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Nº 1518 - Ano 32
16.02.2005
UFMG monta “indústria-piloto” para criar peixes
Pioneiro na América Latina, laboratório da Veterinária foi visitado pelo ministro da Pesca
Ana Rita Araújo e Ludmila Rodrigues
rojetado para ser uma indústria-piloto de cultura de peixes e outras espécies aquáticas, o Laboratório de Aquacultura (Laqua), da Escola de Veterinária da UFMG, é o único complexo de pesquisa da América Latina que contempla toda a cadeia produtiva da aquacultura. No dia 9 de fevereiro, o Laqua recebeu a visita do ministro José Fritsch, da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), que participou de solenidade e conheceu as instalações do laboratório. Acompanhado pelo secretário regional da Seap, Wagner Benevides, – um dos viabilizadores do projeto – o ministro foi recebido por dirigentes universitários, como o vice-reitor Marcos Borato e o futuro reitor Ronaldo Pena.
Felipe Zig Fristch alimenta alevino no Laqua: certificado de qualidade |
Segundo o ministro José Fritsch, Minas Gerais é um “estado-nascedor de águas”, concentrando produtores e empresas do ramo pesqueiro. “A vocação do estado exige mais conhecimento e pesquisa, e a Universidade pode garantir a obtenção de certificados de qualidade, uma exigência não só do mercado nacional, mas também internacional”, explica.
Para o chefe do escritório regional da Seap, Wagner Benevides, o projeto da UFMG contribuirá para o aprendizado de alunos e pesquisadores da Escola e da comunidade de psicultores. “Minas Gerais tem cerca de 14 mil criadores de peixes, a maioria sem orientação e qualquer tipo de treinamento”, observa.
Complexo laboratorial
Destinado ao estudo da cadeia produtiva de peixes das espécies surubim e tilápia, o Laqua abriga um complexo de laboratórios para pesquisas que integram áreas como nutrição, reprodução, tecnologia e processamento de peixes. “O Laqua conta com suporte técnico de outros laboratórios da Escola, como os de Nutrição, Genética e de Ictiossanidade”, ressalta o pesquisador Daniel Vieria.
Três laboratórios já estão em funcionamento – limninologia, nutrição e bioclimatologia –, enquanto os outros dependem de recursos para a conclusão das obras. Até o momento, foram investidos cerca de R$ 1,8 milhão, vindos do Fundo Verde-Amarelo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), ligada à presidência da República; e recursos próprios da Escola de Veterinária.
Esse montante, segundo o professor Roberto Baracat, diretor da Escola de Veterinária, permitirá a conclusão, até março, de aproximadamente 60% das instalações. O complexo, que terá em torno de 1,6 mil metros quadrados, é coordenado pelo professor Lincoln Pimentel Ribeiro e pelos pesquisadores Daniel Vieira Crepaldi e Edgar de Alencar Teixeira. A segunda fase da obra, orçada em R$ 1,5 milhão, prevê a implantação de uma indústria de processamento e a instalação de um centro onde serão ministrados cursos para produtores de peixes. O recursos para viabilizar essa etapa ainda não estão garantidos.
A negociação dos recursos para a implantação do Laboratório foi conduzida pela Diretoria de Cooperação Institucional (Copi) da UFMG. “É um projeto estratégico, que alia as funções acadêmica e social”, afirma a diretora Cecília Nogueira.
Preocupação ambiental
Planejado para realizar estudos e difundir tecnologias em todas as etapas do processo produtivo das espécies surubim e tilápia – do alevino até o aproveitamento total do peixe –, o Laboratório de Aquacultura da Escola de Veterinária tem como uma de suas principais características a preocupação ambiental.
O setor de produção e reprodução de peixes do Laboratório, a ser implantado até março, contará com filtros para recirculação de água, que permitirão o reaproveitando todo o volume utilizado. Segundo Daniel Vieira Crepaldi, se não contassem com esse sistema, os tanques de cultivo gastariam cerca de 500 metros cúbicos de água por hora. Além disso, o Laqua está equipado com sistema de energia solar para o aquecimento das águas. “Os peixes, típicos de região tropical, devem ser mantidos em águas a 28ºC”, afirma o pesquisador Edgar de Alencar.
“Além de contar com energia limpa, o Laqua, de forma indireta, desestimula o extrativismo, prejudicial ao meio ambiente”, afirma Alencar, ao ressaltar a importância de o laboratório instituir formas de produção em escala, com técnicas adequadas.
A tilápia e o surubim são duas das espécies de água-doce mais importantes da pesca continental do Brasil. Peixe de grande aceitação no mercado consumidor, a tilápia correspondeu em 2004, a 409 toneladas da pesca extrativa em Minas Gerais. |