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Nº 1646 - Ano 35
30.3.2009

Inflação e democracia na rede

Foca Lisboa
Beatriz Bretas

Beatriz Bretas, professora do programa de pós-graduação em Comunicação da UFMG, é uma das pesquisadoras mais ativas dedicadas ao fenômeno das interações sociais na web. Em entrevista ao BOLETIM, ela aborda o uso desse espaço entre os cientistas e sua experiência pessoal.

Como avalia o fenômeno dos blogs de ciência?
Vejo de maneira positiva. São práticas que podem permitir maior compartilhamento e expansão do conhecimento para diferentes públicos, contribuindo para democratizar a informação e a comunicação. Entretanto, penso que também é preocupante a inflação de material pseudocientífico que pode induzir leigos a interpretações equivocadas. De um modo geral, as comunidades científicas erram menos, pois sabem identificar a proveniência e a consistência das informações, verificando a vinculação institucional e científica dos produtores dos blogs.

Esse espaço é compatível para a troca de informação especializada entre pesquisadores ou é adequado apenas para o grande público e para outros fins de divulgação?
Penso que blogs podem se constituir em ferramentas eficazes para alimentar os fluxos de comunicação dos outrora chamados “colégios invisíveis” de pesquisadores, dando publicidade a trabalhos em processo para quem queira acessá-los. É uma forma dinâmica de fazer circular informações e de proporcionar diálogos. Entretanto, considero que as listas e os fóruns de discussão ainda têm importante papel a cumprir ao permitir a discussão mais específica dentro de grupos e comunidades de cientistas.

Participa de algum blog de ciência?
Como minha temática de pesquisa refere-se à comunicação mediada por computador, no grupo que coordeno (Grupo de Pesquisa sobre Interações Telemáticas – Pontogris), blogs fazem parte do conjunto de objetos empíricos nos quais observamos processos de conversação entre os participantes. Nosso foco recai sobre a participação de pessoas comuns nessas interlocuções, o que nos permite, muitas vezes, verificar a formação de comunidades em torno de vários assuntos, a partir da força agregadora demonstrada pelo autor/moderador e pelos dispositivos de interação do espaço. Também acesso blogs de colegas pesquisadores ou de grupos de pesquisa, o que me proporciona atualização muito rápida sobre trabalhos em desenvolvimento, referências bibliográficas e disponibilização de artigos acadêmicos on-line e sites selecionados. Também recorro diariamente ao Twitter, para acompanhar o cotidiano de colegas na rede.