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Pesquisa analisa a criação de territórios indígenas no entorno de Belo Horizonte 

Estudo que envolveu a observação de duas aldeias da Região Metropolitana é tema do último episódio da temporada 2025 do ‘Aqui tem Ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Com o objetivo de compreender a realidade urbano-indígena e dar-lhe visibilidade, uma tese defendida no Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFMG analisa retomadas indígenas (reocupação de territórios) na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O trabalho reúne estudos de caso das aldeias Katurãma, fundada por pessoas das etnias Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe no município de São Joaquim de Bicas, e Arapowã Kakyá, que reúne indígenas Xukuru-Kariri em Brumadinho.

Autor da tese, o arquiteto e urbanista Thiago Barbosa de Campos identificou vulnerabilidades ao redor e dentro dos territórios, como insegurança, dificuldade de acessar os serviços públicos e fragilidade ambiental. Ele também aborda a capacidade dos indígenas de recuperar territórios degradados por meio de ações de preservação, processo denominado de “serviço ecossistêmico”.

“Eles são muito importantes para a preservação ambiental. Na Amazônia, por exemplo, as áreas mais preservadas são as habitadas por indígenas. Quando criam as retomadas [na RMBH] não é diferente: eles trazem sempre a ideia de viver e cuidar, ao mesmo tempo, do espaço de vida”, observa Campos.

O estudo mostra que a parceria com agentes externos é fundamental para a perpetuação das áreas retomadas. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Comissão Pastoral da Terra, e instituições universitárias como a UFMG, a PUC Minas e o Centro Universitário UniBH, além de ONGs, são exemplos de parceiros presentes nos locais retomados pelos indígenas.

Aldeia Katurãma, em São Joaquim de Bicas, na RMBH

Indigeneidade e urbanidade
Na tese, o arquiteto e urbanista defende que a indigeneidade – construção da identidade indígena – é fundamental para a constante transformação dessa população, inclusive ao entrar em contato com o ambiente urbano.

“Se queremos pensar a cidade como espaço aberto à diversidade, precisamos pensar nessa abertura para a mudança não só dos indígenas”, diz. Para Campos, a ideia de urbanidade costuma ser excludente, ao abranger processos e espaços que não incluem os indígenas. “Nós também precisamos abrir a possibilidade da cidade ser indígena, ser transformada por eles: incorporar a indigeneidade à urbanidade”, defende.

Thiago Campos propõe mudança não só dos indígenas
Acervo pessoal

Raio-x da pesquisa

Título: Retomadas indígenas na metrópole de Belo Horizonte: entre vulnerabilidades, alianças e práticas para r-existir
Autor: Thiago Barbosa de Campos
Programa de Pós-graduação: Arquitetura e Urbanismo
O que é: O pesquisador realizou estudos de caso sobre duas retomadas de terras indígenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, as aldeias Katurãma e Arapowã Kakyá. O trabalho buscou compreender a realidade urbano-indígena, reconhecer as vulnerabilidades existentes, evidenciar caminhos para a resistência (e para a reexistência), fortalecer a autogestão, incentivar o serviço autossistêmico e superar o atual imaginário político-jurídico sobre os indígenas no Brasil.
Orientador: Roberto Luís de Melo Monte-Mór
Coorientador: Philipp Horn
Ano da defesa: 2024

O episódio 209 do Aqui tem ciência tem produção e apresentação de Hugo Rezende, edição de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade. 

O Aqui tem ciência vai ao ar na frequência 104,5 FM (na Região Metropolitana de Belo Horizonte) e na página da emissora, às segundas, às 12h45, com reprises às quartas, às 17h45, e pode ser ouvido também em plataformas de áudio como Spotify e Amazon Music.

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