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Nº 1548 - Ano 32
18.09.2006

Pós-Graduação em Bioquímica e
Imunologia completa 500 defesas

Criado em 1968, programa abriga pesquisas que abrangem
desde doenças parasitárias até estudos genômicos

Ana Rita Araújo

ual a fórmula para que um curso se mantenha, por quase quatro décadas, com os maiores conceitos de avaliação da Capes? A receita encontrada pelos pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica e Imunologia, do ICB, possui pelo menos três ingredientes: pesquisa básica em sintonia com a aplicada, inserção internacional e espírito colaborativo.

Criado em 1968, o Programa é pioneiro entre os cursos de pós-graduação do país. “Ele já surgiu com esta mentalidade de colaboração, que se concretizou no apoio efetivo dos pesquisadores do departamento de Bioquímica e Imunologia à criação de outros cursos na própria UFMG e em instituições de todo o país”, afirma a coordenadora, professora Andrea Mara Macedo.
Foca Lisboa

Andrea Macedo: espírito colaborativo

Em agosto passado, o Programa chegou à sua defesa de número 500 e quer oficializar, junto à Capes e à própria Universidade, uma terceira área de conhecimento – a Biologia Molecular. Embora ainda não incorporada ao nome oficial do curso, a área tem rendido, nos últimos anos, trabalhos que ajudam a manter o reconhecido padrão de excelência do Programa.

Ao destacar a qualidade atual do corpo docente, a coordenadora comenta que 80% dos pesquisadores são bolsistas do CNPq, em sua maior parte bolsistas nível I. “Se houvesse aumento no quadro de servidores técnicos e aporte de recursos para novas bolsas e manutenção da estrutura, poderíamos aumentar em 50% o número de alunos da nossa pós-graduação”, assegura Andrea Macedo. O curso possui cerca de cem alunos, 70 no doutorado e o restante no mestrado.

O Programa também conta com 20 alunos do pós-doutorado, três dos quais estrangeiros. “Até bem pouco tempo, este tipo curso existia apenas no exterior”, diz a subcoordenadora do Programa, Ana Maria Caetano de Faria, ao destacar que por ser novidade no país, o pós-doutorado sequer consta nos relatórios da Capes.

Nome de escorpião
Cada uma das três áreas do Programa – Bioquímica, Imunologia e Biologia Molecular – destaca-se por linhas de pesquisa tradicionais e por inovações que estão na lista de pedidos de depósito de patentes da UFMG (leia mais nesta página). Na Bioquímica, ao tradicional estudo de venenos e toxinas agrega-se o desenvolvimento de fármacos e de novas tecnologias que utilizam essas substâncias. “Temos conhecimento e infra-estrutura para a produção de vacinas, soros e kits de diagnóstico”, enumera Andrea Macedo. A Bioquímica também abriga pesquisas sobre mecanismos de envelhecimento e doenças degenerativas, produtos de origem vegetal e estudos de neurociência.

A área de bioquímica mantém grupos de pesquisa que purificam toxinas, realizam testes e recolhem e identificam animais. “Nesta coleta de animais peçonhentos, foram identificadas novas espécies de escorpiões, que acabaram recebendo nomes de professores do Programa”, conta a coordenadora. Foi assim que surgiram o Ananteris mariaelenae sp., em homenagem à professora Maria Elena de Lima Perez Garcia; o Tityus adrianoi, que faz referência a Adriano Pimenta; e o Tityus diniz, em alusão Carlos Ribeiro Diniz.
O uso de biomateriais para reposição óssea e o desenvolvimento de vacinas que se vale da imunização tradicional ou a injeção de genes para estimular a produção de antígenos são algumas das inovações na área de Imunologia. Incorporada ao Programa em 1991, a área compreende estudos de doenças infecciosas, em especial as parasitárias, e trabalhos ligados ao diagnóstico e ao desenvolvimento de vacinas.

Em colaboração com a área de Bioquímica, estuda também o envelhecimento, detendo-se nas alterações imunológicas associadas a esse processo. No campo das alergias, destacam-se as colaborações com grupos farmacêuticos multinacionais para testes de novos fármacos e o pedido de patente para medicamento contra a asma, desenvolvido por pesquisadores do curso.

Já na Biologia Molecular as pesquisas tratam de temas como genética molecular humana – investigação de aspectos genéticos de doenças neoplásicas e de diferentes síndromes cromossômicas; estudos moleculares dos parasitas; e gnotobiologia.

Transferência de tecnologia e patentes

Confira alguns estudos de alunos e professores do Programa que resultaram em pedidos de depósito de patentes:

Peptídeos de escorpião como agentes hipotensivos – Pedido de concessão de patente depositado em 2003. Trata-se de uma família de peptídeos do veneno do escorpião amarelo Tityus serrulatus a serem utilizados como agentes anti-hipertensivos.

Vacina contra esquistossomose – Pesquisa realizada pelo professor Sérgio Costa Oliveira e a aluna de doutorado Fernanda Caldas Cardoso, que vêm trabalhando no desenvolvimento de vacinas contra esquistossomose e brucelose.

Uso de óleo de ouricuri para tratamento de inflamação intestinal – Trabalho desenvolvido pela professora Jacqueline Isaura Alvarez Leite, em colaboração com professores do Departamento de Química.


defesa de número 500 De autoria da aluna Joana Ferreira do Amaral, a defesa de número 500 é a tese de doutorado O papel das proteínas da dieta na maturação do sistema imune após o desmame e na infecção experimental por Leishmania major. Defendido em 18 de agosto, o trabalho foi orientado pela professora Ana Maria Caetano de Faria.