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Nº 1423 - Ano 29 - 22.12.2003

Vestibular 2004 tem mais negros e pardos

Direito noturno registra quase 40% de candidatos de escolas públicas na segunda etapa

Maurício Guilherme Silva Jr.


ubiu de 25%, em 2003, para 31%, em 2004, o índice de candidatos ao Vestibular da UFMG que se declararam negros ou pardos, segundo apurou estudo realizado pela Comissão Permanente do Vestibular (Copeve) entre os 10.066 alunos que concorreram, na segunda etapa, às 4.594 vagas oferecidas pela Universidade em seus 46 cursos de graduação.

"Isso revela que os debates sobre inclusão social têm estimulado as pessoas a declararem sua própria raça", ressalta o professor Antônio Emílio de Araújo, coordenador geral do Vestibular da Universidade, ao explicar a razão do crescimento do percentual de candidatos que se identificaram como negros ou pardos.

Em alguns cursos, os dados indicam elevação significativa de candidatos negros e pardos na segunda etapa. Para Biblioteconomia (noturno), por exemplo, a porcentagem de classificados de cor negra ou parda passou de 40%, em 2003, para 56%, em 2004. Já em Turismo, a ampliação foi de 20% para 35%. Outros cursos, como Ciências Biológicas (noturno), Medicina e Medicina Veterinária, apresentaram aumento de 13 pontos percentuais.

Além da ampliação nos índices de auto-declaração de cor, os números revelam que, se implantada na UFMG, a política de cotas, com reserva de 20% de vagas para negros e pardos, seria inócua como forma de promover a inclusão social. Apenas um entre os 46 cursos da UFMG contou com percentuais de classificados de cor negra e parda inferiores aos 20% propostos. "Levando-se em conta que, tradicionalmente, os índices verificados entre os classificados para a segunda etapa mantêm-se quase os mesmos que os dos aprovados, podemos dizer que a vantagem das cotas perde completamente o sentido. Sem reserva de vagas, a maioria dos cursos já conta com mais de 20% de negros e pardos entre os aprovados", argumenta Antônio Emílio, para quem o principal filtro socioeconômico e racial é a primeira etapa. "Entre os classificados e aprovados na segunda etapa, a relação percentual é mais ou menos a mesma", afirma.

Escola pública

Além dos dados referentes a raça, o estudo da Copeve também levantou números sobre a classificação de alunos oriundos de escolas públicas. Embora o índice geral tenha se mantido praticamente estável (43%, em 2003, e 40%, em 2004), o levantamento da Comissão traz revelações. A mais importante é o número de classificados ao curso noturno de Direito, uma das novidades do Vestibular 2004. Em 2003, quando havia apenas a opção diurna para Direito, 22% dos classificados ao curso vieram de escolas públicas. Do total, 17% eram negros ou pardos. Para esta edição do concurso, apenas 19% dos candidatos a Direito (diurno) estudaram em instituições públicas.

Muitos dos que antes se inscreviam no curso diurno certamente passaram a concorrer às recém-criadas vagas noturnas do curso. Na opção noturna, 39% dos classificados do Vestibular são de escolas públicas. E, no que diz respeito a raça, 28% são negros ou pardos. "Esses números confirmam a idéia de que a variável socioeconômica nos cursos noturnos é superior à racial e dão força aos nossos estudos: o aumento de cursos noturnos promove inclusão social", analisa o coordenador geral do Vestibular.

Antônio Emílio refere-se ao estudo que ele e outros três professores da UFMG - Maria do Carmo Peixoto, Mauro Braga e Ricardo Fenati - coordenaram sobre democratização do acesso ao ensino superior. Com base nesse levantamento, o Conselho Universitário e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) elegeram o aumento de cursos e vagas no período noturno como opção preferencial da Universidade para favorecer a inclusão de alunos de baixa renda.

Resultado sai até 5 de fevereiro

A Copeve deverá divulgar, até o dia 5 de fevereiro, o resultado do Vestibular 2004 da UFMG, que em sua segunda etapa reuniu 10.205 candidatos, sendo 10.066 que efetivamente concorrem a uma das 4.594 vagas, e 139 treineiros, que fizeram o concurso por experiência. A segunda etapa foi realizada no período de 8 a 14 de janeiro em Belo Horizonte e Montes Claros.

O registro acadêmico dos aprovados será feito pelo Departamento de Registro e Controle Acadêmico (DRCA), de acordo com as datas fixadas no Calendário da Universidade para 2004. O candidato aprovado receberá correspondência com todas as informações sobre como realizar o registro e a matrícula.