O mini-curso “Pesquisa em Cultura Popular- autonomia, pluralidade e contemporaneidade” abre espaço para o diálogo, transmissão e troca de conhecimentos, acerca das expressões culturais regionais do Vale do Jequitinhonha, a proposta é de ampliar o espaço acadêmico para receber as pluralidades dos modos de pensar, de viver e produzir conhecimento.
O curso receberá a Mestra Lira Marques (Araçuaí- MG) pesquisadora em cultura e religiosidade popular, ceramista, pintora, cantora, educadora popular e comprometida na defensa das causas sociais, que envolvem o povo do Vale. Participou junto com Frei Chico (Francisco van der Poel – Holanda) para a pesquisa que resultou no Dicionário da Religiosidade Popular, publicado por ele, que vindo da Holanda, desejava conhecer o universo cultural popular do Brasil e dedicou 40 anos da sua vida à coleta do material reunido no Dicionário da religiosidade popular. Durante muitos desses anos habitou o Vale do Jequitinhonha, que já foi considerada a terceira região mais pobre do mundo, mas ele garante: “a riqueza cultural do Vale do Jequitinhonha deu sentido à minha permanência no Brasil”.
O Dicionário da religiosidade popular é um dos resultados da grande amizade entre o Frei Chico e a Mestra Lira, assim como o curso que, juntos, eles ministrarão na UFMG sobre suas trajetórias e sua pesquisa em Cultura Popular e no Jequitinhonha.
Maria Lira Marques, artista que possibilitou o contato do Frei com o povo do Vale, por ser moradora da região, e participou da concepção visual do livro impresso. A mestra Lira, como é conhecida, começou cedo na arte do barro, com o qual fazia presépios para distribuir entre vizinhos e amigos. Aperfeiçoou sua técnica como ceramista e hoje é referência no ofício, tendo exposto seu trabalho em diversas galerias e instituições, tanto no Brasil como no exterior. Ela é descrita por Frei Chico como “mulher consciente e de personalidade forte, é uma verdadeira mestra no barro e na arte de viver, embora sem nunca ter frequentado uma academia de belas artes”.
