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Nº 1530 - Ano 32
11.05.2006
Pai influi no tempo de amamentação,
conclui pesquisa
Professores da UFMG e da Faculdade de Ciências Médicas estudam causas do desmame precoce
Manoella Oliveira
esquisa realizada pelos professores Joel Alves
Lamounier, da Faculdade de Medicina da UFMG, e Francisco Silveira, da Faculdade
de Ciências Médicas de Minas Gerais, mostra que a figura paterna
é decisiva no período de aleitamento dos bebês. O estudo,
que coletou dados de 450 crianças, baseou-se em trabalho de campo realizado
no ano de 2000 em Carbonita, São Gonçalo do Rio Preto e Datas,
localizados no Alto do Jequitinhonha.
Os pesquisadores concluíram que o fenômeno é mais evidente
entre os homens mais pobres, cuja influência sobre as mulheres em fase
de amamentação é maior do que a dos médicos. O
levantamento também constatou que o risco de interrupção
do aleitamento em crianças que não moram com o pai é
1,62 vezes superior ao registrado entre aquelas que vivem com ele.
Outra variável que influencia no desmame é a escolaridade do
pai. O risco de abandono do leite materno é 1,47 vezes maior entre
famílias chefiadas por homens mais instruídos. Ainda que não
tenham respostas definitivas para explicar as estatísticas, os professores
creditam os resultados à condição financeira das famílias,
geralmente sustentadas pelo homem. “As famílias de melhor condição
buscam outros alimentos, influenciadas pela propaganda”, diz Lamounier.
Marcus Vinícius![]() Lamounier e Silveira: estudo no Vale do Jequitinhonha |
Apesar de relevante, a influência paterna não é tão decisiva quanto uma velha companheira das crianças: a chupeta. Ela é apontada como principal fator de desmame precoce. O risco de interrupção entre as crianças que a utilizam é 3,16 vezes maior do que o registrado entre aquelas que não a usam. “Ainda não se sabe se é a chupeta que provoca o desmame ou se é a mãe com problemas na amamentação que induz o uso dela como paliativo”, diz o professor.
Desnutrição
A pesquisa foi motivada pelos índices de desnutrição
no município de Carbonita que ultrapassavam 10%; a Organização
Mundial de Saúde (OMS) considera preocupantes índices acima
de 3%. E a principal causa da desnutrição era o desmame precoce,
objeto de investigação dos professores. “Aplicamos questionários
a pais e mães. Ao analisar a influência de mais de 20 variáveis,
concluímos que a chupeta e a presença paterna eram as mais relevantes”,
informa o professor Francisco Silveira.
Trabalho semelhante de alcance nacional foi realizado em 1999 pelo Ministério
da Saúde. Um questionário respondido pelas mães revelou
que a duração média de aleitamento materno exclusivo,
no país, era de 33,7 dias, variando de 8,3 dias em Cuiabá a
77,2 dias em Fortaleza. Em Belo Horizonte, a média foi inferior a dez
dias. “A amamentação complementada por outros alimentos
apresentou estatísticas melhores, cerca de dez meses, embora a duração
ideal seja até dois anos”, conta Silveira. Em média, o
leite materno é usado como alimento exclusivo durante um mês.
A OMS recomenda seis meses.
A capacidade imunológica do leite auxilia na prevenção
de infecções e torna a criança menos vulnerável
a otite, pneumonia, diarréia, obesidade, diabetes, alguns tipos de
câncer e doenças alérgicas. Mães que amamentam
têm menos chances de contrair cânceres de mama e de ovário.
Propaganda de leite em pó provocou desmame Foi na década de 1970 que o desmame precoce atingiu seus maiores
índices no Brasil. As propagandas deram status ao leite em
pó, e o materno teve sua importância relegada a segundo
plano. “O surgimento de problemas associados à adesão
ao leite artificial obrigaram os médicos e as classes mais
educadas a voltarem atrás”, afirma Joel Lamounier. Nas
áreas rurais, a influência da publicidade no desmame
precoce não foi tão decisiva. As famílias continuaram
optando pelo leite materno, mas não pelo tempo recomendado
pelas autoridades de saúde.
No início dos anos 1980 o aleitamento materno voltou a ganhar prestígio graças às campanhas educativas coordenadas pela Unicef no Brasil e no mundo. Por causa delas, os índices de amamentação melhoraram. Mas os professores Francisco Silveira e Joel Lamounier ressaltam que as campanhas precisam ser constantes, devendo, inclusive, incorporar mensagens específicas para os pais. Incentivos |