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Patrimônio imaterial – registro da obra do Mestre Ulisses Mendes

Por: Ângela Gomes Freire
Texto publicado originalmente em: http://espacolivre-jopinto.blogspot.com.br/2017/02/memoria-cultural-registro-da-obra-e.html?spref=fb
coletanea
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 216, define seu patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referências à identidade à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira nos quais se incluem as formas de expressão; os modos de criar; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; além de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Os bens culturais imateriais estão relacionados aos saberes, às habilidades, às crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas. Desta forma podem ser considerados bens imateriais: conhecimentos enraizados no cotidiano das comunidades; manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; rituais e festas que marcam a vivência coletiva da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; além de mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais.
Tomando consciência da importância do Mestre artesão Ulisses Mendes, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Itinga, de posse as suas atribuições legais, conjuntamente com a prefeitura Municipal através de seu órgão competente realizou o seu primeiro Registro, com o objetivo de valorizar um dos artesãos que têm propagado sua arte e assim divulgando a cidade por todos os lugares por onde realiza oficinas, expõe suas peças ou fala sobre a região. O mestre Ulisses Mendes, se tornou um referencia em esculturas feitas em Argila, tem suas obras espalhadas em museus, coleções particulares e públicas, no Brasil e no mundo, ministra oficinas em todo território brasileiro, sendo considerado um dos grande nesse ofício.
Mestre Ulisses Mendes
O artesão Ulisses Mendes, casado, pai de quatro filhos e dois netos, nascido em onze de fevereiro de 1955, na cidade de Itinga, filho de lavrador, que trabalhava duro na roça, fazia tijolo, pescava, garimpava e sua mãe produzia utensílios domésticos como potes, panelas, vasos dos mais variados formatos e vendiam na feira semanalmente. Desde sua infância lidou com a arte do barro, seus parentes faziam potes, panelas e outros utensílios domésticos para vender na feira, toda semana, assim ele foi adquirindo gosto e afeição de tanto observar, se arriscava a fazer brinquedos de barro para seu divertimento. O ofício de artesão é uma prática constituída geralmente na região, principalmente entre os núcleos familiares ou em comunidade, perpassadas por gerações, que se incumbem de transmiti-la através dos griôs e dotados de tal habilidade.No caso de Ulisses Mendes, aprendeu o ofício de trabalhar o barro com sua mãe, parentes e vizinhança que fazia artesanato para vender na feira.
Seguindo a rota dos homens desta região, Ulisses Mendes também experimenta a vida em são Paulo.

No seu retorno de férias em 1979, presenciou, catástrofe que arrasou, destruiu casas ribeirinhas, uma enchente que deixou rastro de muitas perdas, tristezas e doenças, foi aí que ele resolveu recriar aquele cenário de casas destruídas, caídas, envergadas e desta forma inicia-se as primeiras encomendas, vindas de Araçuaí, Itaobim, Jequitinhonha e outros lugares, trazendo-lhe boa repercussão e referência quanto ao trabalho que fazia, pois muitos o consideravam preguiçoso e outras brincadeiras pejorativas, eram proferidas, mas isso também serviu de resistência, seguiu fazendo suas peças, até que decide fazer personagens do seu dia-a-dia como “Seu Durvalino”, “Caçador”, “Lavrador” e outros. Sua primeira aparição em público como artesão, aconteceu numa exposição de artesanato do Vale do Jequitinhonha em Belo Horizonte, como representante da Associação dos Artesãos de Araçuaí, pois Itinga não havia tal organização, foi convidado a dar entrevista na televisão, e isso repercutiu no Vale do Jequitinhonha, que ao retornar pessoas passaram a visitas sua casa, viajantes, lojistas, gente de várias partes do país e assim foi aperfeiçoando sua arte voltado para a crítica social e assim cria mulheres com crianças no colo, crucificadas, lavadeiras, retirantes, gosta de revelar também os costumes, alegrias, cativeiros, pessoas típicas do Vale do Jequitinhonha.

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