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Nº 1518 - Ano 32
16.02.2005

Triathon alça novos vôos

Aeronave projetada na UFMG terá produção industrial

Kleyson Barbosa

ma aeronave projetada na UFMG começa a ser produzida em escala industrial ainda este ano. O ultraleve CB-10 Triathlon será fabricado pela empresa Advanced Composites Solutions (ACS), de São José dos Campos, que negociou, no final de 2005, os direitos sobre a propriedade intelectual do projeto.

É a primeira aeronave da Universidade a ser fabricada industrialmente, e a produção deve começar na segunda metade de 2006. Ela foi projetada pelo professor voluntário da UFMG, Cláudio Pinto de Barros, do Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA), vinculado ao departamento de Engenharia Mecânica da UFMG.

Felipe Zig

Cláudio de Barros e a planta do Triathlon: aeronave para recreação e acrabacias

A aeronave ganhará o nome de ACS-100 Triathlon. Trata-se de um ultraleve avançado para recreação e acrobacias, destinado a instrução básica em aeroclubes, turismo e lazer. Ele se insere no segmento da aviação experimental, um dos que mais crescem no país (cerca de 5% ao ano), segundo o Departamento de Aviação Civil (DAC).

O projeto que culminou com o desenvolvimento do CB-10 Triathlon teve oito plantas vendidas para construção amadora; uma aeronave saiu do papel pelas mãos do construtor amador Celso Calegari, de Monte Alto, no interior de São Paulo.

Destaque
Um dos destaques da Expo Aero Brasil, realizada no ano passado em Araras (SP), o CB-10 Triathlon também foi tema de reportagem de uma das principais revistas de aviação da Europa, a Aerokurier, em dezembro de 2005. “O Triathlon é o único avião da categoria que associa as características de beleza estética, docilidade de comandos, alto desempenho e grande facilidade construtiva”, garante Cláudio de Barros.

A aeronave também será o primeiro produto em série da ACS. O diretor da empresa e ex-aluno da UFMG, Leando Maia, explica que o CB-10 Triathlon foi escolhido por ser uma aeronave moderna, possuir alto desempenho e ter projeto já avançado e amadurecido. Como a planta original do ultraleve prevê elevado índice de utilização de materiais compostos, o desenvolvimento da versão ACS-100 será tarefa rápida. “Estamos finalizando o plano de negócios e o estudo de mercado”, revela Leandro Maia.

Baseado em estudos preliminares, Maia acredita que o valor da aeronave deverá ser bem menor que o dos similares estrangeiros, que apresentam desempenho inferior ao do ultraleve nacional. A empresa planeja produzir, inicialmente, dez aeronaves por ano.

Características
O CB-10 Triathlon possui dois lugares lado a lado, asa baixa, cauda convencional e opções para trem de pouso rígido ou retrátil. A aeronave alcança até cinco mil metros de altitude, mas para maior conforto dos passageiros, o aconselhável é que não passe de três mil metros. O Triathlon é a melhor aeronave do mundo na categoria Very Light Airplane, pois atinge velocidade de até 340 Km/h – o avião inglês Europa, importante referência na categoria, alcança, no máximo, 290 km/h.

O projeto foi desenvolvido entre os anos de 1997 e 2001, como trabalho de doutorado do professor Cláudio de Barros. Os alunos do curso da ênfase em Engenharia Aeronáutica colaboraram na elaboração do projeto, opinando em questões relacionadas ao tamanho e à finalidade da aeronave.

Fabricação em série coroa trabalho do CEA

A fabricação em série da primeira aeronave da UFMG é uma das maiores conquistas do Centro de Estudos da Aeronáutica (CEA). Fundado em setembro de 1963 pelo professor Cláudio Pinto de Barros, o CEA nasceu com a finalidade de desenvolver pesquisas e projetos de aeronaves. Já em 1964, o planador Gaivota, primeira aeronave da UFMG, levantou vôo. Anos depois, o planador de competição Minuano destacou-se como o de melhor desempenho aerodinâmico do País.

Na década de 1990, vieram as aeronaves Vesper e Curumim, que deram ao CEA seus maiores prêmios. Em 1990, o monoplanador Vesper conquistou o primeiro lugar na I Bienal Brasileira de Design, por ter sido a primeira aeronave do Hemisfério Sul produzida totalmente com materiais compostos. Dois anos mais tarde, o destaque foi o ultraleve Curumim, que venceu a segunda edição do evento. A projeção e a construção desses dois aviões deram ao CEA know-how que permitiu a elaboração de projetos mais sofisticados, como o próprio Triathlon.

A maior parte dos alunos formados na ênfase em Engenharia Aeronáutica pela UFMG pertencem aos quadros da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). Segundo o professor Barros, metade dos cargos de chefia da organizado são ocupados por egressos da UFMG.


Materiais Compostos são constituídos a partir de dois materias: fibra e resina. O Triathlon será produzido com fibra de vidro.