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Nº 1398 - Ano 29 - 29.05.2003


Do que se morre em BH

 Estudo de professora da Enfermagem revela associação entre causas de mortes na capital mineira

Ludmila Rodrigues

rianças entre 28 dias e um ano morrem de doenças infecciosas intestinais - como a diarréia - associadas à desnutrição, à desidratação e à pneumonia. A obesidade que ajuda a matar adultos entre 60 e 79 anos está ligada ao diabetes, às doenças hipertensivas e à insuficiência renal. E nas mulheres que morrem depois dos 80 anos, é freqüente a ligação entre a hipertensão e as doenças cerebrovasculares, como os aneurismas e os acidentes vasculares cerebrais (AVC).

Esses são exemplos de associações entre várias causas de mortes em Belo Horizonte estabelecidas por um estudo da professora Edna Maria Rezende, da Escola de Enfermagem, e transformado em tese de doutorado recentemente defendida na Escola de Veterinária. A correlação entre as causas de morte não aparece nas estatísticas oficiais, que registram apenas uma causa básica, conforme regulamenta a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para chegar a essas associações, a pesquisadora debruçou-se sobre quase 14 mil atestados de óbitos expedidos, em 1998, na capital mineira. Juntos, eles reuniam cerca de 36 mil diagnósticos de doenças e causas de mortes externas, como acidentes e ações violentas. Ou seja, para cada declaração de morte há 2,6 causas. Segundo a professora, a defasagem entre o que indica o atestado e o que é registrado pelos organismos oficiais compromete a gestão da saúde pública. "Isso significa perda de informações importantes, que podem, por exemplo, ajudar a traçar ações preventivas", argumenta Edna Rezende.

Segundo a pesquisadora, seu estudo associa diversas doenças citadas nos atestados de óbitos, a fim de encontrar explicações mais abrangentes para a ocorrência da morte. Ela descobriu, por exemplo, que as fraturas de fêmur em idosos, provocadas por quedas acidentais, tendem a evoluir para embolia pulmonar e pneumonia. Entre as mulheres com mais de 80 anos, o quadro provoca infecções generalizadas.

"A pesquisa também é coerente com as transformações demográficas e com o atual perfil da mortalidade", afirma a professora da Escola de Enfermagem, lembrando que, nos últimos anos, houve queda das taxas de mortalidade, o que aumenta a expectativa de vida. "Hoje, as pessoas acumulam doenças", constata Edna Rezende. Ela verificou, por exemplo, uma associação direta entre as doenças crônicas degenerativas, como a Aids e os cânceres, e as infecciosas, como a tuberculose e a pneumonia.

 

Os grupos de causas que matam os belo-horizontinos

Mortes externas (acidentes ou violência)

Adolescentes (10 a 19 anos)
Homens - homicídio por armas de fogo e outras formas de agressão, como espancamentos e lutas.
Mulheres - homicídio por objeto cortante ou penetrante

Idosos
Homens - acidentes de trânsito, suicídio, homicídio por objeto cortante ou penetrante.
Mulheres - exposição à fumaça, fogo e chama, afogamentos e complicações de assistência médica

Mortes naturais

Homens (40 a 59 anos) - desnutrição e alcoolismo
Homens (20 a 39 anos) - Aids e tuberculose Mulheres (80 anos ou mais) - doenças cerebrovasculares e hipertensão

 

Tese: Análise multidimensional de causas múltiplas de óbitos humanos em Belo Horizonte, 1998
Autora: Edna Maria Rezende
Orientador: Ivan Barbosa Machado Sampaio
Local: Escola de Veterinária
Defesa: março de 2003

 


UFMG adere ao Grupo Montevideo

A UFMG é a mais nova instituição de ensino superior a integrar a Associação de Universidades Grupo Montevideo, rede de instituições sul-americanas que estimula a integração de universidades a partir da cooperação científica, tecnológica, educativa e cultural. A entrada da UFMG, oficializada em Campinas, durante reunião do Conselho de Reitores da entidade, realizada em abril, foi aprovada por aclamação e com voto de louvor. Além da UFMG, outras 15 universidades integram a rede, como a Universidade de Buenos Aires, UFRGS, Unicamp, Universida - de Santiago, no Chile, e Universidade da República, no Uruguai.

De acordo com a diretora de Relações Internacionais, professora Sandra Regina Goulart, a UFMG empenhou-se bastante para ingressar no Grupo. "Essa parceria é muito relevante já que vamos trabalhar com universidades públicas, com interesses comuns e na defesa da educação como bem público", argumenta. Ela ressalta, ainda, que a participação no Grupo amplia a interlocução sobre problemas da América do Sul e a busca de soluções integradas. Segundo Sandra Goulart, a prioridade da atual gestão da UFMG na área de relações internacionais é a de aproximar-se de universidades latino-americanas e africanas de língua portuguesa.