Pensando sobre o futuro

Nascido em 1967, o Festival de Inverno é um quarentão que precisa pensar seriamente sobre o seu futuro. Depois de inspirar dezenas de eventos do gênero e reunir artistas que mais tarde criariam grupos como Corpo, Galpão e Uakti, o festival se questiona já há algum tempo se não seria um modelo esgotado para a UFMG.

Tem sido muito difícil conseguir recursos para arcar com as despesas do festival, o que naturalmente se agravou este ano, com a crise global. Mas este não é o aspecto mais importante. “Talvez a Universidade tenha cumprido seu papel com o festival e seja hora de ela abrir uma nova porta”, afirma o coordenador geral do evento, Mauricio Campomori.

Ele anuncia a realização, nos dias 20 e 21, de um seminário que vai discutir o futuro do festival. A conversa terá a participação de antigos e atuais coordenadores do evento, artistas, produtores culturais e autoridades.

Campomori ressalta que a dificuldade de captar recursos é compreensível, uma vez que o festival está, por sua própria natureza, na contramão do mercado. “Nossa tarefa é mesmo fazer diferente, mas precisamos de parceria com a iniciativa privada, para complementar os recursos públicos. Então, como devemos agir?”, indaga. O debate deve girar também em torno da possibilidade de a Universidade propor uma coisa nova, já que outros eventos seguem filosofia semelhante. Mauricio Campomori lembra que há opiniões pela manutenção do modelo atual e outras a favor de sua transformação radical. E salienta que a reflexão não precisa necessariamente levar a mudanças. “Pode ser que as conclusões do debate reforcem a função e o formato atuais do festival”, ele diz.

O seminário será dividido em quatro mesas: “Festival de Inverno – história e evolução”, “Cultura e mercado – a cultura do patrocínio”, “Outras experiências – contribuições” e “O cenário em transformação – perspectivas”. Um debate final vai produzir uma espécie de carta de conclusões, que será entregue aos candidatos nas próximas eleições para a reitoria da UFMG.