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Nº 1745 - Ano 37
22.8.2011

Farmácia em FESTA

Unidade comemora 100 anos com crescimento da produção científica e da pós-graduação

Ana Rita Araújo

Fragmentos de uma história secular que envolve mais de cinco mil alunos, centenas de professores e de servidores podem ser conhecidos em detalhes a partir desta semana. Ao completar 100 anos, o curso de Farmácia da UFMG lança livro, inaugura seu Centro de Memória e guarda no subsolo do prédio, como uma mensagem às gerações futuras, cápsula metálica que contém documentos e depoimentos sobre a trajetória da Faculdade.

Enquanto o livro registra a vida administrativa da Unidade, o Centro de Memória foi concebido como espaço capaz de proporcionar ao público informações sobre o ofício do farmacêutico e seu desenvolvimento histórico em Minas Gerais. Já o conteúdo da cápsula foi definido coletivamente pela comunidade acadêmica da Faculdade.

A programação de comemorações, que começa nesta segunda, 22, e prossegue até sábado, 27, inclui ainda o Simpósio Acadêmico de Estudos Farmacêuticos (Saef) e sessão solene da Congregação, no salão nobre da Reitoria, com homenagens a diretores, docentes, técnicos, farmacêuticos que completam 25 e 50 anos de formados e à turma do centenário. Na quarta-feira, 31, às 20h, a Faculdade será homenageada pela Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Endereços

Criado em 27 de agosto de 1911 na Escola Livre de Odontologia de Belo Horizonte, o curso de Farmácia teve sua primeira sede na Rua dos Timbiras, 1.595. O curso era ministrado em três anos e sua primeira turma teve dez alunos inscritos. Em 1919, a sede da Escola foi transferida para a Rua da Bahia, 1.500. Em 1931, já com o nome de Faculdade de Odontologia e Farmácia da Universidade de Minas Gerais (UMG), a unidade foi transferida para a Praça da Liberdade.

Em 1953, a Faculdade foi transferida para sede própria, à Rua Conde de Linhares, 7, no bairro Cidade Jardim. Dez anos depois, os dois cursos foram separados, tendo a Farmácia passado a funcionar à Avenida Olegário Maciel, 2.360. Sua transferência para o campus Pampulha ocorreu em 2004.

Em um século, o curso graduou 4.792 profissionais e pós-graduou 522 em seus cursos de mestrado e doutorado. “Esta Faculdade formou pessoas para o mercado de trabalho farmacêutico e também se tornou fonte de recursos humanos para as demandas de outras instituições de ensino e pesquisa no país”, analisa o diretor, Lauro Mello Vieira. Ele explica que a primeira base curricular do curso preparava o profissional para atuar simultaneamente com medicamentos, venenos e alimentos. Já na década de 1960 o currículo passou a ser estruturado em três habilitações distintas – medicamentos, alimentos e análises clínicas. “De 63 para cá, abrimos várias áreas de formação, incluindo farmácia hospitalar”, ressalta o diretor.

Lauro Vieira conta que o atual currículo é fruto da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, que confere às escolas certa autonomia para criação de suas grades e oferece ao aluno maleabilidade para projetar sua formação em áreas de interfaces e não estanques. “Desde então, todo o ensino superior do país optou por uma nova concepção curricular, privilegiando a formação generalista, que obriga o estudante a ter visão ampla da profissão, ao passar de forma mais ou menos rápida sobre todas as áreas”, comenta.

As mudanças advindas da implantação, em 2007, do currículo generalista coincidiram com a participação da UFMG no Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que possibilitou a criação do curso de Farmácia noturno, cuja primeira turma teve início em 2009. Ainda no âmbito do Reuni foi aberto o primeiro curso de Biomedicina em escola pública federal em Minas Gerais, também noturno, com 20 vagas semestrais.

Pós-graduação e pesquisa

Além de dois programas de pós-graduação consolidados – Ciências Farmacêuticas e Ciências de Alimentos –, ambos com mestrado e doutorado, a Faculdade de Farmácia está prestes a pôr em funcionamento seu programa de pós na área de Farmácia Social. “O de Análises Clínicas e Toxicológicas está em tramitação”, informa Lauro Mello Vieira, ao lembrar que a expansão da produção acadêmica também pode ser atestada pela duplicação do número de publicações nos últimos dez anos.

Em 2010, por exemplo, a média de publicações tipo I – livros, capítulos de livro, artigos em periódicos científicos e trabalhos completos em anais de eventos – foi de quase três trabalhos por docente, superior à média da UFMG. “O aumento significativo no número de artigos publicados ocorreu a partir de 2005, coincidindo com a consolidação dos programas de pós-graduação e com a transferência da Faculdade para o campus Pampulha”, explica o diretor. Ele ressalta que o desenvolvimento da pesquisa também sofre influência das atividades de extensão – que exigem o desenvolvimento de novas tecnologias e atualização de serviços – e da titulação do quadro docente. A Faculdade possui 70 professores, dos quais 98,6% são mestres e doutores.

Memória preservada

Em um século de existência, o curso de Farmácia reuniu peças, maquinários e equipamentos utilizados no ensino da prática farmacêutica que a partir desta semana compõem o acervo do Centro de Memória da Farmácia (CMF).

Localizado no térreo da Faculdade, o Centro possui microscópios, destiladores, balanças e seus pesos, batedeiras e medidores. Também fazem parte do conjunto documentos, livros e fotografias que registram a rotina da instituição de ensino superior em Belo Horizonte e de seu corpos docente e discente.
Segundo o organizador do CMF, professor Gerson Pianetti, sua criação atende a constante preocupação de pesquisadores nas áreas da farmácia e de história “no que concerne a temas sobre instituições escolares, culturas da escola, educação em espaços não escolares; história do currículo; formação de professores”. Pianetti explica que o acervo tem papel importante nas pesquisas sobre memórias da escolarização e processos educativos na formação dos sujeitos da educação, “especialmente aqueles interessados em debater sobre o patrimônio histórico e cultural do saber farmacêutico na sociedade brasileira”.

Já o Livro do Centenário, que será lançado esta semana, faz um estudo retrospectivo sobre a Faculdade e, de acordo com seus organizadores, testemunha o “compromisso da Unidade com o ensino farmacêutico e com a população, mostrando a preocupação e o compromisso em colocar no mercado de trabalho um profissional habilitado e capacitado para atender às necessidades da sociedade em vários níveis de atenção à saúde”.

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Prédio da Faculdade de Odontologia e Farmácia da UFMG, situado no bairro Cidade Jardim (década de 1950)

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Última sede da Faculdade de Farmácia antes de se transferir para o campus

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Prédio da Faculdade de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, em 1920, situado na Rua da Bahia, 1500

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Prédio da Escola Livre de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, situado na Rua Timbiras, no início do século 20

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Prédio da Faculdade de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, situado na Praça da Liberdade (década de 1930)