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Nº 1559 - Ano 33
04.12.2006

UFMG e PBH reúnem representantes de 20 países
para debater experiências em telessaúde

Projeto desenvolvido na capital mineira é referência para construção de modelo nacional

Ana Rita Araújo

specialistas de 20 países da América Latina e da Europa participam, esta semana, na capital mineira, de workshop que discutirá as experiências internacionais de excelência e inovação em telessaúde. Um dos casos relatados será a parceria entre a UFMG e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), tida como referência para a construção, pelo Ministério da Saúde, de um projeto nacional para a área.

Além dos relatos de cada país, haverá grupos de discussão sobre a elaboração de padrões e conectividade, utilização de recursos de telessaúde na assistência e produção de conteúdo para a formação profissional. No segundo dia do evento, serão discutidas as condições de funcionamento do Laboratório de Excelência e Inovação em Telessaúde, vinculado à UFMG e à PBH.

Modelo
A parceria entre a Universidade e a Prefeitura envolve alunos de graduação, professores, pesquisadores e profissionais de saúde que trabalham nos 76 centros municipais de saúde (de um total de 140) conectados à Rede de Telemedicina, serviço estruturado a partir de software que foi desenvolvido pelo Laboratório de Ciência da Computação (LCC) da UFMG e aplica a tecnologia do Grude, sistema que integra professores, funcionários e alunos da Universidade.

“É uma bela articulação entre universidade e serviço público”, afirma a coordenadora do Projeto BH Telessaúde, Alaneir de Fátima dos Santos, que organiza o workshop com os professores Cláudio de Souza, da Faculdade de Medicina, e Márcio Bunte, do Instituto de Ciências Exatas.

A utilização de recursos de telessaúde permite, por exemplo, que estudantes do 8o período do curso de graduação em Medicina, em estágio nas áreas de clínica médica e pediatria nos centros de saúde da Capital, participem de discussões de casos clínicos. Sob a supervisão de um professor e em contato com especialistas da Faculdade, os alunos são treinados para o diagnóstico correto. Atualmente, cerca de 70% dos casos atendidos nos centros conectados são resolvidos sem a necessidade de encaminhar o paciente para consulta com médico especialista. O Internato Rural também está integrado ao projeto de telessaúde, em seis cidades.

Outra frente de atuação do Projeto é a realização de teleconferências que envolvem profissionais da Prefeitura e pesquisadores das faculdades de Medicina e de Odontologia e da Escola de Enfermagem. No início de cada semestre é feito um levantamento dos temas a serem abordados – hoje a escolha já se dá por meio de votação on-line. A cada 15 dias, ocorrem as teleconferências, com uma hora de duração.

Cada tema é analisado por um professor da área e por profisional da Secretaria Municipal de Saúde, que traz a abordagem prática do assunto. “Reunimos os melhores professores dessas áreas com o profissional que está na ponta do sistema, em contato com o paciente”, destaca Alaneir dos Santos, ao lembrar que os trabalhadores dos centros interagem entre si e com os palestrantes convidados, por meio de chat e do recurso de teleconferência. “É um processo de formação continuada que se dá no próprio ambiente de trabalho”, reforça a coordenadora.

Eixos
O I Workshop do Laboratório de Excelência e inovação em telessaúde se estrutura em três eixos, que serão articulados por meio de grupos temáticos. No primeiro dia, haverá relatos das experiências do México, Inglaterra e Brasileira sobre a implementação de projetos nacionais de telessaúde.

Em seguida, os representantes dos 20 países se organizam em três grupos de discussão. No Grupo 1, especialistas da área tecnológica irão tratar do tema padrões e conectividade, incluindo as possibilidades de ligação com áreas remotas. É intenção do governo brasileiro levar os recursos de telemedicina para o interior da Amazônia. Pela UFMG, participam desse grupo representantes da Diretoria de Tecnologia da Informação (ATI) e do Laboratório de Ciência da Computação (LCC). Também estará representado o Intituto europeu de padrões para a área de saúde.

O Grupo 2 discutirá recursos e os desafios da telessaúde na assistência ao paciente. “Teremos uma grande mesa sobre a utilização de imagens médicas para diagnóstico”, conta Alaneir dos Santos. Também serão abordados modelos já aplicados na assistência e no acompanhamento de pacientes.

Já o terceiro grupo, que reunirá profissionais de saúde e da área tecnológica, debaterá, com base em projetos da Alemanha, Brasil, Itália e Finlândia, a produção de conteúdo para formação profissional em telessaúde. “A área pedagógica precisa incorporar essa nova dimensão”, destaca a coordenadora do evento. O Workshop é a primeira atividade do Laboratório de Excelência e Inovação em Telessaúde, criado para construir um fórum permanente na área. “O laboratório vai funcionar, sobretudo, virtualmente e com a realização de eventos nos moldes desse primeiro workshop”, explica Alaneir dos Santos.


Evento: 1o Workshop de Excelência e Inovação em Telessaúde - América Latina e Europa
Data: 7 e 8 de dezembro
Local: Hotel Mercure (av. do Contorno 7315, Lourdes)
Inscrições: pelo endereço eletrônico www.laboratoriotelesalud.com.br