exibem fotos e filmes que contam a história do Cedeplar. “É o momento de localizar pessoas e se deixar levar pelo afeto que a memória desperta”, explica o professor Fabrício Fernandino, da Escola de Belas-Artes, responsável ela produção da mostra, com curadoria de João Antonio de Paula.

A exposição contém ainda os cartazes das 17 edições do Seminário de Diamantina, que representam ainda um passeio pela produção gráfica nas últimas décadas. Os cartazes foram reproduzidos e impressos novamente em placas de policarboneto. Textos e imagens serão compilados em um catálogo de 44 páginas. E, em consonância com a história do Seminário, que valoriza cultura e arte em sua programação, a exposição dos 50 anos conta com sete telas (1,80 x 0,70cm) da artista Elisa Grossi, de Diamantina, que remete à produção de alunas carentes na fábrica de tecelagem de Biribiri, no início do século 19.

O material contido na mostra remete ao movimento de criação do Cedeplar, que teve apoio de instituições como ONU, Cepal e BNDES, e aos cursos, pesquisas e publicações. Há também homenagem aos fundadores – os professores Fernando Reis, Élcio Costa Couto e Álvaro Fortes Santiago, que mantinham simultaneamente atividades no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Paulo Haddad, Carlos Mauricio Ferreira e José Alberto Magno de Carvalho.

Único dos fundadores ainda em atividade no Cedeplar – ele se aposentou, mas atua como voluntário –, o professor José Alberto menciona “sensação de dever cumprido”, uma vez que o Centro se consolidou regional e nacionalmente, nas áreas da pós-graduação e da formação de recursos humanos em economia e demografia. “O Cedeplar tem papel importante para a UFMG e para o país. Tem formado quadros com atuação destacada, sobretudo no setor público, e muitos deles se destacam também na América Latina e na África de língua portuguesa”, afirma.

(Boletim UFMG)

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