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Nº 1704 - Ano 36
9.8.2010

Saber usar para não faltar

Biblioteca Universitária reedita campanha para incentivar a correta utilização do acervo biblográfico

Mayara Caldeira*

Chris Okamoto
Livro exposto na mostra sobre obras danificadas

O papel é uma matéria orgânica que tem longevidade medida pelo desgaste natural e pelas condições ambientais de armazenamento e manuseio. Por isso, o livro, que tem o papel como insumo básico, pode durar muitos anos caso submetido a condições adequadas de conservação. Em compensação, se usado de forma incorreta, deteriora mais rapidamente e pode ter sua vida útil abreviada. Esse segundo cenário se aplica todos os anos a cerca de 1,4 mil livros do acervo do Sistema de Bibliotecas da UFMG. Nos últimos quatro anos, 5,6 mil livros foram descartados por má utilização, o que significou prejuízo de cerca de R$ 120 mil para os cofres públicos. “O livro sofre um envelhecimento natural desde que é gerado, mas temos descartado exemplares precocemente com capas fragilizadas, faltando páginas, sujos e até com manchas de alimentos”, revela a diretora da Biblioteca Universitária, Maria Elizabeth de Oliveira Costa.

Para mudar essa realidade, a Biblioteca Universitária realiza todo ano campanhas de preservação com o objetivo de conscientizar a comunidade acadêmica da necessidade de utilizar o acervo corretamente. Nas unidades do Sistema, estão sendo distribuídos, durante o mês de agosto, fôlderes e marcadores de livro com as atitudes a serem evitadas pelos usuários, como retirar o livro da estante pela lombada, apoiar os cotovelos sobre a obra, passar páginas com o auxílio de saliva, dobrar, grifar e cortar. Para a vice-diretora da Biblioteca Universitária, Rosemary Tofani Motta, trata-se de atitudes simples, mas que muitas vezes não são respeitadas pelos usuários. “Vemos livros sendo usados como guarda-chuva e jogados em porta-malas. Precisamos promover uma mudança de comportamento,” ressalta.

Durante a Semana de Recepção aos Calouros, além da distribuição de fôlderes e marcadores de livro, os alunos foram alertados pelos bibliotecários sobre essa necessária mudança de atitude e visitaram exposição de livros danificados no saguão da Reitoria. Rafael Fernandes, César Caixeta e Jonathan da Rocha, calouros do curso de Engenharia Aeroespacial, ficaram impressionados com a quantidade de obras rasgadas. “Cada usuário deve ter muito cuidado no manuseio do livro, que é de uso coletivo”, opinou Rafael.

Prejuízos

Além das baixas no acervo, o manuseio incorreto gera outro problema: o dispêndio com a encadernação dos livros danificados. No último semestre, ICB e ICEx desembolsaram cerca de R$ 8 mil para encadernar cerca de 200 livros da Biblioteca Central. Outro prejuízo é o tempo gasto para o reparo do material: pode durar até meses dependendo da danificação e do volume de livros a ser recuperado. Além disso, o livro fica fora de circulação, resultando em perdas para os usuários, pois geralmente os exemplares mais danificados são também os mais solicitados.

CDs, DVDs, jornais, fotos, mapas, partituras e filmes são outros materiais do acervo que sofrem com a falta de cuidado. “Infelizmente, o homem, que é o maior beneficiário do acervo, é também o seu principal agente deteriorador. Os usuários precisam compreender que as obras fazem parte da memória da humanidade e são representativas de uma época. Estamos cuidando de um patrimônio público,” ressalta Rosemary Tofani Motta.

Um sistema com 1 milhão de exemplares e 70 mil usuários

Composto por 27 unidades, o Sistema de Bibliotecas da UFMG possui acervo de um milhão de exemplares de diversas áreas do conhecimento. Por ano, empresta 500 mil exemplares para cerca de 70 mil usuários.

Além das obras que compõem o acervo básico de cada curso, o Sistema disponibiliza documentos considerados raros e/ou preciosos devido à sua importância histórica, literária, cultural e patrimonial. O acervo é composto por exemplares do século 16 ao 20, sendo que alguns são únicos.

As bibliotecas das faculdades de Ciências Econômicas (Face) e de Letras (Fale) funcionam em regime de 24 horas, inclusive aos sábados, domingos e feriados – exceto Sexta-Feira da Paixão, Natal e Ano Novo –, para consulta ao acervo e acesso aos terminais de computadores.