Busca no site da UFMG




Nº 1362 - Ano 28 - 15.08.2002

 

O poeta da inquietação

Ao comemorar seus 75 anos de fundação UFMG homenageia o poeta e professor Emílio Moura

á 100 anos, no dia 14 de agosto, nascia, na mineira Dores do Indaiá, um dos mais importantes escritores brasileiros do século XX. Para se ter idéia de sua força literária, basta lembrar que o itabirano Carlos Drummond de Andrade, cujo centenário de nascimento acontece também em 2002, costumava classificá-lo como "o poeta". Ex-diretor da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da Universidade, Emílio Moura será homenageado, ao lado do próprio Drummond e do ex-presidente Juscelino Kubitschek, durante as comemorações dos 75 anos da UFMG (veja boxe), que serão completados em setembro próximo.

Homem de indelével suavidade, como o definiu Drummond num dos inúmeros poemas dedicados ao amigo, Emílio Moura integrou o grupo mineiro que modificou os rumos da literatura brasileira. Já no início da década de 20, tempos de efervescência cultural no país, aproximou-se, além do poeta itabirano, de personalidades como Abgar Renault, Pedro Nava, Milton Campos, João Alphonsus, Gustavo Capanema e Aníbal Machado. Incansável, a turma de ilustres companheiros iniciava sua formação através da troca de experiências e discussões intelectuais. "Todos vinham de cidades do interior com grande anseio de participação intelectual e política", conta a professora Maria Zilda Cury, coordenadora da pós-graduação em estudos literários da Faculdade de Letras da UFMG.

Da turma de amigos, Emílio Moura foi o único a permanecer em Belo Horizonte durante toda a vida. Talvez por isso sua produção poética, cuja qualidade é reconhecida por diversos críticos, ainda não tenha sido contemplada com a merecida divulgação. Apesar da obscuridade na difusão da obra, o poeta participou ativamente da definição do novo perfil da literatura brasileira. Em 1925, o escritor criou, ao lado de Drummond, de Francisco Martins de Almeida e de Gregoriano Canedo, A revista, considerada a publicação-manifesto do modernismo nas Minas Gerais. "Com ela, os escritores mineiros mostraram-se para todo o país", lembra Zilda Cury.


Professor e poeta
Funcionário público e redator dos jornais Diário de Minas, Estado de Minas, A Tribuna e Minas Gerais, Emílio Moura destacou-se também como professor. Formado em Direito pela UFMG, em 1928, o poeta deu aulas de Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia da Universidade e foi um dos fundadores da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), onde assumiu a disciplina História das Doutrinas Econômicas. A respeito da incursão do poeta pela área econômica, uma das explicações está na intrínseca relação, à época, entre ética e economia. Tal proximidade explica a presença do grande poeta na Faculdade, pois a economia parecia falar a todos os homens e responder a demandas coletivas de bem-estar e liberdade.

Na poesia do escritor dorense, não só as demandas do homem moderno aparecem, como também inúmeras, e íntimas, indagações existenciais. Em seu Itinerário poético, coletânea publicada em 1969 que reúne todos os livros do autor, nota-se a constante perplexidade de Emílio Moura diante da vida. Trata-se de uma poesia de caráter místico, recheada de parênteses e interrogações acerca da existência. "Sua poesia é muito densa, e marcada por forte inquietação", assegura Maria Zilda Cury. O poeta faleceu em 1971, deixando um legado poético até hoje pouco explorado pela crítica e público brasileiros.

Com a marca da diversidade

Além da homenagem ao poeta Emílio Moura, as comemorações dos 75 anos da UFMG contam com atrações diversas. A primeira acontece no dia 1º de setembro, com um concerto na Praça São Francisco, na Pampulha. A abertura oficial das celebrações ocorre no dia 5. Às 14 horas, haverá reunião dos conselhos da Instituição e, em seguida, lançamento do catálogo do Festival de Inverno 2001. A reitora Ana Lúcia Gazzola abre as cerimônias às 16 horas. No mesmo horário, o coral infantil Cariúnas se apresenta. Para o dia, estão programados lançamentos de livros, coquetel e aberturas das exposições de Amilcar de Castro e sobre Juscelino Kubitschek.

No dia 8 de setembro, a Universidade estará no centro de Belo Horizonte através do evento UFMG no Parque, realizado no Parque Municipal. Dois dias depois, será realizado, no auditório da Reitoria, o debate Universidade Pública, com a participação da comunidade universitária. Dia 15, a partir de 8h30, acontece a estréia do projeto Domingo no Campus, com muitas atrações para os belo horizontinos. Já o dia 18 marca o relançamento, na Praça de Serviços, do projeto Quarta doze e meia, com apresentação de diversos grupos artísticos. No dia seguinte, às 19 horas, serão entregues medalhas de Honra da UFMG a ex-alunos ilustres. Ainda no mês de setembro, haverá mutirão com o tema Dia da Saúde e, no dia 28, uma seresta na Escola de Arquitetura.

Para novembro, está programado outro Domingo no Parque, além de aberturas de exposições como a do artista plástico Franz Krajcberg. Em outro domingo do mês, acontecerá o evento UFMG na feira, na avenida Afonso Pena. Outras atrações são o dia da Amizade (21), no Coltec, a Semana do Conhecimento, de 25 a 30 de novembro, e apresentação de banda de música na praça Afonso Arinos. Em dezembro, acontece a mostra final do Festival de Inverno 2002, no Conservatório UFMG, e um seminário sobre Cultura e arte contemporânea. Além disso, na Praça da Estação e no Centro Cultural UFMG, será realizado um grande evento artístico-cultural de encerramento para comemoração de diversos aniversários, como os 50 anos do Teatro Universitário, os 25 anos do Centro de Memória da Medicina, 75 anos do Hospital das Clínicas, os 40 anos do curso de Comunicação Social e os 70 anos do Diretório Central dos Estudantes (DCE).